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Mercado de seguros no Brasil se reformula com aposta em tecnologia
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Mercado de seguros no Brasil se reformula com aposta em tecnologia

Entre as tendências do setor no Brasil para 2022 estão o uso maior de tecnologia, produtos hipersonalizados e atuação mais intensa de startups
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Escritório de Advocacia Fonteles e Associado (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Escritório de Advocacia Fonteles e Associado

Com crescimento de 240% no valor de arrecadação de indenizações no Brasil na última década, o mercado de seguros entra em uma fase de reformulação de práticas e mira uma expansão guiada pela tecnologia, com a criação de novos produtos e novas relações de venda.

Se compararmos apenas o valor arrecadado com indenizações de seguros de vida individuais, ou seja, contratados por livre vontade de cada indivíduo no País, de 2010, quando o valor era de R$ 1,1 bilhão, com o arrecadado em 2020, R$ 7,6 bilhões, o crescimento registrado em dez anos é de 590%.

Em 2021, ainda com base nos dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), os prêmios de seguros de pessoas, que englobam todas as categorias de seguro de vida e demais assistências relacionadas a indivíduos como escola, saúde, entre outros, atingiram o patamar de R$ 51,1 bilhões no Brasil, saldo 12,7% maior do que no ano imediatamente anterior.

O cenário marca o décimo ano consecutivo em que o segmento registra crescimento no País, sempre acima de dois dígitos. No Ceará, o valor arrecadado com os prêmios dos seguros de pessoas em 2021 foi de R$ 948,2 milhões. O Estado computa alta de 68,83% nas indenizações com relação ao ramo de seguro de vida nos últimos quatro anos, um salto recorde.

Na outra ponta do grande portfólio de produtos do mercado no Brasil, os seguros de danos, voltados em geral para bens materiais como carros e automóveis e controle de danos em determinadas situações, apresentaram crescimento de 14,4% na arrecadação de prêmios em 2021 versus 2020.

Dados da Susep indicam que este setor movimentou R$ 90,1 bilhões no último ano, face aos R$ 78,86 bilhões anteriores. A arrecadação de prêmios no seguro auto, o tradicional destaque no mercado de seguros no País atingiu R$ 38,43 bilhões em 2021. O crescimento do ramo, porém, ficou em 8,8% no comparativo a igual período de 2020, sendo superado pela primeira vez pela demanda espontânea de seguros de vida individuais.

O desempenho dos grandes ramos, porém, está associado a uma demanda espontânea maior por parte dos consumidores e também ao surgimento e à rápida adesão de apólices personalizadas de acordo com as necessidades do cliente. Também às opções guiadas pelos princípios de desenvolvimento sustentável, inovação e tecnologia.

Os números representam o início de uma mudança cultural gradual da relação dos brasileiros com a oferta e demanda dos seguros, conforme avalia Victor Bernardes, membro das Comissões de Produtos de Risco e por Sobrevivência da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).

"Estamos conquistando um público que vivia com muito mais distância deste produto, tanto física quanto cultural e informacional. Temos atualmente um cliente mais jovem, mais informado sobre o tema, que ao pensar em contratar um seguro, ele já sabe o que busca, o que precisa." Victor Bernardes, membro das Comissões de Produtos de Risco e por Sobrevivência da FenaPrevi
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Ele pondera ainda que tal cenário é irreversível e que as empresas que não aderirem às tendências de inovação tecnológica no segmento perderão competitividade e enfrentarão dificuldades para seguirem atuando.

A implementação de ferramentas exibe uma potencialidade de expansão “nunca antes vista”, conforme defende Victor ao afirmar que o mercado de seguros no Brasil viverá um crescimento ainda mais acelerado em 2022.

As apostas são em um amplo movimento de modernização, uso de novas linguagens de vendas e tipos de relacionamentos com clientes e corretores, além de um investimento massivo em seguros personalizados e com grande disseminação em regiões longe dos centros urbanos por meio de vendas online.

