O transporte por aplicativo, que em 2020 estava presente em 13 municípios do Ceará, agora funciona em 32. Quase triplicou o número de cidades com esse tipo de serviço em cinco anos. O dado é da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2024, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem, 31.
A pesquisa traz informações sobre a estrutura organizacional, instrumentos de gestão, perfil dos gestores, serviços oferecidos e legislações específicas da administração pública dos 5.570 municípios do Brasil.
Dos 184 municípios do Ceará, apenas 52 ofertam ônibus intramunicipais para a população — aqueles que fazem rotas dentro dos limites da cidade.
Em 2020, última vez em que a pesquisa divulgou informações sobre transporte e mobilidade urbana, o Ceará tinha 38 cidades com ônibus intramunicipal. O aumento foi de 14 cidades, o que equivale a 38%.
Fortaleza e Acopiara foram os únicos municípios que não informaram se tinham ônibus intramunicipal no questionário da pesquisa. Fortaleza, no entanto, tem uma frota de cerca de 1.200 coletivos.
Outros 26 municípios cearenses informaram não possuir transporte coletivo por ônibus intramunicipal, mas eram atendidos por ônibus intermunicipais que também permitiam o deslocamento entre bairros, distritos e localidades dentro do município.
Entre os municípios que tem esse modo de transporte, 11 prestavam o serviço diretamente e 15 não tinham o serviço regulamentado. Cerca de 27% das cidades que oferecem ônibus intramunicipal tem a concessão como tipo de regulamentação jurídica utilizada.
O modal mais comum às cidades do Ceará ainda é a moto, através do serviço de mototáxi, funcionando em 175 municípios.
As vans estão disponíveis como transporte regular em 161 municípios. Os táxis são registrados em 157 cidades. Barco (6), metrô (4), trem (3) e avião (4) são os serviços presentes na menor quantidade de municípios. Potiretama e Palhano afirmaram na pesquisa que não têm nenhum serviço de transporte regular nas cidades.
Para Ademar Gondim, chefe do Departamento de Engenharia de Transporte da Universidade Federal do Ceará (UFC), os números mostram um contraste entre o “mundo legal e o mundo real” das necessidades de deslocamento dos cidadãos.
Os mototáxis, aplicativos de transporte e até mesmo lotações informais são respostas à inflexibilidade dos modais formais, como o ônibus, ou a uma gestão pública do transporte ineficaz.
“Você não pode obrigar, por exemplo, uma pessoa que quer viajar 14h da tarde a esperar até 18 horas. Ela chama o mototáxi e ele leva. Usa quem tem pressa, quem acha que é mais rápido. Nós temos que cuidar do anseio do cidadão”, afirma.
Ele acredita que padronizar o serviço de transporte sem levar em consideração as particularidades e demandas da população de cada cidade é inefetivo. "Os veículos e as vias existem para resolver o problema das pessoas", diz.
Seis cidades do Ceará têm projetos de gratuidade no transporte público para todos os usuários, de acordo com a Munic 2024. São elas Aquiraz, Caucaia, Eusébio, Jucás, Quixeré e Umirim.
Eusébio tem passagem gratuita para a população desde 2010. Aquiraz (2018) e Caucaia (2021) seguiram o mesmo caminho alguns anos depois.
O projeto de Jucás ocorre desde 2013 e se chama ônibus social. Ele realiza rotas pela sede e alguns distritos do município de forma gratuita.
A gratuidade da tarifa de ônibus é oferecida para idosos e crianças menores de cinco anos em 17 cidades. Pessoas com deficiência têm gratuidade em 13 municípios e estudantes da escola pública em 12.