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"O outro lado do caminho"
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Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..

"O outro lado do caminho"

Recomeços foram muitos durante este período pandêmico. Para falar do novo que permanece na vida é preciso contar sobre aprendizados a partir dos que se foram e dos que continuam por aqui
Tipo Crônica
Missas católicas durante a pandemia. Igreja de Fátima (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Missas católicas durante a pandemia. Igreja de Fátima

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Nesta manhã de fevereiro de 2022, já são 636 mil pessoas mortas no Brasil por causa da Covid-19. Eu fico imaginando aqui as marcas deixadas por cada uma delas nos que ficaram por aqui. Continuar sem elas atravessando cada ritual durante o ano: missa de 7º dia, primeiro mês, o aniversário, o Carnaval, a Semana Santa, festas de São João, o Natal, o Ano Novo... É sempre um aprendizado que aparece de forma peculiar para cada um.

Às vezes, é possível continuar tentando desimportar a perda. Procurar não lembrar ou saber onde estará aquele amor que se foi. Sem buscar aceitar o que ocorreu e permanecer por aqui ocupado com o trabalho, com a rotina, os dias, as festas, o viver. Estes aparentam coragem, mas são tímidos e fogem do encontro consigo mesmo. Tentam fugir dos recomeços, tão necessários neste período pandêmico. 

Aliás, recomeçar foi a exigência do nosso dia a dia.  De repente não se tinha mais o aconchego das salas de aula, dos encontros tão corriqueiros nos colégios, não tinha mais a algazarra dos alunos no recreio; deixavam de existir os encontros no trabalho, eram impossíveis os almoços, ir ao shopping fazer compras, ir à igreja para os cultos e missas em busca de paz. Tudo foi se reinventando num extraordinário movimento que precisa ser demarcado pela grandeza da adaptação.

E foi preciso nos reconectarmos para viver com as perdas. Reunir a nossa capacidade de continuar neste ‘mundo das criaturas’, permanecer sorrindo, dançando, mandando beijos e abraços e rezando pedindo firmeza para entender, como queria dizia o santo,  “a morte não é nada” é apenas o “outro lado do Caminho”.

Foto do Tânia Alves

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