Outro ponto de crescimento destacado pelo porta-voz da Fenaprevi são as consultorias virtuais feitas por seguradoras para empresas.

Mercado de seguros no Ceará

Luan Rocha, especialista em seguros e sócio-diretor da Master Future, seguradora cearense com 30 anos de atuação no mercado(Foto: Diego Souza)
Foto: Diego Souza Luan Rocha, especialista em seguros e sócio-diretor da Master Future, seguradora cearense com 30 anos de atuação no mercado

No cenário local, as empresas do ramo devem aumentar as apostas de investimentos no Estado. Luan Rocha, especialista em seguros e sócio-diretor da Master Future, corretora de seguros com 30 anos de atuação no mercado, projeta um crescimento de até 12% no valor da arrecadação das seguradoras em atuação no Nordeste.

"O mercado está bem aquecido, ainda com uma forte influência do aumento da demanda pelo seguro de vida que tivemos na pandemia, mas isso gerou uma maior preocupação da sociedade com ações de redução de danos e tem impulsionado outros ramos de seguros", afirma o empresário.

Ele destaca que, no Estado, as tendências inovadoras de seguros para CEO de empresas, para grandes transações comerciais, ainda seguem em um ritmo lento devido à estrutura macroeconômica estadual pouco industrializada, mas vê um futuro promissor para tais segmentos na consolidação do hub de comércio exterior cearense.

Com relação ao futuro, o investimento na criação do hub de conexão, logístico e de data centers, além do seguro rural e do de responsabilidade civil, no Estado, seguros de cibersegurança, voltados para amparos diante da necessidade de adequação das empresas à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) são "uma aposta muito promissora para um futuro muito próximo", conforme define Luan.

O CEO da Master Future argumenta ainda que, tradicionalmente, a contratação de seguro é vinculada ao financiamento de bens no Brasil.

"As entidades financiadoras de carro, imóveis, outros tipos de bens, em geral, no intermédio da venda, ofertam um seguro voltado para aquele produto, mas, agora, com toda essa expansão e digitalização, surgem novas oportunidades de negócios e até mais afastadas dos pontos físicos de atuação de cada empresa." Luan Rocha, especialista em seguros e sócio-diretor da Master Future

Ele destaca ainda que, nessa expansão, ocorre uma personalização das apólices oferecidas à depender da região de atuação de cada seguradora. "As empresas estão passando a analisar o perfil e a estrutura econômica de cada localidade e adequando suas estratégias de venda para produtos que façam sentido para cada realidade em específico."

Para Victor Bernardes, porta-voz da Fenaprevi, tais movimentos precisam ocorrer sem que se perca a essência do papel social de cada seguradora. Ele menciona a liberação de R$ 6 bilhões em indenizações para cerca de 160 mil famílias que perderam entes amados em decorrência da Covid-19 como um exemplo de atuação das seguradas enquanto agentes de amparo econômico e social.

“Era um evento fora das cláusulas do seguro de vida, mas as seguradoras, em sua maioria, não fugiram desse papel de apoio e de redução de danos, ainda que materiais e pequenos diante de perdas irreparáveis."

Tendências para 2022

A linha de negócio rural foi destaque em 2021 com crescimento de 40% com relação ao ano imediatamente anterior e mantém projeção de superar a alta de 2022. Os seguros das linhas responsabilidade civil, transporte e riscos especiais patrimoniais também se destacaram, com elevação acima de 20% na arrecadação de prêmios em 2021 e representam comportamentos inovadores no mercado.

Outros segmentos que são apostas para 2022 com a digitalização no mercado de seguros no Brasil são os planos de seguridade para pets, os ambientais e os voltados para ações de governança empresarial e responsabilidade social.

No Ceará, os planos de seguro voltados para administradores de grandes companhias e CEOs movimentaram R$ 6,9 milhões em indenizações em 2021, sendo um dos destaques do ano.

