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Histórias de profissionais que atuam dia a dia na luta contra o coronavírus
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Histórias de profissionais que atuam dia a dia na luta contra o coronavírus

| Em busca da cura| Assistentes sociais, enfermeiros, fisioterapeutas e médicos e são alguns dos profissionais que, todos os dias, se enchem de coragem para enfrentar horas exaustivas de trabalho no combate ao coronavírus
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Rebeca Alves, fisioterapeuta intensivista DOM 26.04 (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Rebeca Alves, fisioterapeuta intensivista DOM 26.04

Foi no dia 15 de março, a primeira confirmação por infecção de coronavírus no Ceará. Sem respostas, sem vacina, sem cura, a Covid-19 mudou a rotina das pessoas e colocou todos diante de um dos maiores desafios desta geração. Se por um lado todos se afastavam, um grupo era chamado a se aproximar do desconhecido. Médicos, enfermeiros, maqueiros, auxiliares, foram os profissionais que precisaram chegar à linha de frente para salvar vidas.

"Os profissionais da linha de frente estão abalados psicologicamente, pois existe um constante medo de contrair o vírus. Além do isolamento social, nos vemos obrigados a ficar afastados de familiares, por nossa exposição direta", relata a fisioterapeuta intensivista Rebeca Alves, 29. E apesar das circunstâncias, ela também fala em esperança.

Neste domingo, O POVO traz essa e outras histórias de doação. Da médica paliativista e geriatra Ianna Lacerda, 41, que depois do expediente extenuante em duas instituições, chega em casa para amamentar a filha de um ano usando máscara.

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De Miguel Mayer Vaz, 27, médico de família, que trabalha em comunidades carentes de Fortaleza vê a tristeza do desamparo coexistindo com a esperança da solidariedade. Há ainda a pergunta do médico intensivista Weiber Xavier: em 2018 trouxe o questionamento nas páginas do O POVO sobre estarmos ou não prontos par uma nova pandemia. Dois anos depois, a resposta chegou amarga e, no mundo todo, nós vimos que não.

Tem ainda a saudade sentida pela Ana Francisca Torres Feijó, 37, enfermeira em um hospital no Meireles, um dos bairros mais infectados de Fortaleza. Longe dos filhos e do esposo há um mês, ela pensa que diante de tudo isso, precisamos todos aprender.

Nesses quase dois meses de enfrentamento, há muito mais nuances entre os dias bons ou ruins para esses profissionais. O luto e a alegria podem ser substantivos de um mesmo instante. Na linha de frente, é preciso ter coragem, mas mais que isso, é preciso ter apoio. Por trás dos números e dos protocolos, há pessoas enfrentando horas exaustivas de trabalho, hostilidade em ambientes, distância de familiares, dificuldade de sono. Tudo isso para ver a cura acontecer.

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Foto do médico doutor Weiber Xavier. (Divulgaçao)
Foto do médico doutor Weiber Xavier. (Divulgaçao)

Médico Weiber Xavier: Enfrentando os dias ruins para poder viver os momentos bons

Não é tão simples dividir os dias de trabalho em bons ou ruins. Na noite do dia 22 passado, a sensação do médico intensivista Weiber Xavier era de benção. Dois dos pacientes com sintomas muito graves de Covid-19 estão melhorando. Após 20 dias na unidade de tratamento intensivo (UTI), eles poderão ser realocados para os apartamentos e, em breve, para casa.

Weiber se agarra aos "indescritíveis" momentos de gratidão e alegria do encontro entre familiares e pacientes para permanecer forte nos dias de trabalho que acumulam mais adjetivos tristes que felizes. Medo, ansiedade e frustração preencheram o vocabulário dos profissionais de saúde que, além de exaustos, encaram a pandemia solitários para não arriscar a família.

