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Risco de rompimento é descartado por Ministério
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Risco de rompimento é descartado por Ministério

Segundo ministro, barragem está "intacta" e moradores poderão voltar à cidade em até 72 horas. Levantamento apura responsáveis pelo acidente
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Rompimento da barragem em Jati (Foto: REPRODUÇÃO)
Foto: REPRODUÇÃO Rompimento da barragem em Jati

Um dia após rompimento de uma adutora danificar trecho da obra da transposição do rio São Francisco em Jati, na região do Cariri, técnicos do Ministério do Desenvolvimento Regional afirmaram ontem que a barragem está "intacta" e não corre risco de rompimento. Às 16 horas de hoje, comitiva da pasta deverá fazer nova avaliação para determinar causas do acidente, que provocou a evacuação de mais de dois mil moradores do município.

A ausência de riscos foi confirmada ainda na manhã de ontem pelo governador Camilo Santana (PT), que foi à Jati com comitiva do governo e técnicos do MDR. "Por questão de segurança, o Ministério orientou que as famílias que foram deslocadas permanecessem fora das suas residências nos próximos dias", disse. "A prioridade é manter essas famílias salvas".

Em entrevista à CNN na noite de ontem, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, confirmou que o acidente envolveu parte da tubulação que transporta águas do eixo norte da transposição. "Apesar de a imagem ser espetacular, pela força da tromba d'água, tanto técnicos do Ministério quanto das empresas que fiscalizam a obra dizem que a barragem está íntegra, que o núcleo do reservatório está mantido. São 140 metros de barragem", diz.

Marinho também destaca que a evacuação de Jati se deu de forma "preventiva". "Como a água do vazamento inundou nosso sistema elétrico, nós tivemos que deslocar um gerador para desligar toda a operação, o que só ocorreu por volta das 21 horas da noite. E aí, como nossos técnicos não tinham visibilidade para avaliar toda a condição da obra, achamos melhor, para evitar incidente maior, acionar nosso plano de contingência, retirando a população", afirma.

O ministro, que esteve em Jati na quinta-feira para liberar comportas da transposição, afirma que ainda é cedo para precisar quais as razões do acidente e eventuais responsáveis. "Estamos fazendo um levantamento para encontrar o problema. Se foi de engenharia, de execução ou do material, quem quer que tenha dado causa será responsabilizado", diz.

Ainda na sexta-feira, por volta das 22 horas, o 0Corpo de Bombeiros do Ceará confirmou ao O POVO que nenhum dano ou alagamento foi causado em residências da região. O titular da Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH), Francisco Teixeira, no entanto, havia pontuado preocupação de que o fluxo de água liberado pelo vazamento causasse um processo de erosão em alguma parte no entorno da infraestrutura da barragem.

Na tarde de ontem, técnicos do MDR deram prazo de até 72 horas para o retorno dos moradores para a região. Rogério Marinho destaca, no entanto, que a avaliação de hoje pode antecipar a reocupação, caso haja viabilidade, já para este domingo. O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, está no município com equipes do órgão.

Em 26 de junho, o presidente Jair Bolsonaro esteve em Jati para inaugurar a barragem. Até o momento do acidente, no entanto, o trecho ainda estava em fase de testes. O trecho do talude da barragem destruído pelo estouro de conduto de concreto na tarde de sexta-feira, 21, deverá ser recuperado no prazo de três a cinco dias. Talude é a superfície inclinada da parede, que foi afetada pela força da água que escapou no vazamento.

Iniciada em outubro de 2007, a obra da transposição demorou 12 anos para ser concluída, percorrendo gestões Lula (PT), Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro. (com Cláudio Ribeiro e Matheus Facundo)

 

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