O ramo de responsabilidade civil profissional, uma das apostas para 2022, computou R$ 3,6 milhões em prêmio de apólices subscritas no Estado. O de maior crescimento no Ceará foi o ramo voltado para riscos cibernéticos, com aumento de 447,71% na movimentação financeira de indenizações, saindo de R$ 9.222 em 2020 para R$ 50.510 em 2021.

A Superintendência detalha ainda que o contexto macroeconômico do País impactará diretamente nas tendências de maior expansão em 2022. A entidade destaca que o seguro rural ainda sofrerá uma "expansão exponencial" para que possa se adequar ao grau de importância que a atividade agropecuária tem no sistema econômico brasileiro.

Além disso, o avanço dos debates e a fiscalização para adequação à LPGD e a recorrência de ataques cibernéticos e golpes no mundo virtual geram "um grande potencial" de aumento na procura e oferta do ramo de ciberseguro.

"Em linha com a proposta do Governo Federal de transformar o Brasil em um grande canteiro de obras, o Seguro Garantia também apresenta excelentes perspectivas de crescimento", acrescenta.

A disseminação maior de informação e a quebra de estigmas, em especial o da inacessibilidade financeira dos seguros, são outros fatores que devem impulsionar a expansão desse mercado, em especial os seguros de responsabilidade civil profissional, que amparam trabalhadores de eventuais erros e questionamentos de conduta durante o exercícios de suas respectivas profissões.

“Já movimentamos cifras gigantescas e extremamente expressivas do ponto de vista de aplicação de recursos na economia, são bilhões que entram em circulação todos os anos com as indenizações pagas pelas seguradoras e ainda não estamos nem perto de abranger metade da população que teria interesse em contratar um seguro no Brasil”, reforça Victor.

Digitalização do setor

Em um processo de digitalização acelerada em razão da pandemia de Covid-19, os moldes tradicionais do mercado de seguros no Brasil passam a se reorganizar em dinâmicas de vendas segmentadas pelas mídias sociais, contratos online e aplicativos.

O imediatismo do mundo virtual gera desafios, mas potencializa a expansão do setor, que passa a investir em uma nova linguagem de divulgação e mira conquista de clientes em áreas mais distantes dos grandes centros urbanos.

"O mercado de seguros sofreu um impacto no começo da pandemia e depois, quando ela se alongou, passou e ter um crescimento acelerado, principalmente pela alta demanda de produtos que antes não representavam uma parcela significativa das vendas de apólices e com isso, novos produtos passaram a ser divulgados e vendidos pelas seguradoras" Francisco Bezerra, integrante do Corecon-CE

Além da adoção maior de ferramentas tecnológicas, a Susep pontua ter identificado entre 2020 e o fim de 2021 um movimento intenso da utilização de sistemas operacionais guiados por inteligência artificial.

Outras tendências de inovação geradas pela presença maior da tecnologia no segmento são a preocupação de seguradoras com armazenamento, gestão e compartilhamento de big datas, automação de serviços e coberturas paramétricas.

A presença de ações de cashback, de iniciativas de blockchain e smart contracts como estratégia de alargar a arrecadação das seguradas e a margem de lucro no setor são ações ainda em fase experimental, mas, conforme a Susep, devem se consolidar mais fortemente no pós-pandemia.

A oferta de seguros intermitentes, operando de acordo com a demanda do cliente, e a oferta de consultorias para empresas diante da implementação de seguros guiados pelos princípios de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG, na sigla em inglês) voltado para o desenvolvimento sustentável é outra possibilidade de negócio que passaram a fazer parte das atividades das seguradoras com a expansão da influência do meio digital no segmento.

Foto do Victor Bernardes, membro das Comissões de Produtos de Risco e por Sobrevivência da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi)(Foto: Divulgação/Fenaprevi)
Foto: Divulgação/Fenaprevi Foto do Victor Bernardes, membro das Comissões de Produtos de Risco e por Sobrevivência da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi)

“O potencial de crescimento é incalculável. Temos um mercado estável, em crescimento no Brasil e com um potencial inexplorado gigantesco, com as transformações que foram impulsionadas pela pandemia, pela digitação, pela tecnologia de inovação, tudo se torna possível. Podemos ter uma expansão nunca antes vista no setor muito em breve”, argumenta Victor Bernardes, membro das Comissões de Produtos de Risco e por Sobrevivência da Fenaprevi.

