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Eu sempre volto para casa
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Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..

Eu sempre volto para casa

Voltar para casa é saber que terá café com tapioca na mesa, o almoço em meio a gargalhadas e o abraço em forma de aconchego
Quintal da casa começa aqui  (Foto: Tânia Alves)
Foto: Tânia Alves Quintal da casa começa aqui

Gosto de voltar para casa. De percorrer a estrada, olhar as montanhas que mudam de paisagem de acordo com o inverno ou verão; de ler as placas com os nomes dos rios e córregos ao longo do percurso. Macaco, Seco, Grande, Juré, eles me levam de volta para mim.


Faz bem observar a vida que está presente na mulher varrendo o terreiro de manhãzinha, na criança sentada na porta molhando o pão na caneca de café (apreciando a rua que nasce com o raiar do dia), do homem que tange o gado para atravessar a rodovia; ou do rapaz que leva as compras na garupa da moto, após a feira.


O movimento que percebo na fumaça das chaminés das casas isoladas ao longo do caminho me faz lembrar que voltando para casa vou encontrar o café coado, tapioca e bolo enfeitando a mesa. Chegarei em casa e serei abraçada pelo aconchego dos irmãos, sobrinhos e amigos. Posso contar com a rede armada na sala, para balançar os pés ouvindo o ranger do armador.


Terei a conversa entre risos durante o almoço, o quintal cheio de plantas que mamãe plantou e que o bisneto dela chama de floresta. Aos olhos do menino da cidade grande, a mata criada pela bisavó e cuidada pelo tio-avô é um encantamento, onde nascem borboletas, formigas e muitos passarinhos. Existe coisa mais linda do que isso?


Nesses tempos insegurança, quase não é possível sentar na calçada à noite. Mas dá para ficar na sala vendo, pelas gretas do portão, o trem passando e o apito estridente espantando carros, motos e animais sobre a linha. De quebra, ficar contando os vagões puxados pelo maquinista. Não serve para nada, mas é uma tradição que os pais até hoje passam para os filhos.

Entrada da casa: de lá é possível observar a passagem do trem(Foto: Tânia Alves)
Foto: Tânia Alves Entrada da casa: de lá é possível observar a passagem do trem


É um privilégio quando a gente tem um lugar para voltar. Nem que seja por um fim de semana. É revigorante. Mesmo que algumas pessoas queridas que amamos não estejam mais por lá, a gente sente a presença, a energia, os ensinamentos deixados por elas e agradece a Deus por ter convivido e aprendido.

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