A Nossa Cara (Psol), candidatura de três mulheres que buscam coletivamente uma vaga na Câmara Municipal, lançou ontem comitê de campanha no Rodolfo Teófilo. Presente no ato, o candidato do Psol à Prefeitura, Renato Roseno, destacou que a sigla não desistirá da candidatura, alvo de questionamento na Justiça.
Na última semana, a promotora Ana Maria Gonçalves Bastos de Alencar entrou com mandato de impugnação contra a candidatura, alegando ausência de respaldo jurídico para o modelo coletivo. Ela alega ainda que, como apenas Adriana Gerônimo teria se cadastrado de fato junto à Justiça, o anúncio do mandato coletivo "induz o eleitor ao erro".
"É exatamente o contrário, nós estamos sendo punidos porque somos absolutamente transparentes. O eleitor está sabendo que, ao votar 50.180, ele vai votar nas três. Vamos até o Tribunal Superior Eleitoral", diz Roseno.
Formada pela "candidata oficial" - que assina a ficha de candidatura em si - Adriana Gerônimo e pelas "cocandidatas" - que participarão igualmente das decisões do mandato - Louise Santana e Lila M. Salú, a Nossa Cara se descreve como "um coletivo para ocupar a política com pessoas habitualmente estão fora desses espaços".
“Não há indução ao erro. Nosso material, nossa apresentação, desde o início fomos muito transparentes com relação a tudo isso”, diz Adriana Gerônimo. “O que temos sentido é uma grande recepção das pessoas com relação à ideia. Podem estranhar um pouco de início, mas fica muito claro depois que a gente abre esse diálogo. É uma modalidade nova”, diz.
Além da Nossa Cara em Fortaleza, o Psol deve investir em candidaturas coletivas em diversos outros municípios, como Maracanaú, Caucaia, Iguatu, Juazeiro do Norte, Limoeiro do Norte e Crato. Lila destaca que o diálogo proposto pela candidatura não é centrado só na questão da coletividade, mas também do próprio papel da representatividade e do trabalho do vereador.
“Historicamente essas vagas são ocupadas nominalmente por uma pessoa, mas a gente sabe que a estrutura, na hora de ser ocupada de fato, não se dá de forma individual. Todo mandato é coletivo, muitas vezes trazendo para dentro aliados que fazem o contrário do que o candidato queria propor. Nós vamos no contrário, deixamos bem nítido quem somos”, diz Louise.
A ação do MP, no entanto, contesta, destacando ausência de registro dos nomes de Louise e Lila na disputa. “Logo, entende-se que, as três indicadas no grupo Nossa Cara, caso quisessem concorrer à vaga de vereador, deveriam ser filiadas a um partido político, ser escolhidas em convenção e apresentar, individualmente, seus respectivos Registros de Candidatura”.