Crianças e adolescentes seguem sendo as principais vítimas de crimes sexuais no Ceará. Conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), 1.344 crianças e adolescentes de até 14 anos foram vítimas de abuso sexual em 2021. É 69% do total de 1.947 casos de violência sexual registrados no Ceará no ano passado — o que dá uma média de cinco episódios por dia.
O número ainda representa um aumento de 6,4% na comparação com os 1.829 crimes sexuais registrados em 2020. Para a SSPDS, o aumento se deve "principalmente, ao incentivo a denúncias".
As estatísticas da SSPDS representam a soma de todas as vítimas de casos de estupro, estupro de vulnerável e exploração sexual de menor. Os números também mostram que a ampla maioria das vítimas em 2021 foram do sexo feminino: 88% das vítimas são meninas e mulheres. Dos 229 casos em que a vítima era do sexo masculino, 172 eram meninos até 14 anos — o que representa 75% do total.
As estatísticas ainda revelam que, entre as vítimas com mais de 18 anos, preponderam aquelas com baixa escolaridade. Eram 114 (23,3% do total) apenas alfabetizado e 84 (17,2%) com ensino médio incompleto. Na outra ponta, 21 (4,3%) tinham ensino superior completo. Já com relação à raça, a maioria das vítimas não teve esse quesito indicado: 69,4%. Entre aquelas que foram identificadas, porém, pessoas negras são a maior parte: 447 foram identificadas como pardas (23% do total) e 17 como pretas (0,9%). Foram 129 vítimas identificadas como brancas — 6,6% do total.
Em nota, a SSPDS destacou que janeiro deste ano apresenta uma redução no número de crimes sexuais na comparação com janeiro do ano passado: foram 111 casos, contra 156 de janeiro de 2021. Foi o mês com menos registros desde abril de 2020, ápice do isolamento social naquele ano, que teve 88 casos.
"A Secretaria da Segurança ressalta que os casos registrados entre os anos de 2020 e 2021 se devem principalmente ao incentivo a denúncias", diz a nota. "É por meio da comunicação do crime às instituições policiais que as investigações iniciam, visando a identificação e a autoria dos crimes, bem como a compilação fiel de dados estatísticos".
A SSPDS ainda reforça que desenvolve um trabalho especializado para combater crimes sexuais em todo o Estado, sobretudo, a partir da Policia Civil. Na Capital, há a Casa da Mulher Brasileira, que reúne equipamentos como Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Ministério Público e Defensoria Pública.
Há DDMs em Caucaia, Maracanaú, Pacatuba, Crato, Juazeiro do Norte, Sobral, Iguatu, Icó e Quixadá. Mas, em municípios sem DDMs, as denúncias podem ser feitas em qualquer delegacia. A Secretaria reforçou haver frequentes treinamentos "visando proporcionar um atendimento especializado a esse tipo de ocorrência".