O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade Federal do Ceará (UFC) aprovou, na manhã de ontem, 2, o Plano Pedagógico de Emergência, que prevê o retorno obrigatório em 20 de julho próximo, por meio remoto, das aulas que haviam sido paralisadas pela pandemia. A medida vale para os cursos de graduação, de pós-graduação e das Casas de Cultura Estrangeira. A aprovação foi criticada por professores e estudantes, alegando, entre outros motivos, falta de diálogo e ausência de representação estudantil na reunião que aprovou a medida. O reitor da UFC Cândido Albuquerque rebate as acusações.
De acordo com o documento, cada professor ou coordenador de componente curricular deverá apresentar plano de reposição, a ser homologado por chefe de departamento ou diretor da unidade acadêmica. Nas próximas semanas, um novo calendário deve ser aprovado. A possibilidade de forma híbrida de aula, de forma presencial e remota, também é prevista. Será preciso, porém, autorização da administração superior da UFC, que considerará as orientações das autoridades sanitárias e a evolução da pandemia.
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Para Bruno Rocha, presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc), a reitoria trouxe o plano "pronto" e não houve debate para que fosse levada em conta as necessidades dos estudantes e dos professores. "Não somos críticos a planejar a retomada, mas extremamente críticos à imposição", diz Rocha, citando, por exemplo, que a distribuição de chips com plano de internet é "insuficiente". Para ele, melhor seria a adoção de um semestre paralelo, não obrigatório, com eleição de disciplinas mais possíveis de se ministrar e suspensão das matrículas até a volta das atividades presenciais. Assembleia de professores está marcada para manhã de hoje para discutir o plano.
A assembleia ainda deve discutir a ausência de representação discente na reunião que aprovou o plano, o que contraria a legislação. A ausência levou os representantes da Faculdade de Educação a se retirarem da reunião. "Fizemos esse movimento de retirada para não endossar e registrar esse o posicionamento da Faced", disse a coordenadora da faculdade, Heulália Rafante. "As aulas não podem ser substituídas por vídeo-aula. Temos princípios pedagógicos que precisam ser minimamente respeitados", acrescentou.
Para a secretária-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFC, Stefany Tavares, os estudantes foram ignorados na construção do plano. Ela cita que os estudantes analisaram "minuciosamente" a proposta apresentada, com direito a pesquisas e debates em seminário de três dias, o que foi ignorado. "Estamos tomando as medidas jurídicas e políticas cabíveis, não vamos tolerar um ditador em nossa Universidade".
Cândido Albuquerque diz que não houve participação discente porque, desde 2017, não há representação estudantil, já que a eleição foi considerada nula pela Justiça. Ele também nega ter havido imposição do plano, já que houve diálogo "completo e absoluto", com participação de todas as instâncias. O reitor creditou a tese a "forças que não querem o retorno". "São pessoas que não têm pressa, que, se você deixar, vão ficar debatendo até o final do ano", diz. "Nós temos que minimizar os prejuízos, combater a evasão escolar". Albuquerque se diz feliz com o "maior plano de inclusão digital da história" da instituição. Além da distribuição dos chips, ele cita, por exemplo, ter providenciado "o melhor" em wifi nas residências e bibliotecas. O reitor ainda estimou que 30% do contingente da universidade está terminando as atividades agora.