Logo O POVO+
Boca de lobo entupida de lixo causa alagamentos na avenida Carapinima
CIDADES

Boca de lobo entupida de lixo causa alagamentos na avenida Carapinima

Desobstrução de frequentes alagamentos na esquina da avenida Carapinima com a rua Juvenal Galeno começará a partir desta sexta-feira, 24
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
ALAGAMENTOS são cotidiano no local (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA ALAGAMENTOS são cotidiano no local

"A gente se molha e vai trabalhar toda molhada", reclama Ana Norma, 59, auxiliar de produção, ao enfrentar mais um dia de alagamento no cruzamento da avenida Carapinima com a rua Juvenal Galeno, no bairro Benfica, em Fortaleza

Multa por descarte irregular de lixo aumenta em Fortaleza e pode chegar a R$ 48 mil; SAIBA

O problema, causado pela obstrução de uma boca de lobo devido ao descarte irregular de lixo, provoca acúmulo de água mesmo em dias sem chuva entre dois a seis meses.

Dano afeta a rotina de pedestres, estudantes e motoristas em uma das principais vias de acesso ao campus Benfica da Universidade Federal do Ceará (UFC) e ao restaurante universitário, além de ser um corredor de ônibus.

Para ouvir relatos da população, O POVO esteve no local na sexta-feira passada, 24, e constatou ainda fios expostos de um semáforo.

"Motoristas molham você com gosto para ver o espetáculo", afirma pedestre

Júlia Parente, 21, estudante de psicologia da UFC, enfrenta diariamente o alagamento para comparecer às aulas. “Bem desagradável, porque a gente passa aqui, não sabe se vai passar um ônibus e talvez molhar a gente. Tem que passar no canto rápido. [...] Tem o mau cheiro”, relata.

O problema, segundo ela, persiste desde 2023 e se agravou. Júlia acredita que uma solução traria bem-estar para estudantes e comunidade da área, além de gerar segurança por evitar transmissão de possíveis doenças alojadas na água.

“Agora tem uma concentração maior de água, parece que está mais cheio, nem está na quadra chuvosa”, reclama.

Morador da esquina, o professor Régis Cruz, 61, sofre com as dificuldades para acessar sua garagem. “É muito ruim, porque atrapalha o trânsito. Os carros, mesmo com sinal aberto, ficam lentos, por desviarem dos buracos. Às vezes, molha as pessoas que vão trabalhar. Incomoda muito. E na escassez de água que a gente vive, todo dia ter água potável jorrando é um absurdo.”

Dirigindo carro pelo endereço, João Paulo Alves Santos, 39, pedreiro, concordou que o trânsito no local é prejudicado.

“Às vezes, passa o carro na frente, suja o para-brisa do carro, e isso atrapalha", informa. Para o motorista, há uma falta de interesse em resolver a questão, apesar dos impostos pagos pela população.

O caso vexatório arrancou risadas da pedestre Ana Norma.

“Tanto é feio, a rua toda suja, como a gente também se suja. Não pode encostar um pouco. É muito chato”, lastima.

Ela sugere medidas emergenciais para reduzir a presença de insetos, como estrutura de contenção.

"A gente passa despercebido e os carros não têm a educação de passar devagar. Eles adoram, principalmente ônibus. Eles molham você com o gosto pra ver o espetáculo", diz Angelice Custódio, 58, artesã.

Vazamento fica ao lado de um Ceja

José Idevânio Rodrigues Barros, 69, aposentado e ex-vendedor de jornais, como O POVO, estuda no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Professor José Neudson Braga, localizado ao lado dessa obstrução. 

"Você tem que segurar o cotidiano. Quem tem carro, passa de carro. Não se importa se está molhado. O carro vem com velocidade, é um tiro. Pá! Você vê? Mas quem vem à pé, se importa [...] Você fica frustrado", opina.

Ele teme que a água acumulada contenha dejetos e germes.

A coordenadora do Ceja, Verônica Lopes, 54, afirma que o problema intensificou há dois meses e afeta o deslocamento de alunos. "Esse alagamento acontece em alguns momentos, mas igual a este ano nunca tinha acontecido", conta.

"Aqui é uma escola de jovens, adultos e idosos. Já imaginou um idoso, que tem mais risco, levar uma queda?", se preocupa. 

De acordo com Isaac Barbosa Xavier, 46, motorista de aplicativo nas horas vagas e instrutor de aprendizagem industrial, o problema piorou há 15 dias, dando brecha para acidente e congestionamento.

"É horrível. Suja os pés do piloto e do passageiro. O passageiro reclama com a gente. O vazamento é ilícito", reclama o motociclista entre uma viagem e outra.

Já Ana Paula Targino, 50, gestora, considera um absurdo a situação e defende melhorias na acessibilidade do local, para que pedestres possam atravessar a via com segurança, sem o risco de cair em bueiros abertos ou desníveis na pista.

"Quem é deficiente como eu, para ter acessibilidade para atravessar, dificulta", assume.

Um casal em situação de rua, sob identidades preservadas, classificaram a cena como uma questão sanitária grave e passível de denúncia.

O que diz a Prefeitura 

Em nota ao O POVO, a Coordenadoria Especial de Apoio à Governança das Regionais (Cegor) informou que uma equipe foi enviada ainda na sexta-feira passada para iniciar a desobstrução do equipamento, com apoio da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC).

O serviço deve se estender ao longo desta semana, por não ser considerado um procedimento simples. De acordo com a Prefeitura, a água que jorra da rua seria do lençol freático e não seria água de esgoto.

Após a limpeza, a Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) realizará os reparos necessários no asfalto. A gestão municipal reforça a importância da população colaborar, evitando o descarte de lixo em locais inadequados.

"O material descartado de maneira inapropriada pode ser levado pela água e ocasionar a obstrução do sistema de drenagem pluvial da cidade", destaca a nota.

A Secretaria Regional 4 esclarece que uma antiga banca localizada na calçada, inutilizada e não autorizada, foi removida para desobstruir o fluxo de pedestres.

A AMC acrescenta que, após inspeção, constatou que o grupo focal de pedestres da rua estava inoperante devido a vandalismo. O equipamento já voltou a funcionar normalmente.

Alerta

A gestão municipal reforça a importância da população colaborar, evitando o descarte de lixo em locais inadequados

O que você achou desse conteúdo?