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Saudades do Carnaval
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Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..

Saudades do Carnaval

A energia que vem da folia é profana, mas ao mesmo tempo é sagrada, pois consegue extravasar as alegrias contidas e reprimidas ao longo do ano. Não poder contar com isso, gera nostalgia
Folião brinca sozinho em Aracati. Saudade do Carnaval de forma solitária (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Folião brinca sozinho em Aracati. Saudade do Carnaval de forma solitária

Por esses dias tenho sentido saudades do Carnaval. É um desejo de festa leve, como colar as estrelinhas coloridas no rosto, ou espalhar o glitter que prega no corpo e deixa a gente um tantinho mais bonita. A nostalgia vem em pensar na alegria de juntar os amigos para os blocos, arrumar os arranjos que enfeitam os cabelos ou mesmo ir às lojas em busca de tecidos coloridos de cetim para as fantasias. Ou mesmo de criar personagens que sempre estiveram dentro da gente. Nada mais revelador do que isso.

A energia que vem da folia é profana, mas ao mesmo tempo é sagrada, pois consegue extravasar os sentimentos contidos e reprimidos ao longo do ano. E isto faz renascer.

Por esses tempos, é bom assistir aos desfiles das escolas de samba e imaginar que ali está todo um ano de trabalho. De gente sofrida, mas que sabe transmitir amor.  A apresentação na avenida une a beleza criada pelas energias de muitas mãos, numa harmonia repleta de seres diferentes, mas capaz de levar para a rua um espetáculo de grandeza inigualável.

Carnaval é tempo de buscar o amor desejado, da paixão incontida, da vontade de ficar perto, das conversas intermináveis por telefone, ou presente na mesa do bar. Folia leva à tentativa de conhecimento do outro, ali num espaço onde cabe aquele viver furtivo. A esperança é que o amor venha em forma de brincadeira, não é coisa rotineira na festa momina, mas é possível.

É impensável, mas estou com saudades de ir para os blocos, rodar no salão cantando as mesmas marchinhas de sempre. De tardezinha, ir para o mela-mela na praça e voltar para casa coberta de brancura da maisena jogada para lá e para cá, numa batalha que resulta em muitos risos e histórias para contar aos seus.

Por dois anos, estamos privados de viver estas pequenas coisas que recarregam nossos dias. Embora entenda que a parada seja necessária por conta da pandemia. Talvez, para, no próximo ano, o prazer voltar como nunca para fortalecer nosso existir. Por isso, sinto saudades do Carnaval.

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