O dia parece infinito. O médico intensivista migra entre hospitais privados para atender pacientes graves, além de realizar consultas por telefone. Depois, ele chega à UTI do Hospital Fernandes Távora, onde são atendidos os pacientes graves do Sistema Único de Saúde (SUS), que parecem ter "sumido". Asma, AVC, intoxicação exógena, sepse… Agora todos parecem ter sido substituídos pela suspeita de Covid-19.

"Temos dificuldade em testá-los para Covid-19 e isso leva a um retardo no diagnóstico preciso. Muitas pneumonias atípicas não são Covid-19 e temos visto também casos graves de dengue. Muitos estão retardando a ida à emergência com problemas graves, como dor por infarto, com medo de se contaminar", conta.

Mas talvez o pior momento do dia seja chegar em casa e se deparar com uma nota no elevador, pedindo para que profissionais de saúde não portem jalecos e comuniquem se estiverem infectados. "Você imagina o que é chegar exausto de trabalhar e ver um absurdo desses?" É frustrante. Mais ainda por imaginar que tudo poderia ser evitado.

Em dezembro de 2018, Weiber escreveu um artigo para O POVO. No texto "100 anos após…", o médico comenta sobre a pandemia de 1918 de gripe espanhola e aponta a necessidade de investir em ventiladores mecânicos e UTIs. Finaliza questionando: "100 anos após, estamos preparados para uma nova pandemia?".

Dois anos depois, ele precisa informar famílias de mortes, sem o conforto do contato físico. "A morte solitária nessa pandemia é uma das piores tragédias", diz. Para os profissionais, também é duro e solitário dar as notícias assim. A forma de enfrentar isso é se agarrando às notícias boas de cura e esperança. "São tempos difíceis e desafiadores, mas iremos superar. Tudo passa, até essa tempestade."

 

FORTALEZA-CE, BRASIL, 24-04-2020: Ana Francisca. enfermeira do hospital monte Klinikum. Personagem para reportagem do DOM.  ( Foto: Júlio Caesar / O Povo)
FORTALEZA-CE, BRASIL, 24-04-2020: Ana Francisca. enfermeira do hospital monte Klinikum. Personagem para reportagem do DOM. ( Foto: Júlio Caesar / O Povo)

Enfermeira Ana Francisca: A distância que tranquiliza é a mesma que inquieta

Adaptação. A palavra representa um dos desafios enfrentados por profissionais de todos os segmentos durante a pandemia do novo coronavírus. Dentre eles, está Ana Francisca Torres Feijó, 37, enfermeira que vive em Messejana e trabalha na rede de saúde privada da Capital. Desde que a doença chegou ao Ceará, Ana está na linha de frente de combate e segue jornada diária de exposição aos riscos pelo contato que mantém com pessoas sintomáticas e infectadas. No hospital onde atende, no Meireles, revela que a pandemia redesenhou a arquitetura do local: "Agora só temos duas unidades: a de tratamento para coronavírus e a que trata outros casos. Somos remanejados para onde há maior necessidade", explica.

Apesar de revelar o medo que sente ao escutar: "Hoje você vai para o setor da Covid-19", a conversa com Ana inspira coragem. Ela tem enfrentado o primeiro mês da doença no Estado completamente sozinha. O trabalho durante a pandemia forçou o distanciamento, momentâneo, do marido Leonardo, 36, e dos filhos, João Davi, 9, e Sarah Maria, 6. A família está em um sítio, próximo à serra de Maranguape. Ana fala da preocupação com a saúde dos filhos e descreve o local, cercado por plantações e pelo sossego característico da zona rural, como uma espécie de refúgio. Ao que parece, a distância gera um dualismo para a enfermeira, feliz por diminuir o risco de infecção da família, mas abalada pela saudade de quem não os vê há um mês. A distância que tranquiliza é a mesma que a inquieta.

