O que Mark Zuckerberg tem a ver com a geração ansiosa
Sou jornalista de formação. Tenho o privilégio de ter uma vida marcada pela leitura e pela escrita. Foi a única coisa que eu fiz na vida até o momento. Claro, além de criar meus três filhos. Trabalhei como repórter, editora de algumas áreas do O POVO, editei livros de literatura, fiz um mestrado em Literatura na Universidade Federal do Ceará (UFC). Sigo aprendendo sempre. É o que importa pra mim
O que Mark Zuckerberg tem a ver com a geração ansiosa
Livro do psicólogo social estadunidense Jonathan Haidt revela o impacto da infância diante das telas no fenômeno que ele chama de epidemia de transtornos mentais
“A geração ansiosa” foi o primeiro livro que li em 2025. Lançado no Brasil no segundo semestre de 2024, a obra apareceu na lista de Bill Gates e de Barack Obama como uma das melhores publicações do ano passado. Fiquei curiosa com essa convergência, porque a lista deles diverge bastante. Neste livro, o psicólogo social Jonathan Haidt apresenta os resultados de uma ampla pesquisa sobre o impacto das redes sociais para a chamada geração Z.
O psicólogo cruzou dados disponíveis sobre a saúde mental de estudantes no fim do Ensino Fundamental II e universitários nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido e se surpreendeu com os achados.
A partir de 2010 houve, nesses países, uma alta considerável nos índices – que passam dos 100% - de piora da saúde mental de meninos e meninas cuja puberdade havia sido enfrentada diante das telas, principalmente das redes sociais.
Ansiedade, depressão, automutilação e suicídio estão entre os problemas mais acentuados. As pesquisas apontam ainda que os estudantes não se sentem felizes na escola ou na universidade, além da pressão e insegurança que têm nas relações face a face.
Os índices de ansiedade certamente chamam a atenção. Entre americanos com mais de 50 anos, o aumento desse transtorno no período entre 2010 e 2020 chegou a 8%; na faixa etária entre 18 e 25 anos, esse índice salta para 139%. Os números não são muito diferentes para o Reino Unido e o Canadá. O mesmo acontece quanto à elevação de casos de depressão grave, suicídio e automutilação. A pandemia de Covid-19 só acelerou índices que já estavam em franca ascensão.
O que o autor chama de epidemia de transtornos mentais está circunscrita em algumas características que desenham a geração Z quanto às suas relações sociais: descorporificadas, assíncronas, as comunicações são feitas de um para muitos, com um custo baixo de entrada e saída das comunidades virtuais.
Um ponto importante nos achados de Haidt e que tem impulsionado, segundo ele, o comprometimento da infância no mundo é a negligência das empresas responsáveis pelas redes sociais, no que diz respeito ao acesso de crianças nas redes, o que as tornam vulneráveis a todo tipo de conteúdo, comparações e presas fáceis de criminosos virtuais. As meninas, de longe, são as mais afetadas nesse universo.
Ainda de acordo com o pesquisador, crianças e adolescentes passam em média de 4 a 7 horas por dia nas redes sociais. Privação de interações sociais reais, privação de sono, atenção fragmentada e vício estão entre os principais problemas que essa dinâmica causa.
Para conter tal epidemia, Haidt aponta como saídas uma infância voltada para o brincar, o fim do celular nas escolas durante as aulas, autonomia para as crianças e adolescentes criarem espaços para brincar e interagir na vida real, aumento da maioridade nas redes sociais de 13 para 16 anos, controle rígido do acesso às redes sociais. Agora, imaginem o Mark Zuckerberg preocupado com o adoecimento das crianças.
Meta: O que está por trás de decisão de Zuckerberg de abandonar checagem independente? l O POVO NEWS
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