 
          Psicóloga e psicanalista
 
          Psicóloga e psicanalista
 
            Pensar a cena contemporânea tendo como lente a invenção freudiana tem sido uma das contribuições dessas duas mulheres. Nascidas em São Paulo, psicólogas, psicanalistas, escritoras e premiadas com o Jabuti (Kehl em 2010 e Iaconelli agora em 2025) ambas demarcam a resistência da psicanálise em um tempo que insiste em publicizar prescrições performativas estandartizadas para silenciar sintomas, angústias, para fazer de conta que o mal-estar na cultura pode ser harmonizado.
Não. Não há a possibilidade de uma vida sem mal-estar, sem infelicidade. Viver no coletivo, na cultura, na civilização, implica um freio em nossos impulsos mais primitivos, mais selvagens e isso significa que a busca humana pela satisfação instintiva é constantemente frustrada pelas restrições externas da cultura, que são necessárias. Estamos muito mais aptos a vivenciar a infelicidade do que a tal felicidade. 
Aprendemos com Sigmund Freud que por sermos sujeitos de linguagem toda completude é impossível e que a ordem civilizatória aponta para um sacrifício pulsional de cada um de nós para que a civilização possa desenvolver-se, sustentar-se. Mas como as tendências destrutivas e anti-sociais demarcam a condição humana, o sofrimento é inevitável. 
Tive a alegria e o privilégio de receber Maria Rita e Vera em momentos distintos: Maria Rita, em 2020, quando do relançamento do seu livro "Ressentimento". Prontamente aceitou meu convite para o podcast Psicologia Polifônica. De lá pra cá já foram outros dois convites sendo o mais recente para uma homenagem que fizemos a ela no VII Simpósio Internacional de Psicanálise da Universidade de Fortaleza, que aconteceu em setembro.
Já Vera, foi uma das palestrantes do Mundo Unifor na semana passada e a recebemos também para uma edição especial do mesmo podcast no qual ela discorreu acerca de temas variados, da hiperconectividade, passando pelo seu último lançamento, o livro "Análise". 
Se em um artigo de 1917 intitulado " Uma dificuldade no caminho da psicanálise", Sigmund Freud nos diz que não é um impedimento intelectual mas sim afetivo o que dificulta a aceitação de suas descobertas, ou seja, alguma coisa que aliena os sentimentos daqueles que entram em contato com a psicanálise, de tal forma que os deixa menos inclinados a acreditar nela ou a interessar-se por ela, é inegável o fato de que são sempre psicanalistas os convocados para falar acerca do que acontece ao nosso redor, no nosso tempo, na nossa cultura.
 
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