No hospital, o carinho entre os colegas e a euforia de presenciar pacientes recebendo alta são qualificados como "combustível" para enfrentar uma situação tão aquém do comum. Entretanto, há também momentos de apreensão. A política, que tanto atravessa a crise sanitária no Brasil, reflete na questão psicológica da equipe de Ana, que conta que a demissão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez colegas de trabalho chorarem. "Eu fiquei triste com a forma que se deu a saída dele. A sensação foi de abandono", comenta.

Ana não romantiza o período pós-pandemia. Ela acredita, sim, que mudanças individuais ocorrerão, mas se assusta com o egoísmo que vê em atitudes que revelam o quão pouco se aprendeu até aqui. "Pessoas que querem, mesmo ao custo de vidas, ver o comércio funcionando novamente neste momento, me fazem perceber que não aprendemos nada". Para a enfermeira, a mudança real só ocorrerá quando o esquecimento deixar de ser uma das características intrínsecas à sociedade.

 

Fortaleza, Ceará Brasil 24.04.2020  Na foto: Ianna Lacerda, Médica Geriátrica (Fco Fontenele/O POVO)
Fortaleza, Ceará Brasil 24.04.2020 Na foto: Ianna Lacerda, Médica Geriátrica (Fco Fontenele/O POVO)

Médica Ianna Lacerda: Falta de respostas da ciência é assustadora e frustrante

A médica intensivista e geriatra Ianna Lacerda, 41 anos, trabalha cerca de 12 horas por dia na linha de frente da batalha contra a pandemia do novo coronavírus. Além de acompanhar pacientes na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) do Hospital Leonardo da Vinci, que foi reativado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) para diagnosticar e tratar os pacientes da Covid-19, ela também atende no abrigo de idosos Lar Torres de Melo e no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC).

O seu trabalho perpassa por cuidados paliativos e tem como um dos focos a melhora do conforto físico do doente. É lidar no dia a dia diretamente com a dor de cada um. Uma rotina exaustiva física e psicologicamente, que começa aproximadamente às 8 horas e termina às 20 horas. "Como geriatra e paliativista, preciso ter muita empatia. Nós vivemos os sofrimentos dos pacientes, é muito comum chorarmos com eles", relata. "Mas, diante de tudo isso, não poder tocar, abraçar e ter contato físico tem sido mais difícil para conseguir consolá-los. Senti-me petrificada quando um familiar questionava a Deus por que o pai de 50 e poucos anos havia morrido", relembra.

Ianna conta que "é assustador e frustrante" ainda não ter todas as respostas da Ciência para as dúvidas e angústias dos que estão sofrendo neste momento. "A pandemia está atingindo pessoas de todas as idades. Todos que estão na linha de frente estão assustados", observa.

A profissional já testou positivo para o novo coronavírus no fim de março. O marido, que também é médico, e as filhas de um ano e meio e oito anos apresentaram sintomas leves. Alguns cuidados de hoje são os mesmos de antes do contágio na família. Ao chegar do trabalho, Ianna tira a roupa praticamente na porta de casa, onde uma bacia está posicionada para depois despejar água quente sobre a indumentária.

Outras mudanças foram necessárias na rotina para garantir a segurança dos familiares. Ao amamentar a filha, ela usa máscara e já não almoça mais em casa devido ao tempo escasso e à necessidade de desparamentar-se.

A irmã também precisou se mudar provisoriamente para sua residência para evitar o contato físico com os pais de 66 anos. "Eles moram a três quarteirões daqui, mas não podemos ir vê-los. A minha mãe me ligou chorando muito e tivemos de ir acalmá-la", diz.

