Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
Regina Ribeiro é jornalista e leitora voraz de notícias e de livros. Já foi editora de Economia e de Cultura do O POVO. Atualmente é editora da Edições Demócrito Rocha
Na entrevista que o ex-presidente Lula concedeu ao jornalista Reinaldo Azevedo, chamou a minha atenção duas referências que ele fez às mulheres na política. As duas, por sinal, bem desencontradas.
A primeira foi quando contextualizou sua escolha por Dilma Rousseff para sucedê-lo à presidência. Contou que Dilma, quando recebia uma tarefa, entregava por cima de pau e pedra. A segunda foi quando Lula falou sobre a empresária Luiza Trajano. Fez um monte de elogios à presidente do Magazine Luiza, uma das maiores referências no varejo no Brasil, que se destaca pela inovação no setor e pela liderança em ações disruptivas no mercado de trabalho.
Quando perguntado ao ex-presidente se Trajano poderia ser seu novo “José Alencar” – empresário, que foi vice-presidente de Lula nos dois mandatos – , ele disse que não “acreditava” que Luiza deixasse sua empresa e seu trabalho para se “envolver" com política.
Ora, se a Luiza Trajano é uma empresária bem sucedida, inovadora, que alia o capital a boas práticas de mercado, em tese ela não seria alguém que deveria estar na linha de frente para uma conversa sobre como esse legado poderia ser transformador na política partidária e eletiva? Ou o Lula acha, assim como alguns outros homens da política, que esse é um território que não vale a pena para uma mulher estar? Ou entre uma mulher e um homem, é sempre melhor pensar num homem? A não ser que seja um toureiro vestido num tailleur, como a ex-presidente Dilma?
Quem conhece a história das eleições em Fortaleza sabe como o PT se comportou quando a Luizianne Lins decidiu enfrentar os caciques do partido para concorrer à prefeitura de Fortaleza. Anos antes, a primeira prefeita eleita pelo PT, Maria Luiza Fontenele havia sido expulsa do partido durante o grande imbróglio político que foi o mandato de Fontenele.
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É verdade que Fernando Haddad teve como vice na chapa em 2018, Manuela D´Ávila, e a presidente do PT é uma mulher, Gleisi Hoffmann, e o governo do PT pôs o gênero na pauta do dia e as mulheres tiveram papéis importantes. Por tudo isso a fala do Lula me pareceu descolada da realidade que o Brasil vive. Hoje, se impõe a necessidade urgente de mulheres como Luiza Trajano, com experiências diversas, atuarem na política a fim de que o País reconheça como é atrasado na forma como pensa as mulheres na gestão pública.
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