Com a circulação da Influenza A H3N2 e a introdução da variante Ômicron, o Ceará passa por mais um fim de ano de alerta. Mesmo com o avanço da vacinação contra a Covid-19, as gripes preocupam profissionais da saúde e gestores. Apesar de a população ter ficado em alerta específico para o coronavírus em razão da pandemia, as "gripes comuns" também apresentam risco principalmente para crianças e idosos. É importante lembrar que qualquer sintoma respiratório demanda atenção e cuidados redobrados, além de testagem adequada.
Especificar se os casos de Influenza A são de H3N2 e se os de Covid-19 são de Ômicron tem uma importância epidemiológica, na análise de Érico Arruda, médico infectologista do Hospital São José de Doenças Infecciosas e professor de medicina da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Universidade de Fortaleza (Unifor).
Assim é possível definir o genoma do vírus circulante e poder correlacioná-lo com as outras cepas. "É o que se chama vigilância sentinela. Que não se faz de todas as amostras mas de algumas amostras aleatórias que são encaminhadas para análise da sequência", detalha.
Apenas o exame RT-PCR (swab) permite o sequenciamento genético, visto que outros exames que detectam antígenos, por exemplo, não levam até esse detalhamento genômico. Essa análise não é relevante do ponto de vista clínico, mas é essencial para a vigilância.
Luciano Pamplona, biólogo epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), lembra que Estado está entrando no período sazonal de doenças respiratórias, quando se aproximam as chuvas. "Normalmente, um vírus se sobrepõe a todos os outros. Foi o que aconteceu com Covid-19. Quase tudo era Covid-19", recupera.
Até agora, ainda não há informação de transmissão intensa de Ômicron, mas, sim, de predominância de N3N2. "Não sabemos quanto tempo isso vai durar. Se vai ter surto de Ômicron. Por isso, é fundamental testar para que a gente conheça quais vão ser predominantes", corrobora o epidemiologista.
"Se não tivermos a clara noção de mantermos as medidas, podemos ter uma virada de ano com começo de janeiro com grande sobrecarga do sistema e possibilidade de casos graves", aponta o infectologista Érico Arruda.
Ele alerta para a importância do uso da máscara cobrindo nariz e boca e ajustada no rosto de forma a não deixar espaços para que as secreções saiam. Embora as máscaras PFF2/N95 e cirúrgica protejam mais, a de pano também protege e deve ser utilizada se for a opção acessível. "Máscaras de tecido são úteis também, quanto mais tecidos, melhor. Para quem não pode adquirir um Pff2/N95, usar uma fabricada em casa, ajuda", diz Arruda.
"A população ainda está um pouco assustada com a Covid-19 mas é importante lembrar que a gripe é importante, tão importante que a gente tem vacina. Ninguém faz vacina para doença que não é importante e é grave em crianças e idosos", afirma Luciano Pamplona. "Imaginar que qualquer sintoma respiratório as pessoas devem se isolar, não um isolamento rígido, mas aprender a cultura de que doença respiratória é grave", acrescenta.
Cuidados a serem redobrados:
Segundo o epidemiologista, "a gente vai reaprender como a Covid-19 se manifesta em pessoas vacinadas. Provavelmente vai ser mais leve e mais confundível com a gripe".
Na perspectiva do infectologista Érico Arruda, algumas festas de fim de ano que já aconteceram devem estar repercutindo no atual aumento de casos. "É provável que o que já tivemos de confraternizações, festas já esteja repercutindo nesses números", diz.
Para ele, o recomendado são encontros restritos a pequenos grupos familiares, pois "não dá pra incentivar reuniões maiores". "Não é interessante fazer confraternização de Réveillon com muitas pessoas nem festas enormes com 5 mil pessoas, ainda que sejam em lugar aberto. É importante que as pessoas poderem: será que vale a pena? Será que eu preciso disso?", questiona.
De sexta-feira a domingo (31/12 a 02/01), das 8 às 17 horas, o Posto Messejana (Rua Coronel Guilherme Alencar, s/n) seguirá ofertando exclusivamente vacinas de rotina, incluindo vacina antirrábica (para humanos).
No mesmo período, não haverá atendimento nos centros de vacinação contra a Covid-19. Caso o residente de Fortaleza tenha chegado à data limite da segunda dose nessas datas ou tenha perdido o agendamento anterior, deverá aguardar a retomada dos atendimentos, a partir do dia 03 de janeiro.