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Crise interna no Psol reverbera durante reunião de balanço geral
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Crise interna no Psol reverbera durante reunião de balanço geral

Opositores de Técio Nunes (Psol) no partido apresentaram proposta de resolução com duras críticas ao candidato; maioria da sigla, no entanto, rejeitou a tese
Técio Nunes (PSol) foi nomeado para a Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas da gestão Evandro Leitão (PT) (Foto: Rômulo Santos)
Foto: Rômulo Santos Técio Nunes (PSol) foi nomeado para a Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas da gestão Evandro Leitão (PT)

A reunião de balanço do pleito de 2024 do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) ocorreu no último sábado,15, e reforçou embates internos da sigla. No encontro, foram apresentadas e votadas as duas resoluções que analisaram o desempenho do partido no pleito.

Uma das resoluções, proposta por parte dos segmentos do partido, incluindo o Insurgência Reconstrução Democrática, com participação de Renato Roseno, fazia uma série de críticas às decisões tomadas pela sigla. O destaque foi para a escolha de Técio Nunes como candidato à Prefeitura de Fortaleza. O texto argumentava que essa candidatura prejudicou o desempenho do partido, devido às denúncias públicas de assédio e violência política, além do processo movido pela empregada contra ele.

A minuta também ressaltou que Técio Nunes teve oterceiro maior custo por voto dentro do PSOL, chegando a R$ 78,44 por eleitor, mas, ainda assim, não conseguiu uma votação expressiva. O documento pontua que, mesmo com essa estrutura financeira, ele não atingiu nem a quantidade de votos do vereador mais votado pelo partido, Gabriel Aguiar, o que reforçou as críticas à sua candidatura e levantou questionamentos sobre a condução da campanha pelos companheiros de partido.

"A campanha começou atrasada e era constantemente alvo de notícias da imprensa pelo pouco empenho e poucas agendas, apesar de se destacar como a candidatura à majoritária com a maior quantidade de recursos da história do nosso partido no estado, representando uma desmoralização", dizia a proposta.

Por sua vez, o texto foi derrotado por 14 votos contrários e apenas sete favoráveis. Já a mensagem escolhida, que será finalizada pela comissão de síntese do PSOL, trata o pleito de maneira ampla, com foco no cenário político nacional e internacional.

Desencontro de ideias

O atual presidente do PSOL Ceará, Alexandre Uchôa, argumentou que “o texto derrotado foi uma tentativa de ataque à figura do Presidente municipal, Técio Nunes, que foge totalmente da finalidade de um balanço eleitoral”.

Em contrapartida, parlamentares de coletivos e correntes ideológicas divergentes afirmam que a resolução aprovada não tratava do cerne da reunião. “Eu estava do lado da resolução que de fato falava do balanço eleitoral de Fortaleza, que foi a eleição que nós tivemos agora. A outra resolução falava de conjuntura política nacional e internacional, não era o objeto da discussão. O objeto da discussão era o balanço eleitoral aqui do município, aqui da cidade de Fortaleza.”, afirma Gabriel Aguiar, vereador de Fortaleza pelo PSOL.

“Nós já sabíamos exatamente o resultado da votação que seria, que são dois terços com uma tese e um texto com outra. Todos os resultados de debates que ocorreram no diretório do partido vão ter esse exato resultado, porque hoje é a configuração de cadeiras”, complementa.

Os desentendimentos internos do partido foram potencializados no início deste ano, quando os atuais dirigentes – o presidente do PSOL Ceará, Alexandre Uchôa, e o diretor do PSOL Fortaleza, Técio Nunes – foram indicados para cargos de coordenadoria na gestão Evandro. Movimentos como a corrente de Insurgência Reconstrução Democrática do partido, da qual Renato Roseno participa, pedem o afastamento desses dirigentes de seus respectivos cargos partidários pela “independência” do partido.

“Continuamos com a convicção de defesa do partido, portanto, para preservar o partido, será necessário esse afastamento deles das instâncias dirigentes”, destacou o deputado estadual Renato Roseno, também do PSOL.

Em resposta, a gestão do PSOL argumenta a inexistência de uma resolução que estabeleça essa regra a nível nacional, e os debates sobre a permissão na participação no governo municipal foram adiados, com um prazo de 30 dias.

“Esses estresses, esses debates internos são muito ruins. Agora, certas coisas que ocorrem não podemos fingir que não estamos vendo, não podemos deixar passar batido. Então para manter esse legado do partido, para manter essa coerência, essa força social e ambiental que ele é hoje nacionalmente, ele precisa permanecer como um partido coerente e vinculado às pautas que defende”, finaliza o vereador Gabriel Aguiar.

por Camila Maia - Especial para O POVO

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