 

FORTALEZA, CE, BRASIL, 23.04.2020:  Rebeca Alves, fisioterapeuta do Hospital Monte Klinikum, personagem pro Dom.  (Fotos: Fabio Lima/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 23.04.2020: Rebeca Alves, fisioterapeuta do Hospital Monte Klinikum, personagem pro Dom. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)

Fisioterapeuta Rebeca Alves:Afastamento da família é a parte mais difícil da rotina

O cotidiano da fisioterapeuta intensivista Rebeca Alves, 29, é intenso e minucioso. Suas jornadas de trabalho diárias que, nas últimas semanas, chegaram a durar 18h, começam e terminam com um rigoroso protocolo de paramentação. A entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dos dois hospitais privada em que trabalha atualmente exige o uso de diversos equipamentos de proteção individual. Todo o processo, conta a fisioterapeuta, leva cerca de sete minutos para ser concluído e se repete pelo menos dez vezes em cada plantão.

"A pressão atual é mais intensa, pois estamos tratando vários pacientes graves Necessitamos de muita atenção e um certo tempo para realizar paramentação e desparamentação de forma correta, para evitar contaminação e disseminação do vírus", explica. Cotidianamente, a profissional auxilia na ventilação mecânica para pacientes com insuficiência respiratória grave, o principal agravante do coronavírus. Ela é fisioterapeuta há sete anos e desde 2015 se especializou no tratamento de pacientes em UTI. Para Rebeca, o que mais desafia os profissionais de saúde no cenário da pandemia é a saúde mental. "Os profissionais da linha de frente estão abalados psicologicamente, pois existe um constante medo de contrair o vírus. Além do isolamento social, nos vemos obrigados a ficar afastados de familiares, por nossa exposição direta", relata. Esse afastamento tem sido a parte mais difícil de lidar com a nova rotina. "Só me comunico virtualmente e por telefone com meus familiares, é muito difícil não contar com um apoio direto", desabafa.

Com uma rotina semanal de 60 horas, descansar no tempo de lazer se tornou um desafio. "É um pouco complicado conseguir não pensar em tudo que está acontecendo, pois estamos trabalhando mais do que o normal, e com o nível de ansiedade alto.", relata. Ela se esforça, no entanto, para cultivar momentos de esperança e fé. "Busco não absorver todas as informações ofertadas pelas mídias sociais, tento dormir bem, comer de forma saudável, fazer atividade física em casa e sempre que possível assisto missas pela televisão", relata.

O trabalho de Rebeca se engrandece no anonimato de uma luta silenciosa e desafiadora. Apesar do cansaço que deixa sinais na voz, no corpo e também na sua mente, Rebeca conserva a esperança de que o novo virá. "Tenho fé em Deus, Ele sabe de todas as coisas, tenho esperança de que a ciência seja mais valorizada e de que os seres humanos se tornem melhores"

 

FORTALEZA, CE, BRASIL, 24-04-2020: Dr Miguel Mayer, Medico. Personagem do Especial do DOM. (Foto: Aurelio Alves/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 24-04-2020: Dr Miguel Mayer, Medico. Personagem do Especial do DOM. (Foto: Aurelio Alves/O POVO)

Médico Miguel Mayer Vaz: Esperança nas redes de solidariedade

Foi pensando em ser cirurgião que Miguel Mayer Vaz, 27, entrou no curso de Medicina em 2011. Porém, o dia a dia do internato e a vivência no interior do Estado despertaram o interesse pela residência em Medicina de Família e Comunidade. O trabalho na Atenção Básica também o fez engajar-se politicamente e, desde o ano passado, ele faz parte do núcleo cearense da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares.

Em meio à pandemia de Covid-19 e junto à Rede Rua — com diversas organizações da sociedade civil —, o núcleo passou a oferecer atendimento à população em situação de rua na Capital em primeiro de abril. Com doações, uma sala do Grupo Espírita Casa da Sopa tornou-se um consultório, com equipamentos de proteção individual (EPIs) e materiais de higiene.

"Eles (pessoas em situação de rua) costumam tomar banho nesses locais, então nós aproveitamos esse momento para trocar curativo de feridas, também é uma demanda bem frequente", relata Miguel. A ação conta com espaços semelhantes em outros três lugares e trabalho de 23 voluntários, entre médicos, psicólogas, enfermeiras e estudantes, além de profissionais de outras áreas que atuam na logística.

