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Enfermeira Clarissa é a 10ª mulher esfaqueada e morta no Ceará em 2025
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Sara Oliveira é repórter especial de Cidades do O Povo há 10 anos, com mais de 15 anos de experiência na editoria de Cotidiano/Cidades nos cargos de repórter e editora. Pós-graduada em assessoria de comunicação, estudante de Pedagogia e interessadíssima em temas relacionados a políticas públicas. Uma mulher de 40 anos que teve a experiência de viver em Londres por dois anos, se tornou mãe do Léo (8) e do Cadu (5), e segue apaixonada por praia e pelas descobertas da vida materna e feminina em meio à tanta desigualdade

Sara Oliveira comportamento

Enfermeira Clarissa é a 10ª mulher esfaqueada e morta no Ceará em 2025

A objetificação da mulher não está apenas na piada sexual sem graça, perpassa diferentes camadas de abusos e violências, até que atinge seu ápice: emprego de forma cruel ao matar, sem a possibilidade de defesa e por motivo torpe de machismo estrutural e sistema ineficiente de Polícia e Justiça
Clarissa era enfermeira no Hospital Geral de Fortaleza (HGF). O ex-namorado é suspeito do crime (Foto: Reprodução/Leitor Via WhatsApp O POVO)
Foto: Reprodução/Leitor Via WhatsApp O POVO Clarissa era enfermeira no Hospital Geral de Fortaleza (HGF). O ex-namorado é suspeito do crime

Dos 12 feminicídios registrados pela Secretaria da Segurança e Defesa Social (SSPDS) até maio de 2025, nove foram com arma branca, que são facas, canivetes e outros objetos perfurocortantes. O décimo caso - sem considerar a subnotificação - deverá ser o da enfermeira Clarissa Costa Gomes, 31, esfaqueada pelo namorado, Matheus Anthony Lima Martins, na quarta-feira, 9.

Neste ano, vimos casos de repercussão, como a morte da influenciadora Beatriz dos Anjos Miranda, 24, estrangulada pelo ex-namorado, Licio Morais da Costa, 20, com o cinto de segurança do carro; ou o da Isabele da Silva dos Santos, 31, morta asfixiada pelo namorado na frente do filho; ou ainda o caso da Simone Pereira da Silva, 43, esfaqueada no meio da rua na frente da filha.

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Ao revisar em voz alta o infográfico da reportagem do O POVO, sobre a subnotificação dos feminicídios e não tipificação correta dos crimes, finalizei indignada e aos prantos. Me ouvi descrevendo crimes bárbaros, presenciados por crianças e que tinham, em sua grande maioria, a recusa das mulheres em continuarem as relações com os homens.

Elas são esfaqueadas, asfixiadas, humilhadas, descartadas… a objetificação da mulher não está apenas na piada sexual sem graça, perpassa diferentes camadas de abusos e violências, até que atinge seu ápice: emprego de forma cruel ao matar, sem a possibilidade de defesa e por motivo torpe de machismo estrutural e sistema ineficiente de Polícia e Justiça.

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Mulheres se envolvem com homens violentos todos os dias. São muitos. A sensação de posse é algo comum, principalmente nas relações heterossexuais. Há uma sociedade que chancela o fato de o homem achar que a mulher é sua, e que considera uma afronta quando uma mulher decide terminar um relacionamento. 

Sofremos isso todos os dias, de diferentes formas. Muitos dos casos relatados descritos pela repórter Alexia Vieira na reportagem deixavam claro que as vítimas já haviam sido violentadas, humilhadas e ameaçadas anteriormente pelos acusados.

Não é uma conduta pontual de "homens fdp", como ouvi de um colega. Na verdade, faz parte do contexto estrutural do machismo e das justificativas sobre a existência de "instinto natural masculino", que um outro colega insiste em tentar me fazer entender. 

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