Outra mudança observada no mercado de seguros no Ceará destaca por Luan é que, até o ano de 2020, os investimentos em tecnologias no setor se concentravam em propostas de modernização para dinâmicas da empresa, de gestão, da relação da seguradora com corretores, mas que a partir da digitalização acelerada no segmento, tais aplicações passaram a ter como centro de investimentos a experiência dos consumidores.

Uma das preocupações do empresário com relação à expansão da presença de startups no mercado diz respeito à regulamentação. Ele pontua que com a disseminação maior de informações sobre o mercado de seguros, muitas entidades atuam de forma não regulamentada em regiões interioranas por meio de associações não legalizadas, o que aumenta o risco de fraudes e de desamparo para os consumidores.

"Acredito que a fiscalização e a regulamentação precisam ser reforçadas para que possamos usufruir com tranquilidade de todos os benefícios gerados pela tecnologia."

Startups: as vantagens da inovação

A participação de startups no mercado de seguros passou a ser uma realidade mais viável a partir de 2020, quando a Susep realizou um edital para monitoramento de dez empresas inovadoras que desejam atuar no setor.

Os resultados foram promissores e a entidade destaca que, em pouco menos de um ano de atuação, as sete “insurtechs” (como são chamadas as startups de seguro) em atuação pelo edital de fomento computaram cerca de 350 mil apólices, com prêmios de aproximadamente R$ 20 milhões.

Além disso, “um percentual relevante dos consumidores representa pessoas que nunca haviam adquirido produtos de seguro até então”, destaca a Susep.

As empresas iniciaram as operações regulamentadas como seguradoras guiadas pela inovação e tecnologia a partir de um sandbox regulatório promovido pela Susep, ou seja, um ambiente com regulamentação experimental para avaliar a atuação de tais empreendimentos.

A partir desses resultados, a Superintêncica pontua ter mantido investimentos constantes para desburocratização na criação de novas empresas seguradoras e afirma que “a aplicação de tecnologia no mercado de seguros é essencial para a ampliação da cobertura securitária em nosso País e para que os consumidores tenham acesso a produtos e serviços cada vez mais customizados e eficientes.”

A atuação das insurtechs pode ser tanto direcionado ao papel segurador, assumindo riscos de seguro de fato, quanto na oferta de serviços terceirizados para dinamizar a atuação de seguradoras já consolidadas no mercado. Na avaliação da Susep, o movimento de inovação no segmento representa um potencial “muito benéfico” para o setor.

Victor Bernardes, membro das Comissões de Produtos de Risco e por Sobrevivência da Fenaprevi, detalha que o interesse de investidores e empreendedores com foco em inovação no ramo de seguros por si só representa um exemplo do potencial de crescimento do mercado.

"Não são uma ou duas empresas, depois da digitalização acelerada que tivemos também por causa da pandemia, inúmeros atores do mercado de startups passaram a querer investir mais fortemente no ramo de seguros. Ou seja, não só nós, mas como eles também enxergam um potencial agregador, de desenvolvimento e de retorno financeiro muito grande." Victor Bernardes, membro das Comissões de Produtos de Risco e por Sobrevivência da Fenaprevi

As soluções propostas pelas insurtechs em inovação no mercado tradicional de seguros vão desde a captação de consumidores até a gestão de reclamação dos mesmos.

As soluções tecnológicas envolvem ainda todo o processo de subscrição, pós-venda, gestão operacional, regulação de sinistros e identificação de possíveis fraudes. “Tem agregado bastante valor às etapas da cadeia de valor do seguro”, conforme avalia a Susep.

Para os representantes do setor, não é mais possível pensar em um futuro do mercado de seguros em que as startups não representam uma força significativa na expansão deste segmento. A Susep pontua ainda que prestará apoio às insurtechs na construção da “flexibilidade necessária à inovação” na regulamentação das operações de tais empresas.

