
Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
Tânia Alves é formada em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Começou no O PCeará e Política. Foi ombudsman do ornal por três mandatos (2015, 2016 e 2017). Atualmente, é coordenadora de Jornalismo..
Os dias foram longos neste setembro de campanha política. Estamos às vésperas de uma eleição em meio a uma campanha que parece inacabável. Mas, olhando para trás, vejo que estes dias são sempre muitos parecidos uns com os outros: quentes, ventos ainda fortes e esta sensação de que as horas demoram a passar. Talvez seja a pressa de conhecer o novo, que pode ser velho e feio. Como foi o último debate transmitido pela Rede Globo. Ali, vi o quanto os candidatos e a poderosa TV estão deslocados da realidade. A gente liga a tela em busca de futuro e enxerga algumas almas pequenas se apresentando como são: tortas e assombrosas.
Dias assim, meios tensos, me fazem lembrar do que me é mais caro: o aconchego lá de casa por esta época. De minha mãe preparando comida na cozinha, onde recebia os amigos ou abrigava quem passasse para pedir uma água, dar um bom dia ou somente pelo prazer de se deliciar com as conversas daquele ambiente acolhedor. Neste período de eleição, ela ficava na calçada à noite, tecendo ponto de cruz e esperando as carreatas. Gostava de ficar contando os carros para poder dar um palpite sobre as candidaturas.
Lembro de meu pai levantando cedinho para ir à bodega, recebendo os fregueses com as brincadeiras que só os amigos sabem ter. Sentados em bancos ou em cima de surrões cheios de mantimentos, empilhados um em cima dos outros, para falar sobre o melhor candidato para a Cidade.
Lembro de meu avô materno chegando para as visitas nos sábados de feira, a gentileza de distribuir moedinhas tiradas do bolso da calça com os netos mais novinhos. Por sua crença, nunca foi capaz de contar com as próprias palavras sobre como foi expulso de sua moradia em terras alheias, após o patrão descobrir que ele votara no candidato da oposição. Preferiu, na sua retidão, ser coerente com sua consciência. Foi apoiado pelo adversário e morreu sem nunca ter um pedaço de terra. Ali, sem saber, ele foi resistência.
O meu irmão mais velho, que às vezes liga somente para conversar sobre política, diz que a criação da internet, das redes sociais, foi uma coisa boa. Ela permite trazer para a luz aquilo que estava escondido no umbral do mundo. Vindo à tona, esse processo ruim é capaz de se dissipar.
Quero enxergar assim o último debate para presidente da República nas Eleições 2022 nesse setembro quase sem fim. É necessário a mentira emergir de forma clara e transparente para que a gente possa compreendê-la perfeitamente.
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