Futuro do trabalho: você está pronto para as habilidades além da técnica?
clique para exibir bio do colunista
Vladimir Nunan é CEO da Eduvem, uma startup premiada com mais de 20 reconhecimentos nacionais e internacionais. Fora do mundo corporativo, é um apaixonado por esportes e desafios, dedicando-se ao triatlo e à busca contínua pela superação. Nesta coluna, escreve sobre tecnologia e suas diversidades
Futuro do trabalho: você está pronto para as habilidades além da técnica?
Segundo o WEF, mais de 40% das competências atuais perderão relevância nos próximos anos
Foto: Imagem gerada por Inteligência Artificial (script próprio): Midjourney
Script usado: happy person accessing the internet, family, background black, beauty, tecno, tech, startup, tech, Photography, Shot on 70mm, Depth of Field, --ar 16:9 --v 6.0
Num mundo em rotação acelerada, onde a inovação desafia a rotina, aquilo que um dia foi vantagem competitiva virou mera formalidade de entrada. A cada salto da tecnologia, o mercado refina suas exigências. De acordo com o World Economic Forum (WEF), até 2030, não bastará mais saber operar sistemas. Será preciso pensar, conectar, interpretar e liderar.
Essa não é mais uma previsão vaga sobre robôs substituindo empregos. É uma convocação urgente para o resgate da humanidade nas relações de trabalho.
O fim da era técnica isolada: a queda do pedestal do "saber-fazer"
Durante décadas, quem dominava ferramentas e processos técnicos liderava. Ser especialista em um software, em uma linguagem ou em um protocolo bastava para se destacar. Porém, a multiplicação exponencial do conhecimento e das automações diluiu esse diferencial.
Hoje, sistemas aprendem, adaptam e operam com velocidade assustadora. Segundo o WEF, mais de 40% das competências atuais perderão relevância nos próximos anos. Em contrapartida, estão sendo valorizadas capacidades mais ligadas ao pensamento, à emoção e à capacidade de navegar por contextos complexos.
Não vencerá quem apenas executa com excelência. Vencerá quem faz perguntas improváveis e provoca recomeços.
As seis forças humanas que moldarão o profissional do futuro
Com base nas análises e relatórios recentes do World Economic Forum, emergem seis pilares que definirão o perfil mais buscado pelas organizações nos próximos anos. São competências humanas profundas, difíceis de replicar por máquinas e ainda pouco cultivadas nos modelos tradicionais de ensino.
1. Pensamento analítico: visão que penetra a neblina
O novo pensamento analítico é muito mais do que interpretar números. É a habilidade de enxergar o que está oculto nas entrelinhas, de organizar a confusão, de extrair ordem do caos. Trata-se de decifrar o invisível, percebendo relações e nuances que escapam aos olhos apressados. A mente analítica do futuro será inquieta, quase investigativa, capaz de conectar dados dispersos em uma narrativa coesa e acionável.
2. Criatividade: o ato de criar além das lógicas conhecidas
Criatividade não será um luxo artístico. Será sobrevivência. Pensar diferente, propor caminhos inéditos, combinar ideias aparentemente desconexas, tudo isso será requisito para navegar por mercados saturados e cenários incertos. Os criativos ocuparão espaços de liderança por sua habilidade de gerar soluções novas, frescas, ousadas. Eles serão os autores do futuro, não os reprodutores do passado.
3. Resiliência: habilidade de atravessar e crescer com a adversidade
Ser resiliente é mais do que resistir. É aprender com a queda, se reorganizar com mais inteligência, voltar mais forte. Em tempos voláteis, os profissionais que conseguirem manter o foco, adaptar-se rapidamente e lidar com a pressão emocional se destacarão. Eles não serão apenas resistentes ao impacto. Serão moldáveis, flexíveis e capazes de tirar energia de onde parece só haver esgotamento.
4. Liderança e influência: inspiração em movimento
A autoridade tradicional está em colapso. A liderança eficaz se expressará na capacidade de inspirar, escutar, articular grupos diversos e conduzir transformações com propósito. Os grandes líderes serão identificados não pelo cargo, mas pela sua habilidade de gerar confiança, escuta ativa e empatia em ambientes híbridos e descentralizados. Mais do que comandar, o novo líder orquestra, escuta, influencia pelo exemplo e cuida de quem está ao redor.
5. Curiosidade intelectual: fome por descobrir
Num cenário onde o conhecimento envelhece em questão de meses, a curiosidade torna-se o combustível da reinvenção. Os profissionais mais valorizados serão aqueles que mantêm viva a vontade de explorar, de questionar, de mergulhar em temas desconhecidos e buscar sentidos onde ninguém mais está olhando. A curiosidade afiada será a base do aprendizado contínuo e da adaptabilidade permanente.
Autoconsciência: saber quem se é para agir com intenção
A consciência de si mesmo, das emoções, padrões de pensamento, limites e potencialidades será cada vez mais relevante. Profissionais autoconscientes decidem melhor, constroem relações mais saudáveis, aprendem com mais profundidade e exercem influência com mais coerência. Essa competência é o que permite agir com integridade, propósito e equilíbrio em tempos de pressão e ambiguidade.
Como desenvolver essas habilidades transformadoras?
Não há atalho. Essas competências não vêm em cursos genéricos ou apostilas. Elas exigem tempo, prática, disposição para o desconforto e ambientes propícios ao desenvolvimento humano integral. Veja algumas estratégias eficazes para cultivá-las:
Participar de mentorias focadas em desenvolvimento pessoal e não apenas técnico;
Trabalhar em equipes diversas e com objetivos ambiciosos;
Receber e oferecer feedback honesto, com segurança emocional;
Investir em autoconhecimento por meio de escrita reflexiva, meditação ou psicoterapia;
Atuar em projetos interdisciplinares com alta complexidade;
Expor-se intencionalmente ao novo e ao incômodo;
Liderar voluntariamente iniciativas que exijam articulação e empatia.
O paradoxo humano do progresso
Ao contrário do senso comum, a ascensão da tecnologia não nos convida a sermos mais técnicos, mas sim mais humanos. Quanto mais o mundo se automatiza, mais raro se torna o toque humano autêntico e, por isso mesmo, mais valioso.
As máquinas podem acelerar cálculos e armazenar bilhões de dados, mas não sabem escutar o silêncio de uma equipe, ler emoções em um olhar ou criar soluções baseadas em intuição e empatia.
Aqueles que tentarem competir com as máquinas em lógica e velocidade estarão fadados à frustração. Já os que apostarem na profundidade humana serão os mais procurados pelos mercados do futuro.
Então, você está pronto?
Pare por um instante e reflita: seu desenvolvimento hoje está focado em competências técnicas ou no amadurecimento das suas capacidades humanas? Você tem sido um executor eficiente ou um pensador inquieto, curioso e consciente?
A resposta a essas perguntas talvez determine não só sua empregabilidade no futuro, mas também a qualidade de sua experiência profissional e pessoal nos anos que virão.
O futuro do trabalho não será preenchido por quem sabe muito, mas por quem sabe transformar o que sabe em valor coletivo. A chave estará na capacidade de se tornar indispensável em um mundo que muda o tempo inteiro. Esse valor não será comprado, nem herdado. Será cultivado por dentro.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.