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Prédio é interditado por risco de desabamento, mas nem todos moradores saem
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Prédio é interditado por risco de desabamento, mas nem todos moradores saem

| BAIRRO DE FÁTIMA | Algumas famílias já haviam desocupado o Edifício Modigliane, assustadas com rachaduras. Vizinhos não foram notificados
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EDIFÍCIO MODIGLIANE: falhas estruturais representam "alto risco à segurança das pessoas" (Foto: FOTOS: ALEX GOMES/Especial para O POVO)
Foto: FOTOS: ALEX GOMES/Especial para O POVO EDIFÍCIO MODIGLIANE: falhas estruturais representam "alto risco à segurança das pessoas"

O Edifício Modigliane, localizado no Bairro de Fátima, em Fortaleza, foi interditado na noite de ontem pela Defesa Civil por risco de desabamento. Mais cedo, pelo menos três famílias moradoras do prédio haviam abandonado às pressas dos apartamentos, assustadas com o aumento de rachaduras nas paredes. A Defesa Civil afixou um auto de interdição no local, informando que o imóvel apresentava "alto risco à segurança das pessoas" e "risco à vida".

De acordo com coordenador do órgão, Luciano Agnelo, apesar da gravidade, alguns moradores se recusaram a sair. "Estamos preparando uma declaração para que eles possam assinar, se responsabilizando a ficar no local. Vamos ficar no prédio durante a noite toda, acompanhando as vistorias em outros apartamentos, juntamente com a Guarda Municipal, para impedir a ação de vândalos", afirma. Ontem, moradores vizinhos ao edifício não foram notificados do risco.

De acordo com o coordenador, na noite de ontem ainda não era possível avaliar a extensão dos estragos na estrutura. Após o relatório ficar pronto, o síndico terá até 72 horas para apresentar projeto de reforma e ações de manutenção. Uma obra teve início na segunda-feira, 28, segundo moradores.

"Vimos rachaduras, dilatação de uma área do apartamento no primeiro andar e outras fissuras que foram encontradas ao longo da vistoria. Na quinta-feira vamos continuar a vistoria, tentar localizar o síndico e a empresa responsável pela reforma para receberem a notificação", completa Agnelo.

Segundo uma moradora do prédio, a Defesa Civil não dispunha de engenheiros ontem e, por isso, agendou uma vistoria mais detalhada para hoje.

De acordo com os condôminos, a construção, que fica a 100 metros da avenida Aguanambi, tem aproximadamente 30 anos. O POVO visitou o prédio e percebeu falhas na fachada e infiltrações na área externa, assim como as rachaduras no chão, teto e colunas do primeiro andar. O prédio possui três apartamentos em cada um dos seis andares. Uma unidade estaria desocupada há meses.

Moradora da unidade 101, Marta Rodrigues explicou que homens trabalhavam na reforma de uma das colunas de seu apartamento quando uma rachadura se formou em outro cômodo da casa. "Meu marido não quer sair daqui, mas eu quero. Estou morrendo de medo. Meu filho estava tomando café da manhã, quando ouviu um 'creque' e me chamou para ver outra rachadura no teto da cozinha", conta. O marido de Marta acredita que é "exagero".

O biólogo Davi Landim, morador do segundo andar do edifício, explicou que, por medo, preferiu deixar o local ainda na terça-feira, com esposa e duas filhas. "Inicialmente, tivemos a informação de que o reparo seria para arrumar apenas um vazamento. Só depois descobrimos que eram as colunas. Não vi escoras. Logo começaram a aparecer rachaduras pequenas entre as portas do nosso apartamento e um engenheiro amigo nos recomendou que fosse feita a inspeção predial", relata.

"É um prédio muito antigo, que está deteriorado por dentro e por fora. Quando começaram a quebrar, houve rachaduras nos dois primeiros andares. O elevador também empenou, está torto. Ontem (terça-feira), começou a vazar água do quinto para o quarto andar, no teto da minha cozinha. Hoje, quando fui deixar meu filho no colégio, recebi mensagens relatando novas rachaduras e então saímos", completa o professor universitário Márcio Benevides, morador do 402. (Com Jullie Vieira, Lucas Braga e Sara Oliveira).

Laudo

Uma proposta de serviço técnico foi elaborada em 23 de outubro deste ano. A vistoria teria duração de 25 dias, com entrega de laudo prevista para 10 dias úteis após a finalização. O valor a ser pago pela inspeção era de R$ 6.500.

TRAGÉDIA

No último dia 15, o Edifício Andréa, no bairro Dionísio Torres, desabou. O prédio havia iniciado uma reforma. Ao todo, nove pessoas morreram e outras sete foram resgatas com vida.

 

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