Do ChatGPT às respostas automáticas por mensagem de texto, a inteligência artificial (IA) parece ter se consolidado no dia a dia da população. No Brasil, três quartos das pessoas apontam que a IA faz parte do cotidiano, com 32% informando que a ferramenta segue muito presente.
O levantamento de 2025, desenvolvido pelo Observatório Fundação Itaú e pelo Instituto de Pesquisa Datafolha, objetiva a investigação do consumo, do uso e das percepções sobre a inteligência artificial em território nacional.
Os percentuais relativos à familiaridade em relação à IA também variam de acordo com as regiões dos brasileiros entrevistados. A liderança dos que afirmam já ter ouvido falar da ferramenta fica na região Sudeste do País, com 88%, seguido por 84% no Centro-Oeste, 83% no Norte, 80% na região Sul e 73% na população do Nordeste.
Inteligência artificial já pode ter consciência? O que dizem os cientistas | SAIBA MAIS
Promulgada em 2018 (Lei nº 13.709/2018), a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece as diretrizes para o tratamento dos dados pessoais no Brasil, inclusive nos meios digitais.
“Quando você conversa com um chatbot, o que você diz pode ser um dado pessoal. Sobretudo se houver conta, login, IP, cookies, voz, imagem ou qualquer outro elemento que permita identificação”, inicia o advogado Iago Capistrano, secretário-geral da Comissão de Direito Digital da OAB/CE.
O profissional ressalta que os dados pessoais podem ser considerados como qualquer informação que direta ou indiretamente permita a identificação de uma pessoa física.
“O provedor da plataforma tem que explicar claramente quais os dados coletados, para o quê, por quanto tempo, com quem serão compartilhados e em que condições, técnicas e jurídicas”, diz Capistrano. “Por exemplo, se vai ter uma transferência internacional e aqueles dados serão compartilhados no exterior”.
No caso de compartilhamento de dados fora do País, regras específicas devem ser mantidas, incluindo cláusulas contratuais padrão, avaliações de adequação e outros mecanismos previstos no Regulamento de Transferência Internacional de Dados.
Para um usuário comum, o melhor ‘teste’ da LGPD começa na política de privacidade, avalia o advogado. Esse documento é, ao mesmo tempo, uma exigência legal e uma boa prática de mercado, responsável por levar transparência ao consumidor, o dono do dado pessoal.
“A política de privacidade tem que explicar em linguagem clara, acessível, quais são os dados coletados, incluindo o conteúdo da conversa, metadados e imagens”, afirma.
Pesquisa sobre Consumo e Uso de Inteligência Artificial no Brasil - 2025 (Observatório Fundação Itaú e Instituto de Pesquisa Datafolha)
A Inteligência Artificial Generativa, ou IA Generativa, é responsável pela criação de conteúdos em áudio, vídeo, foto ou texto, a partir das instruções dos usuários. O modelo é capaz de identificar padrões e gerar uma resposta adaptada aos comandos (prompts).
Em 2023, um relatório da empresa de consultoria McKinsey apontou a consolidação da IA Generativa em áreas de marketing e vendas. Nesses espaços, argumenta o levantamento, “a comunicação por texto e a personalização em larga escala são as forças motrizes”.
Já no setor bancário, o McKinsey Global Institute estima que o modelo de inteligência artificial pode gerar um potencial anual de US$ 200 bilhões a US$ 340 bilhões, em grande parte devido ao aumento da produtividade.
No Brasil, pesquisa realizada pela Ipsos e o Google mostrou que o País ficou acima da média global no uso de IA em 2024. Enquanto a utilização geral da IA generativa chegou a 48%, a porcentagem brasileira alcançou 54%.
Os golpes envolvendo “deepfakes”, técnica que permite a alteração de vídeos e voz usando recursos da inteligência artificial, aumentaram em 822% no Brasil, segundo pesquisa da empresa de verificação Sumsub em 2024.
Nesse contexto, a Lei nº 15.123, de 24 de abril de 2025, estabelece o aumento da pena no crime de violência psicológica contra a mulher quando praticado com o uso de inteligência artificial ou de qualquer outro recurso tecnológico que altere a imagem ou o som da vítima.
Em reportagem seriada da repórter Ludmyla Barros, publicada em agosto de 2025 na plataforma O POVO +, outro aspecto da inteligência artificial e sua presença no Brasil é levantado: o mercado dos data centers.
Também conhecido como centro de processamento de dados, o termo se refere a um espaço físico onde os sistemas de uma empresa ficam concentrados. A jornalista relata que esses empreendimentos seguem alvo de discussão, considerando seu alto custo de manutenção (dinheiro e recursos naturais).
Com 189 data centers funcionando ou em planejamento, o Brasil é o 12º país com o maior número desses empreendimentos, liderando na América Latina.