Plínio Bortolotti integra o Conselho Editorial do O POVO e participa de sua equipe de editorialistas. Mantém esta coluna, é comentarista e debatedor na rádio O POVO/CBN. Também coordenada curso Novos Talentos, de treinamento em Jornalismo. Foi ombudsman do jornal por três mandatos (2005/2007). Pós-graduado (especialização) em Teoria da Comunicação e da Imagem pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
O presidente da Câmara foi humilhado quando o Congresso foi invadido e ocupado pela extrema direita — e ele não chamou os agentes. Agora quer pagar de defensor da democracia
Foto: Reprodução/Twitter @pastorhenriquev
O deputado federal Glauber Braga sentou na cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta, e foi retirado à força da Mesa Diretora
Inexiste justificativa para o ato do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), que ocupou a cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na tentativa de impedir a votação da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Aqui não cabe o complemento “mas”. Ele errou. Ponto final.
Mas, se não existe um “mas” para Glauber, cabe uma MAS, em letras maiúsculas, para Hugo Motta. Ele mandou cortar o sinal da TV Câmara, proibiu a entrada de jornalistas no plenário e acionou a Polícia Legislativa para retirar Glauber da cadeira.
Como polícia é polícia em qualquer instância, os agentes aproveitaram a viagem para agredir alguns jornalistas.
Motta, como de costume, depois de aprontar uma presepada qualquer, fez um discurso bonito, querendo parecer um estadista, mas conseguiu somente mostrar-se ridículo.
Em sua parlenga, Motta apresentou-se como defensor da democracia e disse que a Câmara não se curvaria a condutas do tipo, “nem hoje, nem nunca”.
Peraí, vamos rebobinar a fita para revisitar o momento em que a extrema direita (leia-se PL e partido Novo) invadiu a mesa da Câmara exigindo que Motta votasse a anistia a um chefe de organização criminosa armada, Jair Bolsonaro, segundo o STF.
Na ocasião, Motta foi humilhado por um paspalho travestido de deputado, um tal de Zé Trovão (PL), que atalhou fisicamente a passagem do presidente, impedindo-o de chegar à mesa diretora.
Quando finalmente conseguiu aproximar-se de sua cadeira, ela estava ocupada por Marcel Van Hattem (Novo-RS), que saiu do lugar quando quis. Segunda humilhação.
Ao recuperar seu lugar, Motta pediu, várias vezes, que os invasores deixassem o espaço reservado à mesa da Câmara. Ninguém se aluiu. Terceira humilhação.
Só restou a um acuado Motta sacar seu discurso, fazer pose de importante para classificar mansamente a balbúrdia como “obstrução dos trabalhos”. Choramingando, acrescentou que a rebelião comandada pelo PL “não fez bem” à casa legislativa. E só.
Naquela ocasião, os invasores ficaram dois dias impedindo o funcionamento da Câmara. Mesmo assim, Motta não convocou a Polícia Legislativa para retirar os invasores, o que deveria ter feito (mas sem bater em jornalistas).
Como vê, a polícia e a política de Motta são seletivas. Uma farsa.
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