O Ministério da Educação (MEC) vai avaliar, anualmente, os cursos de Medicina ofertados em todo o Brasil. O Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (EnaMed) vai ser aplicado pela primeira vez em 19 de outubro deste ano. Medidas foram anunciadas ontem, 19.
O resultado sai em dezembro e já pode afetar as matrículas feitas em Medicina para 2026. Isso porque as faculdades que tiverem notas 1 ou 2 — o mínimo é 1 e o máximo 5 — podem sofrer medidas cautelares.
“O grande objetivo é melhorar a formação de médicos em todo o Brasil. Vamos ser criteriosos com todos os cursos, que vão ser supervisionados e avaliados. Vamos avaliar como está a qualidade na formação dos alunos e, consequentemente, do curso ofertado pela instituição, o que vai permitir ao MEC tomar algumas medidas”, afirmou o ministro Camilo Santana.
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Entre as medidas estão a redução de vagas para ingresso nos cursos (para quem tirou nota 2) e até a suspensão de matrícula para novos alunos (instituições com nota 1). Conceitos 1 e 2 ainda terão a suspensão de contratos via Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e ficam impedidos de participar do (Programa Universidade Para Todos (Prouni).
Antes de qualquer cautelar, porém, os cursos de Medicina vão poder se defender. Nos trinta dias subsequentes à divulgação das notas, o MEC vai procurar as instituições que podem ser sancionadas. Depois disso, as faculdades vão ter outros 30 dias para apresentar defesa.
“Outra novidade é que, a partir do próximo ano, todas as instituições que oferecem curso de Medicina no Brasil vão ser visitadas in loco pelo MEC para fazer uma avaliação mais aprofundada da oferta desses cursos em todo o País”, revelou Camilo.
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O MEC vai reavaliar as instituições no EnaMed do ano seguinte. Caso não haja melhora, o curso pode até ser extinto.
Em 2025, cerca de 96 mil alunos de Medicina se inscreveram para o EnaMed. O número é o triplo dos inscritos em 2024 — 32 mil. Isso porque MEC e Ministério da Saúde vincularam a avaliação ao Exame Nacional de Residências (Enare). Ou seja, quem quiser virar médico especialista vai precisar fazer o EnaMed antes de ingressar em uma residência.
O impacto foi imediato. Das 96 mil inscrições feitas este ano, 56 mil são de médicos já formados que não fizeram ainda o EnaMed e querem cursar residência. O número vai aumentar em 2026 porque o MEC vai começar a avaliar os alunos a partir do 4º ano.
“É uma medida muito importante para avaliar o progresso da formação do estudante de Medicina. Quando criamos o Mais Médicos, criamos junto o Teste de Progresso. É uma atitude louvável do MEC não avaliar somente os estudantes do 6ª ano, mas também do 4º ano”, avaliou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.