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O aeroporto e a Cidade: localização, localização, localização
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O aeroporto e a Cidade: localização, localização, localização

Para os habitantes de Fortaleza e para o hub, seria melhor que ele se implantasse no entorno da Cidade, em boa conectividade com o Porto do Pecém, com as rotas de frutas e peixes ornamentais
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Ilustração para a coluna de Fausto Nilo (Foto: CARLUS CAMPOS)
Foto: CARLUS CAMPOS Ilustração para a coluna de Fausto Nilo

Quando um hub aeroviário se estabelece no foco central do território de uma metrópole, seguramente ocorrerão impactos indesejáveis à vida urbana. Se confirma o desarranjo entre os requisitos funcionais do empreendimento e os efeitos negativos para a comunidade. Ao sucesso do hub corresponderá a notável depressão urbana nas áreas adjacentes. É por essa razão que as metrópoles mundiais já não aceitam a mancha de desqualificação da vida comunitária influída pela localização de um hub e que se inicia com um raio de 4Km, podendo chegar a 10Km, conforme o êxito alcançado pelo equipamento.

Mas Fortaleza necessita saber que estes aeroportos com a função de um foco logístico, são reconhecidos como âncoras contemporâneas de potente desenvolvimento, notadamente quando assumem o papel de uma Aerotrópolis, um aeroporto concebido como uma cidade especial, sustentável, com muitos empregos em armazenagem, tecnologia, hotelaria e mistura conveniente de atividades. Como ocorreu em Frankfurt, eles são obrigados a atender a um requisito fundamental: sua implantação em zona metropolitana.

O empreendimento localizado desta maneira também promoveria a conectividade qualificada entre o aeroporto e a Cidade, aplicando um novo padrão caracterizado como um Corredor de Urbanização Orientado Pelo Transporte Público, conectando a Cidade e a Aerotrópolis, por meio de um padrão de transporte rápido apoiando visitantes e residentes.

Nesta condição pode-se ainda antecipar que 186.213 habitantes seriam altamente beneficiados com a mudança do aeroporto para a Região Metropolitana. Eles são residentes dos bairros, hoje impactados por seus "muros cegos", onde se incluem Montese (25.970 habitantes), Vila União (15.378 habitantes), Bairro de Fátima (23.309 habitantes), São João do Tauape (27.598 habitantes), Alto da Balança e Aerolândia (41.200 habitantes), Dias Macedo (12.111 habitantes), Serrinha (28.170 habitantes) e Itaoca (12.477 habitantes).

A localização atual do aeroporto é exatamente o foco geometricamente centralizado da Cidade e suas muralhas com 13,5 Km de extensão isolam as comunidades citadas. No caso de remoção do aeroporto, a zona estaria capacitada para se reconfigurar como uma Aerolândia Verde, capaz de promover a conectividade indispensável para uma cidade de planta radial concêntrica. Esta antecipação, incluída no Plano Mestre Fortaleza 2040, previu um desenvolvimento habitacional rigorosamente sustentável, ocupando a área do aeroporto removido, onde poderiam residir cerca de 70.000 pessoas, de forma acessível e sem impactos ambientais.

Esta nova comunidade urbana envolvida por um parque natural poderia ser apoiada por usos em complementaridade, com diversidade em padrões socioeconômicos, restaurando a vida comunitária, protegendo a Lagoa do Opaia e criando a condição inédita de ser amparada por agricultura urbana. Na zona do atual aeroporto, core territorial da Cidade, nasceria um bairro verde, integrador de todas as vizinhanças hoje dispersas pelas muralhas do aeroporto, e que seria capaz de incluir cerca de 70.000 novos residentes.

Assim, para os habitantes de Fortaleza e para o hub, seria melhor que ele se implantasse no entorno da Cidade, em boa conectividade com o Porto do Pecém, com as rotas de frutas e peixes ornamentais, e futuramente, com localizações de indústrias de microinformática, contribuintes fundamentais do êxito completo de um hub aeroviário, atraindo as cargas mais lucrativas invejadas por seus concorrentes.

Uma Aerolândia Verde, situada nesta zona de localização do aeroporto atual, poderia ser viabilizada, ao tempo em que o hub na região a oeste da Cidade, em proximidade de Caucaia, se tornaria seu par, na formação histórica de um sistema de importância imensurável no desenvolvimento inovador da Cidade. Este seria um fator da sustentabilidade harmônica, originando, ao mesmo tempo, uma grandiosa escala de oportunidades de empreendimentos com rigorosa condição sustentável onde os resultados beneficiariam o hub aeroviário, a sociedade local, os empreendedores imobiliários e os visitantes.

Em nossa atualidade o urbanismo indica que as localizações urbanas inadequadas são os fatores mais responsáveis pela baixa qualificação da vida em cidades. Uma vez confirmada a manutenção e os acréscimos do aeroporto em sua zona urbana atual, ocorrerão grandes prejuízos para Fortaleza. Se a Aerotrópolis vier a se implantar na Região Metropolitana, este arranjo traria benefícios urbanamente distribuídos e seria o procedimento mais justo e adequado para a Cidade, garantindo melhorias contextuais no foco central equidistante de todos os cidadãos residentes, preservando a paisagem natural, favorecendo os serviços de exportação e removendo o atual bloqueio à mobilidade urbana.

 


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