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Escolas adotam novos modelos de avaliação no ensino remoto
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Escolas adotam novos modelos de avaliação no ensino remoto

Autonomia das instituições é garantida pelo Conselho Estadual de Educação. Ações devem manter os alunos estimulados e evitar evasão
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Além das aulas, escolas precisaram repensar forma de avaliação dos alunos (BARBARA MOIRA/ O POVO) (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira Além das aulas, escolas precisaram repensar forma de avaliação dos alunos (BARBARA MOIRA/ O POVO)

Nos próximos dias, fará cinco meses desde que as aulas presenciais foram suspensas em todo o País, lançando desafios para a continuidade do ensino de forma remota. Entre as muitas mudanças impostas pelo novo modelo, a forma de avaliação teve que ser revista.

Na rede pública estadual, a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc-CE) deu autonomia aos gestores e educadores para as adaptações necessárias, mas estabeleceu algumas propostas tendo como base o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) nº 11/2020. Em substituição às provas tradicionais, sugere que notas sejam atribuídas a partir de projetos, pesquisas, atividades em grupo, participação e interação.

Outra possibilidade é o uso da plataforma Aluno Online, com testes construídos utilizando o Banco Estadual de Itens e Questões (BEIQ) e ferramentas Google. As aulas a distância do segundo semestre retornam na próxima segunda-feira, 10. "Até o fim do último mês de junho, a verificação da aprendizagem estava sendo realizada por cada escola, considerando o Plano de Estudo Domiciliar", informou a Secretaria.

O POVO questionou ao órgão sobre o planejamento no caso de estudantes sem acesso aos meios disponibilizados. Porém, Seduc-CE não respondeu. O plano de retomada das classes presenciais ainda está em elaboração. Conforme adiantado pelo governador Camilo Santana (PT), os responsáveis poderão escolher se envia ou não o aluno à escola. A disponibilidade de aulas remotas até o fim do ano já estava estabelecida pelo Conselho Estadual de Educação (CEE).

Na rede pública de Fortaleza, a Secretaria Municipal de Educação (SME) explica que não há avaliação dos alunos da educação infantil. No caso do ensino fundamental, o acompanhamento da evolução da aprendizagem ocorre por meio da correção das atividades domiciliares, da análise do diário de estudos, bem como, pela entrega de pesquisas, produções textuais e outras atividades propostas. Os testes escritos só devem ocorrer no retorno das atividades presenciais, caso os professores julguem necessário.

No caso de alunos sem acesso a meios digitais, "a gestão escolar dispõe de outras estratégias para promover a interação entre professores, estudantes e familiares, por meio de entrega e recebimento dos materiais didáticos, atividades, trabalhos de pesquisa, roteiros diários e de estudos, entre outros", garantiu a SME.

Custódio Almeida, conselheiro do CEE, reforça a autonomia das instituições para o ensino e avaliação. “As avaliações dependem do modo como o professor e a escola conduzem as atividades. Podem ser avaliações síncronas, de forma oral ou escrita, ou assíncronas, feitas offline, onde estudante manda o material com data e hora acertadas. O Conselho não tem entrado no detalhe sobre como fazer. A avaliação tem um modo amplo de acontecer. É para ter um retorno da aprendizagem do aluno sobre aquilo que está sendo ministrado”, pontua.

Escolas particulares

Na rede particular de ensino, a avaliação dos estudantes também foi revista e adaptada por cada escola. A Companhia da Criança, no bairro Castelão, por exemplo, avalia de forma observacional. Além disso, a produção e o que recebe nas atividades.

A diretora e proprietária da instituição, Andrea Façanha de Menezes, celebra o fortalecimento no contato com os pais. A aproximação visa tomar relatos para entender como a criança se comporta em casa, como os filhos respondem o material, quem orienta, se fazem sozinhos, se sentem dificuldade e, caso sim, em qual disciplina. Com esse aparato, a conversa entre professor e aluno é melhor direcionada a partir das dificuldades identificadas.

“Nós estamos enfrentando um momento desafiador. Crianças que eram estimuladas e assíduas nas aulas, mas que perderam os estímulo de fazer as tarefas e assistir aos vídeos”, lamenta Andrea ao relacionar o fato com o não retorno das aulas presenciais em 20 de julho, como previa o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE).

Morena Limaverde, do conselho diretor da Escola Vila, explica que a instituição tem a própria pedagogia de ensino, chamada ecossistêmica, que facilitou este momento. "A gente tem um espaço de escuta grande. Serve para entender como está caminhando a aprendizagem da criança", afirma.

"Eles fizeram autoavaliação, a turma avaliou cada aluno, se participa, se liga desliga o microfone na hora certa. Dentro desse novo modelo (aulas remotas), há critérios novos: se conseguiu construir rotina de estudo, organizou o espaço em casa para estudar".

Morena ressalta que os critérios se adaptam a depender da realidade do educando. “Eu não posso querer trabalhar com todos, generalizando. Qual é família, como está, o que passa agora, se a criança não consegue ir à todas aulas o que está acontecendo. A avaliação passa por dentro do contexto. Não posso imitar o modelo presencial, tem que criar novos critérios para se aproximar do que os alunos estão conseguindo aprender”, diz.

Origem da avaliação como conhecemos

As provas tradicionais para avaliar o rendimento é estratégia mais utilizada no mundo ocidental. O modelo foi inventado pelos franceses, no final do século 19 e começo do século 20, e aperfeiçoado pelos norte americanos, data Wagner Andriola, professor da UFC.

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