Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do jornal O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade.
A posição de poder que faz com que homens se achem acima de leis e punições não depende de altos status governamentais ou políticos. Infelizmente, basta ser homem
As denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, pegaram o Brasil de surpresa um dia antes de se comemorar o Dia do Sexo. Nas conversas sobre o fato, sua veracidade e impactos, um ponto me chamou atenção quando, entre diferentes argumentos, de diferentes pessoas, escutei que o ministro, antes de assumir o cargo, “não estava em posições de poder”.
A nota da organização Me Too Brasil, que atua em defesa das mulheres vítimas de violência sexual e recebeu as denúncias, destacou: “como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional para a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”.
Antes de ocupar um dos cargos mais importantes do Poder Executivo brasileiro, Silvio foi professor universitário, de 2005 a 2023.
A “posição de poder” que faz com que homens se achem acima de leis e punições não depende de altos status governamentais ou políticos.
O que destaco, mais uma vez e de forma incansável, é como a grande maioria dos homens ainda não consegue reconhecer os locais de privilégio e poder que os acolhem diariamente. Claro, pela naturalidade histórica de como o machismo define essa hierarquia.
É caótico ter um homem, negro, ministro dos Direitos Humanos de um governo de esquerda, acusado por várias mulheres de assédio sexual. É uma pena que a direita ultraconservadora possa usar essa pauta para tornar os abismos ainda maiores e difíceis para as mulheres, vítimas diárias de abusos sexuais. Mas é importante porque mostra que assediadores estão em todos os lugares, discursos e partidos políticos.
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