Logo O POVO+
Fundo para florestas criado na COP30 ultrapassa US$ 5,5 bilhões
Comentar
CIDADES

Fundo para florestas criado na COP30 ultrapassa US$ 5,5 bilhões

A proposta é captar US$ 125 bilhões. Noruega segue na liderança ao anunciar a intenção de investir US$ 3 bilhões
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar
O anúncio sobre o aporte da Noruega foi feito pelo primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store  (Foto: Ricardo STUCKERT/PR/AFP)
Foto: Ricardo STUCKERT/PR/AFP O anúncio sobre o aporte da Noruega foi feito pelo primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund), conhecido mundialmente como TFFF, alcançou no primeiro dia de operação mais de US$ 5,5 bilhões. Entre os 53 países que assinaram endosso ao novo mecanismo econômico lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira, 6, na Cúpula do Clima, em Belém, a Noruega anunciou o maior aporte, com US$ 3 milhões.

Outros que já divulgaram cifras sobre a adesão ao financiamento foram o próprio Brasil, com US$ 1 bilhão, e a Indonésia, com o mesmo montante, França com 500 milhões de euros e Portugal, com um milhão de euros. Demais países não haviam confirmado os valores.

A iniciativa, considerada pelos governistas brasileiros como o maior legado da COP30, busca criar um mecanismo financeiro internacional para recompensar países que preservam suas florestas tropicais, consideradas essenciais para o equilíbrio climático do planeta. O fundo será administrado pelo Banco Mundial sob os princípios de justiça climática e corresponsabilidade, com aportes voluntários de nações desenvolvidas, bancos multilaterais e do setor privado.

A proposta do Brasil é garantir pagamentos permanentes pela manutenção da cobertura florestal, rompendo com o modelo tradicional de créditos de carbono. Lula destacou, ainda, que a preservação das florestas deve ser vista como um serviço ambiental global, e não como uma obrigação restrita aos países do Sul Global.

Durante coletiva, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) ressaltaram que o fundo é uma resposta prática ao discurso de cooperação internacional em torno da transição ecológica.

Haddad afirmou que “não se trata de caridade, mas de investimento no futuro comum da humanidade”. Ele informou que a meta de US$ 10 bilhões deve ser alcançada bem antes do esperada. Para isso, Lula tem feito reuniões bilaterais no próprio evento, como com a União Europeia, França e Reino Unido, e se comprometeu a ligar, pessoalmente, para outros chefes de estado que não estão presentes. A grande expectativa é o anúncio, nesta sexta, 7, da Alemanha.


Marina destacou que o Brasil “não quer apenas preservar, quer inspirar um novo pacto de civilização com base na floresta em pé”. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, reforçou que os povos originários devem estar no centro da governança do fundo, como guardiões históricos da Amazônia.

A mestre em economia e especialista em economia internacional, Cristiane Mancini, explica que esse capital, que pode vir de governos, empresas e fundações, será reinvestido em projetos com maior taxa de retorno, e a diferença entre a remuneração aos investidores e o que é obtido nessas aplicações (spread) repassará aos países que preservam suas florestas tropicais, proporcionalmente à área conservada.

Para ela, o fundo traz o Brasil como um país não somente de compromisso, mas de ação e de diplomacia. “Apesar da positividade que o fundo traz, existem questões obscuras, a se certificar, como a dependência de investidores privados; a possível desigualdade na distribuição dos recursos; garantia de que seja destinado efetivamente às comunidades que protegem as florestas; e a falta de critérios claros e rígidos”, analisa.

Ademais, os países detentores de florestas tropicais podem ficar em desvantagem, pois o maior número de patrocinadores são países desenvolvidos, o que pode gerar desigualdade e poder de decisão, observa a economista.

Nova economia verde

O lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) marca um avanço histórico na forma como o Brasil e o mundo passam a enxergar as florestas, não apenas como áreas de conservação, mas como infraestrutura vital para o equilíbrio climático global, de acordo com Daniel Caiche, professor do MBA de ESG e Sustentabilidade da Faculdade Getulio Vargas (FGV).

“Essa proposta liderada pelo Brasil sinaliza uma nova economia verde, capaz de transformar a preservação em ativo financeiro e social, gerando fluxos permanentes de recursos para os países e comunidades que mantêm suas florestas em pé.

Como especialista em carbono e políticas ambientais, Daniel vê o TFFF como uma virada de chave, por unir visão de longo prazo, governança e inovação financeira. O fundo reconhece que as florestas tropicais são essenciais à regulação climática, à segurança hídrica e à agricultura sustentável.

“Ao mesmo tempo, impõe o desafio de garantir transparência, métricas robustas e mecanismos de verificação (MRV) que assegurem resultados reais e permanentes.

O protagonismo brasileiro neste momento reforça nossa capacidade de liderar soluções baseadas na natureza, conectando conservação, bioeconomia e desenvolvimento de baixo carbono”, observa.

Para ele, se bem estruturado, o TFFF pode tornar-se um modelo global de como a floresta em pé gera valor, renda e estabilidade climática, projetando o Brasil como referência em inovação ambiental e governança climática.

Nova economia verde

O lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) marca um avanço histórico na forma como o Brasil e o mundo passam a enxergar as florestas, não apenas como áreas de conservação, mas como infraestrutura vital para o equilíbrio climático global, de acordo com Daniel Caiche, professor do MBA de ESG e Sustentabilidade da Faculdade Getulio Vargas (FGV).

"Essa proposta liderada pelo Brasil sinaliza uma nova economia verde, capaz de transformar a preservação em ativo financeiro e social, gerando fluxos permanentes de recursos para os países e comunidades que mantêm suas florestas em pé.

Daniel vê o TFFF como uma virada de chave, por unir visão de longo prazo, governança e inovação financeira: "Ao mesmo tempo, impõe o desafio de garantir transparência, métricas robustas e mecanismos de verificação (MRV) que assegurem resultados reais e permanentes. O protagonismo brasileiro neste momento reforça nossa capacidade de liderar soluções baseadas na natureza, conectando conservação, bioeconomia e desenvolvimento de baixo carbono".

Para ele, o TFFF pode virar um modelo global de como gerar valor, renda e estabilidade climática, projetando o Brasil como referência em inovação ambiental e governança climática.

O que você achou desse conteúdo?