Impossibilitados de diagnosticar a Covid-19 pela necessidade de teste, os profissionais já atenderam pessoas com sintomas da doença. Porém, o médico afirma que tem sido comum que pacientes "que fecham todos os critérios" serem encaminhados para Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e voltarem sem realizar o teste. "Para a população em situação de rua, isso se soma a outro grau de desassistência. Estamos nesse lugar tanto de oferecer uma resposta para atender à demanda dessa população de forma mais imediata."

Miguel é residente também em um posto de saúde na Barra do Ceará. Ele relata uma mistura de sentimentos, em que tristeza e angústia coexistem com esperança. "Nesse momento em que não podemos tanto contar com os representantes eleitos, com as instituições ditas democráticas, pelo menos vemos, em alguns lugares, nascer essa rede de solidariedade de uma forma muito forte. Eu diria que é isso que sustenta essa esperança sobre o que pode brotar de bom no meio disso tudo." O médico também adaptou a rotina pessoal ao atual momento. Mudou-se para um apartamento da família no Porto das Dunas. para diminuir os riscos de contágio para os pais, com quem morava até então. "É uma preocupação que acho que todo mundo que está na linha de frente acaba tendo, e cada um vai tentando gerenciar isso."

 

Talita de Lemos, projeto Alta Celebrada HSJ
Talita de Lemos, projeto Alta Celebrada HSJ

Assistente social Talita de Lemos: Aliados no cuidar do outro para além do físico

Angústia e esperança estão mescladas enquanto a assistente social Talita de Lemos, 40, paramenta-se com avental, luvas e viseira - além das usuais máscara e touca - para entrar nas unidades de emergência do Hospital São José. Com a Covid-19, as rotinas do lugar e de seus profissionais se transformaram - do batom, brinco e aliança não mais usados às visitas de familiares que precisaram ser restringidas. "São muitas coisas que parecem pequenas, mas dizem muito desse momento", define Talita.

Há mais de 40 dias, a presença de acompanhantes e as visitas diárias das famílias foram interrompidas. "Isso gera sofrimento e por isso pensamos em tecnologias leves que possam dar conta das demandas de cada paciente, entendendo que o cuidado se dá para além do biológico", explica. Foi assim que surgiu, durante uma roda de conversa, o projeto de acolhimento multiprofissional. Enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, nutricionistas e fisioterapeutas são mais do que nunca "um grande elo entre a família, o paciente e as equipes assistenciais".

Talita é preceptora de Serviço Social da Residência Multiprofissional e coordena, pessoalmente ou por mensagens, ligações diárias, ações nas comunidades, orientações sobre benefícios e todos os cuidados do lado subjetivo dos pacientes e seus familiares. Entre todas as iniciativas, ela destaca a Alta Celebrada, "uma festa respeitando as histórias de cada um". Enquanto uma família vai até o serviço social avisar que está buscando um paciente de alta e ele se prepara para sair, os residentes multidisciplinares articulam todo o hospital. Algumas mensagens impressas, algumas palavras ou músicas de conforto e aplausos ladeiam a esperada volta para casa.

Sustentados por uma ética do cuidado, os gestos trazem leveza e humanização para a pandemia. "É impressionante como essa alta celebrada tem repercussão positiva em todo mundo. Ela é um alento que dá sentido de esperança", afirma. Para as famílias, a felicidade está estampadas nos rostos em ter de volta seu paciente e nos vídeos gravados. Para cada um que trabalha, passa dores, chora e se frustra, o momento "faz tudo valer a pena". Para os pacientes que ficam é o sentimento de ser possível acreditar e enfrentar o momento.

"É lindo ver a dedicação de cada um na linha de frente. Ao mesmo tempo em que estou angustiada com tudo, sinto muito orgulho da minha profissão e desafiada a criar estratégias para garantir direitos", conta.

 

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