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Cerca de 97% do território do Ceará está suscetível à desertificação
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Cerca de 97% do território do Ceará está suscetível à desertificação

As vulnerabilidades climáticas do Ceará foram pauta de um eixo temático do segundo dia do seminário "Ceará pelo Clima"
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TERRITÓRIO do Ceará é suscetível à desertificação (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE TERRITÓRIO do Ceará é suscetível à desertificação

Cerca de 97% do território do Ceará está suscetível à desertificação, de acordo com Alexandre Pires, diretor do Departamento de Combate à Desertificação, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. O Estado, além disso, tem quase 50% do litoral afetado por algum tipo de processo erosivo. A questão das vulnerabilidades climáticas foram pauta de um eixo temático do segundo dia do seminário "Ceará pelo Clima", nessa terça-feira, 18, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. A convenção reuniu a sociedade civil, pesquisadores e representantes do poder público.

A desertificação provoca uma série de impactos ambientais, sociais e econômicos. Resulta, por exemplo, na degradação do solo, perda de biodiversidade e redução da capacidade de retenção de água, o que torna a terra improdutiva.

O fenômeno é impulsionado por atividades humanas, como o desmatamento e o manejo inadequado do solo, além de ser intensificado pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas.

O professor Marcelo Soares, do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (Labomar/UFC), cita que o conceito de vulnerabilidade é muito importante para o Estado do Ceará. "Nós já temos uma vulnerabilidade do ponto de vista natural devido à nossa localização, em uma área equatorial. Vamos estar mais expostos às mudanças climáticas, secas, inundações, elevação do nível do mar, ondas de calor."

Ele ainda destaca a questão da desigualdade social. Os mais pobres, de acordo com ele, são os mais suscetíveis aos impactos das mudanças climáticas. “Nós temos uma grande quantidade de pessoas em vulnerabilidade socioeconômica. Ou seja, em áreas urbanas ou rurais sem o menor tipo de infraestrutura. Então, temos que trabalhar tanto a questão da ‘adaptação’ e da ‘mitigação’.

‘Mitigação’ e ‘adaptação’; entenda os dois termos

As chuvas no Rio Grande do Sul foram um grande exemplo de como as mudanças climáticas já são uma realidade. Diante da situação, dois termos ganharam destaque: adaptação e mitigação. "Mitigação é quando a gente diminui as emissões dos gases de efeito estufa, no caso das mudanças climáticas. Quando a gente fala em ações de mitigação, a gente fala em reduzir os riscos", explica Marcelo.

“Agora, adaptação é se adaptar às condições climáticas adversas, que estão acontecendo cada vez mais, principalmente os eventos extremos. Por exemplo, várias cidades no mundo estão construindo cidades esponjas. Quando você tem uma chuva mais forte, a cidade absorve a água e não tem alagamento. Isso é uma adaptação à mudança climática”, continua.

A mitigação engloba, por exemplo, a transição energética, que busca diminuir a dependência em combustíveis fósseis. "É importante, [no entanto], que a transição seja justa e inclusiva. Ou seja, eu não posso fazer uma transição energética que impacte os mais pobres, por exemplo", cita o professor.

Povos indígenas são responsáveis pela preservação de 80% da biodiversidade mundial

Yuri Jenipapo Kanindé, biólogo e coordenador de governança e participação no Ministério de Povos Indígenas (MPI), cita a importância da demarcação de territórios indígenas na questão da conservação ambiental. "Nós, os povos indígenas, somos 5% da população mundial, mas preservamos 80% da biodiversidade mundial [de acordo com a ONU]. Isso comprova o potencial que os indígenas têm para a conservação."

"De acordo com o relatório de Mapbiomas 2020, o Brasil teve uma perda de 69 milhões de hectares de vegetação nativa [no território nacional]. Nas terras indígenas a gente teve apenas 1% de perda desse total. Isso mais uma vez comprova o papel que os povos indígenas têm na proteção das florestas", adiciona.

Na tarde de segunda-feira,17, a secretária nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena (Segat) do Ministério dos Povos Indígenas, Ceiça Pitaguary, foi uma das condecoradas com o prêmio Ambientalista Joaquim Feitosa 2024, medalha concedida a partir de indicações da sociedade civil a pessoas físicas e jurídicas que contribuam para a preservação do bioma Caatinga. 

Em seu discurso, Ceiça disse que é chegada a hora de mulheres indígenas serem reconhecidas como protagonistas no cuidado com a biodiversidade dentro e fora do território como guardiãs de saberes originários e ecológicos que sustentam a vida em nossa Mãe Terra.

"Enquanto mulher indígena do povo Pitaguary e mulher terra do bioma Caatinga da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, a ANMIGA, me sinto honrada em receber esse prêmio em nome das mulheres e meninas indígenas de hoje e das que muito lutaram e não estão entre nós”, disse. (Colaborou Gabriela Monteiro/Especial para O POVO) 

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