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Casos de roubo e extorsão supostamente praticados por PMs durante motim são investigados
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Casos de roubo e extorsão supostamente praticados por PMs durante motim são investigados

|SEGURANÇA| Os dois episódios ocorreram em Caucaia em 29 de fevereiro e 1º de março de 2020. Nenhum policial foi preso por esses crimes
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A lista com os 52 novos casos a serem investigados foi publicada no DOE da última quinta-feira, 24 (Foto: Aurelio Alves/ O POVO)
Foto: Aurelio Alves/ O POVO A lista com os 52 novos casos a serem investigados foi publicada no DOE da última quinta-feira, 24

Um caso de roubo e outro de extorsão que teriam sido praticados por policiais militares durante o motim de parte da corporação, em fevereiro de 2020, são investigados pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD). Ambos os episódios ocorreram em Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza). Os inquéritos seguem em andamento e sem prisões até o momento.

O primeiro caso ocorreu em 29 de fevereiro no Icaraí. Conforme o inquérito nº 323-65/2021, a residência de um advogado foi invadida e diversos objetos da casa - como um videogame, roupas de marca e relógios, foram roubados. Homens encapuzados teriam sido os autores da ação. Os criminosos ainda teriam mantido uma mulher e um adolescente de 14 anos sob a mira de armas de fogo durante a ação.

Eles invadiram o local derrubando o portão da residência com um veículo modelo Toyota Corolla, de cor branca. A investigação preliminar apontou que o carro seria de propriedade de um policial militar. Há ainda relatos no inquérito de que, dias antes, em 12 de fevereiro, policiais militares em serviço haviam feito uma busca na mesma casa, mesmo sem mandado ou situação de flagrante, e subtraído três relógios.

O segundo episódio investigado ocorreu em 1º de março, último dia da paralisação da PM, em Iparana. De acordo com o inquérito nº 323-66/2021, um grupo teria tentado invadir uma casa, na qual residia um homem que, supostamente, seria contrabandista de cigarros. O intuito do grupo seria extorquir o homem e roubar pertences da residência.

Ainda segundo o inquérito, o grupo abordou um transeunte e ordenou que ele simulasse uma entrega, tocando a campainha da casa. O dono da residência, porém, percebeu a ação através de câmeras de vigilância, assim como não tinha solicitado nenhuma entrega. Em seguida, ele passou a atirar, cerca de sete vezes, contra o grupo, que revidou os disparos. Ninguém foi ferido no tiroteio.

A Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) foi acionada, ocasião em que foi informado que três homens estavam no local efetuando disparos. No local, compareceu uma composição do Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio), que abordou o grupo. Também um oficial da PM compareceu à ocorrência. Os suspeitos se identificaram como policiais e foram liberados.

Apesar dos casos datarem de fevereiro de 2020, os inquéritos da DAI só foram instaurados em 1º de junho de 2021, apesar de O POVO ter apurado que, pelo menos, no caso do Icaraí foi aberta sindicância administrativa. O POVO perguntou à CGD se havia sido aberta investigação à época dos fatos, mas não obteve resposta.

O POVO também perguntou ao órgão se os policiais que teriam participado dos episódios foram identificados e se sofreram punições cautelares. Ainda foi perguntado se outros crimes cometidos por agentes de segurança não relacionados à adesão ao motim foram registrados durante a paralisação da PM. Também não houve respostas para essas perguntas.

Em nota, a CGD informou apenas que a DAI apura os fatos e que diligências em torno das ocorrências estão sendo realizadas. "Ante o caráter sigiloso, o órgão não pode fornecer detalhes da investigação. A CGD também determinou a instauração de procedimento disciplinar para apuração na seara administrativa", afirmou o órgão.

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