Ressaltando a importância de uma atuação regulamentada, tanto a Susep quanto a Fenaprevi apostam em um surgimento acelerado de startups que queiram atuar como seguradoras com produtos hiperpersonalizados e com foco de atuação em nichos específicos.

“Todas estas iniciativas, sem exceção, são muito benéficas para o setor, na medida que buscam colocar o consumidor como centro do mercado, inclusive respeitando as diversidades de preferências”, pontua a Superintendência.

Hiperpersonalização do serviços

Com a presença maior da perspectiva de inovação no setor, os produtos ofertados pelas seguradas no Brasil também enfrentam um processo de reformulação. A tendência é a criação de pacotes de seguros “feitos sob medida”, conforme avalia a Fenaprevi.

O foco do mercado, para atender o perfil do público consumidor que passou a ter contato com este segmento diante da digitalização do setor, será na oferta de produtos personalizados e voltados para nichos específicos.

"As empresas digitalizaram seus processos de venda, elas tiveram que transformar seus modelos de negócios e olhar mais para o digital, e como no virtual tudo são dados, a personalização da oferta e da venda passou a ser uma estratégia ainda mais viável." Francisco Bezerra, integrante do Corecon-CE

Ele destaca que muitos consumidores já estão habituados com esse tipo de oferta em outras cadeias produtivas passaram a exigir isso como um requisito indispensável no interesse da contratação de um seguro.

Ao analisar o mercado, o economista pondera ainda que a entrada mais incisiva das seguradoras no ambiente digital fez com que um novo público passasse a ter contato com esse tipo de serviço, gerando assim novas demandas para as empresas.

O porta-voz da Fenaprevi, Victor Bernardes, pontua que o setor no Brasil é centenário e que já possuía um grande leque de atuação, mas que com esse novo contexto, as empresas do setor passaram a investir mais nesse retorno personalizado para os consumidores.

Um dos impactos dessa tendência, conforme aponta Victor, será ainda o surgimento de seguradoras focadas na oferta personalizada de um único tipo de seguro ou nicho de atuação.

"É uma consequência natural do mercado, essa adequação para o perfil consumidor. Somos um mercado bem desenvolvido, com muita oportunidade de crescimento, mas maduro o suficiente para adequarmos nossa atuação para essa hiperpersonalização de produtos para que possamos seguir conquistando e atendendo as demandas dos novos públicos consumidores." Victor Bernardes, porta-voz da Fenaprevi

Tal tendência é reconhecida ainda pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) que afirma ter identificado um “novo perfil consumidor” interessado na flexibilização dos moldes tradicionais da oferta de seguros no Brasil. 

O fenômeno gera uma uma necessidade maior da criação de novos tipos de relação entre seguradora e segurado. Victor destaca que se faz necessário um alinhamento maior com a proposta de soluções, guiada pela venda de assistências, focando nas viabilidade de amparo e utilização de cada seguro.

O porta-voz da Fenaprevi pontua que esse movimento ajuda ainda a "desmistificar crenças tradicionais de que seguros são mal agouro, ou que geram benefícios apenas para terceiros”. Nesse contexto, aliando inovação, personalização dos produtos e tecnologia, a Susep projeta uma expansão do mercado de seguridade com conquista de públicos antes não usuais na lista de consumidores das seguradoras.

“A conveniência para o consumidor desenhada nos modelos de negócio inovadores vai fazer com que mais pessoas adquiram seguros, o que aumentará a penetração do mercado”, destaca a Susep.

Essa inovação gera ainda uma maior competitividade de preço, com produtos mais setorizados por nicho e personalizados de acordo com a demanda de cada consumidor, o que impacta o preço final dos pacotes de seguros.

“A capacidade de customização das cobertura exibida pelas seguradoras com apoio da tecnologia permite que tenhamos produtos de menos de R$ 10 e de mais de R$ 1.000 por mês para um mesmo tipo de proteção, por exemplo”, complementa Victor.

