Indígena Jenipapo-Kanindé assume chefia de gabinete em ministério
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Rubens Rodrigues é jornalista, editor de Cidades do O POVO. Nesta coluna, trata de assuntos ligados a raça, diversidade e direitos humanos. MBA em Jornalismo Digital e pós-graduando em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global pela PUCRS. Está entre o TOP 50 +Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira.
Indígena Jenipapo-Kanindé assume chefia de gabinete em ministério
Biólogo cearense Iuri Jenipapo tem 26 anos e já atuou por mais de um ano na Secretaria Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena do Ministério dos Povos Indígenas
Foto: Mrê Gavião
O indígena Iuri Jenipapo é biólogo e chefe de gabinete Segat/Ministério dos Povos Indígenas
O biológo cearense Iuri Jenipapo, de 26 anos, assumiu neste mês de julho o cargo de chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena (Segat), do
Ministério dos Povos Indígenas (MPI)
Esta é a primeira vez que o País tem um ministério voltado para os Povos Indígenas. Órgão foi criado em janeiro de 2023 e teve Sônia Guajajara nomeada como a primeira ministra dos Povos Indígenas.
.
Portaria foi publicada no Diário Oficial da União no dia 9 passado pelo secretário-executivo do MPI, Eloy Terena. Antes de ser nomeado chefe de gabinete, Iuri atuou por um ano e quatro meses como coordenador de Governança e Participação no Departamento de Gestão Ambiental, Territorial e Promoção ao Bem Viver no Segat/MPI.
Iuri é indígena do Povo Jenipapo-Kanindé, localizado em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza. Com vida marcada pela presença forte de lideranças indígenas, ele é neto de Cacique Pequena, a primeira mulher cacique reconhecida no País, e sobrinho de Juliana Alves (Cacika Irê), secretária Estadual dos Povos Indígenas do Ceará.
“Para mim, enquanto jovem indígena e biólogo, este momento representa um marco significativo na minha trajetória. Assumir este cargo, enquanto indígena, é carregar com orgulho a força da minha ancestralidade, que me guia e fortalece a cada passo”, afirma Iuri. “E, como jovem, reafirma o quanto a juventude indígena tem demonstrado competência, compromisso e eficiência na gestão pública”.
O caminho até a Esplanada dos Ministérios
Bacharel em Biologia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Iuri tem especialização em Educação Ambiental e Sustentabilidade pela Universidade Federal do Pará.
"Lembro da vó carregando a gente para um lado e para o outro no movimento indígena. Ela sempre falou da importância de estudarmos, de ir pra faculdade, porque a luta indígena iria ser diferente agora, seria com a caneta e o caderno", conta. "Hoje vejo o quanto ela sempre teve razão".
O cearense conta que durante a graduação buscou alinhar os conhecimentos científicos advindos do curso de Biologia e os conhecimentos tradicionais do seu povo: “Dediquei a maior parte da minha trajetória acadêmica nas pesquisas que tinham como base entender a importância das terras indígenas para a proteção das florestas, sobre como funcionava a gestão dos territórios indígenas e a importância da política nacional de gestão ambiental e territorial indígena”.
Em 2024, Iuri foi convidado pela secretária Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena, Ceiça Pitaguary para atuar na coordenação de Governança e Participação da Segat.
Na coordenação o biólogo acompanhava as pautas sobre a governança da política nacional de gestão ambiental e territorial indígena, “como, oficinas de governança regional da PNGATI e Reuniões do comitê Gestor da
PNGATI
A Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas foi criada para reconhecer e apoiar a gestão ambiental e territorial realizada por povos indígenas em seus territórios tradicionais. É uma política brasileira que busca fortalecer a autonomia sociocultural desses povos e garantir seus direitos territoriais.
, além de temas relacionados aos direitos de consulta livre, prévia e informada aos povos indígenas e elaboração de protocolos de consulta”.
Ele destaca que durante sua gestão na coordenação, essa elaboração de protocolos foi o carro-chefe. “Para mim, enquanto indígena, poder atuar com os povos na elaboração desses instrumentos, que são fundamentais para a defesa de seus territórios, foi de muita importância”, arremata.
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