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O que senti no Sana
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Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..

O que senti no Sana

O que move o Sana é a energia de se estar junto por uma causa, a admiração. Um sentimento bom de pertencimento. De dizer que não é sozinho por aqui. Que o outro também viu e entendeu a mensagem. É como dizer: o mundo é grande; cabe todo mundo
Tipo Crônica
Sana retornou de forma presencial em 2022 (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo)
Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo Sana retornou de forma presencial em 2022

Gosto de ir para o Sana. É um evento fora do meu mundo, que reúne uma multidão, a maioria de jovens vestidos de preto com a marca de seu herói ou vilão preferido, e que apreciam aquele universo indecifrável para mim. É bom ficar andando horas por aqueles corredores, parando aqui e ali, nos estandes de vendas, nas exposições, nas disputas de videogames, olhando para cima, quando de repente aparece uma pessoa voando de um lado para outro.

Passo pelos corredores prestando atenção nos meninos sentados em grupos próximos à parede do Centro de Eventos do Ceará compartilhando a marmita ou merenda que trouxeram para passar o dia inteiro, afinal de contas, o evento tem ingresso caro e não dá para desperdiçar nada daquele alto investimento.

Imaginei que por trás daquele gesto de partilha existia a recomendação de uma mãe, pai ou avó que arrumou o de comer, sabendo que o filho (neto) voltaria tarde da noite.

Nas três horas que passeei pelo evento, fiquei imaginado as histórias por trás dos cosplayers: se os pais investiram na compra de roupas e acessórios, se eles pouparam na merenda ou no dinheiro do ônibus para se mostrar bonito e chamar atenção dos fãs da série ou dos quadrinhos. É como vestir roupa nova para ir à última novena da festa da padroeira, ou preparar os cabelos, comprar o look mais bonito para assistir ao show da banda preferida.

Ali, no meio do evento, não importa se a fantasia é de profissional ou não. Lógico que o look profissional chama mais atenção, porém o que vale é o que emana do que se gosta, do que marcou, do que deu sentido em algum momento do pouco viver. E, nesse caldeirão, todos são iguais por um momento. Não importa se vêm lá de longe da periferia ou do lado da avenida Beira Mar.

O que move o Sana é a energia de se estar junto por uma causa, a admiração. Um sentimento bom de pertencimento. De dizer que não é sozinho por aqui. Que o outro também viu e entendeu a mensagem. É como dizer: o mundo é grande: cabe todo mundo. 

 Genki Dama: energia para o céu(Foto: Tânia Alves)
Foto: Tânia Alves Genki Dama: energia para o céu

Numa plaquinha vendida por lá vi a frase: “Em caso de Genki Dama levante as mãos”. Perguntei o que era “Genki Dama” para o meu filho. Quando chegamos em casa, ele me mostrou um trecho de um vídeo. Para que aconteça o ataque é necessária a união de muitas pessoas levantando as mãos para emanar energia para os céus e formar uma força. Nada diferente do que a gente faz rezando ou recebendo passes. Este é o ‘poder’ que está lá, que vem de lá.

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