Seguros enquanto diferencial competitivo de mercado 

 Escritório de Advocacia Fonteles e Associado(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Escritório de Advocacia Fonteles e Associado

Em Fortaleza, há cerca de uma década todos os colaboradores do escritório de contabilidade e advocacia Fonteles e Associados são beneficiários de um seguro de vida coletivo.

Dez anos depois da iniciativa ser implementada, a empresa inicia as buscas por novos pacotes de seguro como forma de impulsionar as ações de governança e assim seguir com a expansão do empreendimento.

"Estamos nessa pesquisa, principalmente com relação a seguros voltados para cibersegurança e a questões de responsabilidade civil profissional. São pontos estratégicos em que é muito importante estarmos amparados de alguma forma para qualquer eventualidade", destaca Adele Fonteles, sócia-fundadora do escritório.

A empresária atua no mercado há 35 anos na Grande Fortaleza e relata ter notado uma preocupação maior de escritórios e profissionais parceiros com relação à adesão de seguros empresariais.

Adele frisa ainda que o resguardo garantido pela contratação de seguros tem se tornado um diferencial competitivo.

"Acredito que sim, em algumas situações no futuro, a depender do tipo de negociação, ter seguros de governança, ambiental, de segurança digital, podem ser exigidos para concretização das relações comerciais, especialmente para grandes companhias." Adele Fonteles, sócia-fundadora do escritório

A empresária pontua ainda que a preocupação maior do mercado com os princípios ESG do desenvolvimento sustentável tem sustentado uma demanda maior de empresas por seguros que as amparem em ações de implementação dessas práticas.

"É um ponto importante até na captação de investimentos, os investidores avaliam isso e os seguros nos ajudam em momentos delicados, em que pode ser preciso reestruturar as ações de uma empresa de acordo com esses princípios", afirma.

A preocupação com adequação às diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados e o amparo em eventuais casos de responsabilização civil de funcionários do escritório durante o exercício da profissão são os guias para novos seguros a serem contratados pelo escritório, conforme pontua Adele.

"Temos seguro contra incêndio, contra danos materiais ao escritório e nossos arquivos, e também o de vida para todos os colaboradores e nunca precisamos acionar nenhum, ainda bem, claro, mas ter seguros específicos que nos possam atuar com maior segurança é algo muito importante".

Adele Fonteles, sócia-fundadora do escritório(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Adele Fonteles, sócia-fundadora do escritório

A empresária revela que o escritório já está realizando pesquisas de mercado para encontrar a seguradora com melhor custo-benefício e afirma ter enfrentado uma relativa espera no retorno dos orçamentos.

"Depende de uma série de coisas, eles precisam calcular todos os riscos, o capital social da empresa, então não é algo simples, mas seguimos nessas perspectivas de contratar novos seguros que nos ajudem a ampliar nosso desenvolvimento", finaliza.

Para os funcionários, o seguro entra como um benefício arcado integralmente pela empresa, sem nenhum desconto salarial. A medida, para a assistente jurídica Letícia Castro, de 27 anos, é “um diferencial que deveria ser regra no mercado".

Com cinco anos de atuação no escritório, ela pontua que vê o seguro como uma forma de valorização profissional do time. "Muitas empresas não contratam por não ser obrigatório, mas é um benefício que deixa a gente mais tranquilo até para trabalhar no dia a dia", afirma.

A cearense relembra momentos delicados ao relatar que perdeu o pai recentemente devido à Covid-19 e que se sentiu desamparada pela ausência de preparação da empresa na qual trabalhava para lidar com a situação.

"Como eles não tinham seguro de nada, não tivemos nenhum apoio direto assim para lidar com tudo, então além de todo o choque da situação, ainda tivemos que resolver tudo sozinhos, todo processo judicial, inventário, funeral, sepultamento, tanta coisa, e você tendo que lidar com isso em um momento de fragilidade. Se tivesse um seguro, boa parte desse sufoco poderia ter sido amenizado", afirma.

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