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Gestão da saúde: ativo importante também para empresas
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Gestão da saúde: ativo importante também para empresas

| Trabalho | No mês de Mobilização pela Promoção da Saúde e Qualidade de Vida, organizações trabalham para popularizar iniciativas entre os trabalhadores. Medidas em prol da saúde mental se destacam após aumento na quantidade de afastamentos
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As sessões de musicoterapia do Grupo Carmehil acontecem às quintas-feiras, de forma alternada entre as unidades da empresa. (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal As sessões de musicoterapia do Grupo Carmehil acontecem às quintas-feiras, de forma alternada entre as unidades da empresa.

Promover um ambiente de trabalho saudável e que gere bem-estar aos colaboradores deve estar na pauta de discussão de todas as empresas. Desde a análise em torno da produtividade e menores custos com afastamentos, essa atenção é importante para trabalhadores, gestores e todo sistema de saúde. E, no mês Nacional de Mobilização pela Promoção da Saúde e Qualidade de Vida, celebrado em 6 de abril, essa questão se torna foco das organizações em meio ao agravamento da crise de saúde ocupacional.

Atualmente, o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para mudar esse quadro, as empresas têm seu papel, entende Carine Ross, CEO e fundadora da Newa Consultoria, startup de impacto social que atua na construção de lideranças em organizações. 

A valorização e cuidado com a saúde emocional do capital humano é essencial para as organizações. Carine defende que as lideranças se responsabilizem pela saúde emocional e bem-estar, criando espaços de escuta ativa e promoção de uma cultura colaborativa entre os funcionários, já que a maior parte do dia de muitos trabalhadores é vivido no ambiente profissional.

"Uma iniciativa interessante e que pode ter reflexos bastante positivos para as organizações são ações contínuas sobre saúde, que alertam os funcionários sobre a importância desse cuidado."

"Uma empresa consciente precisa investir em programas voltados para a saúde mental e emocional de seus colaboradores, seja por meio de materiais informativos, workshops, palestras ou fóruns, para entender as necessidades daquele colaborador. Ainda estamos em pandemia e muitas pessoas foram atravessadas por lutos, dívidas, separações. Precisamos de lideranças que desenvolvam uma compaixão sábia", completa.

Precarização e piora nos índices

A procuradora do Ministério Público do Trabalho e titular da da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente de Trabalho (Codemat), Márcia Kamei López Aliaga, destaca que o trabalho pode dignificar as pessoas, mas quando se torna um ambiente de pressão, em que o trabalhador não consegue exercer o seu potencial, tende a ser lesivo.

Ela avalia que a questão da saúde e segurança no trabalho vai além do físico, mas também como afeta a produtividade e qualidade de vida das pessoas.

Segundo dados do Observatório da Saúde e Segurança no Trabalho, a quantidade de acidentes subiu 27% e chegou a 571,7 mil. As mortes subiram ainda mais, 33%, com 2,4 mil óbitos. Ainda estima-se que 25% dos acidentes não sejam comunicados. Márcia alerta que por conta do recrudescimento da pandemia e queda da empregabilidade, pode estar havendo menor investimento em prevenção, além da sobrecarga dos trabalhadores.

"A precarização não vai se revelar nos dados oficiais da Previdência, por falta do registro em carteira, mas serão revelados no SUS, para onde acaba sendo encaminhado para lá os informais e quem acaba pagando é toda sociedade", afirma.

Efeito na saúde mental

Essa sobrecarga mencionada por Márcia gera efeitos no avanço das doenças mentais entre os trabalhadores: Em 2016, os problemas psicológicos representavam a terceira causa de incapacidade. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) previa que até 2020, essa seria a maior causa de afastamentos do ambiente laboral, com destaque para a depressão ocupando o topo da lista. A previsão inicial não se cumpriu oficialmente, segundo a base de dados previdenciários, mas especialistas estimam que isso deve ocorrer em 2022.

No entanto, pesquisas com recortes diferentes, como a da consultoria B2P, que inclui 331 mil colaboradores em 18 empresas, entre março de 2020 e março de 2021, mostra um quadro diferente, em que infecções por Covid-19 não foram o maior motivo de afastamentos no ambiente de trabalho, figurando somente na 4ª colocação nesse ranking.

O maior motivo de afastamento nessa pesquisa foram as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, seguido dos transtornos mentais e psicológicos, depois vindo os afastamentos por lesões.

De acordo com a atual legislação, para conseguir o afastamento remunerado pelo INSS, o profissional terá que passar por avaliação que mostre a incapacidade de atuação laboral. Além disso, para conseguir o auxílio-doença, o diagnóstico realizado precisará comprovar que a condição foi gerada dentro da empresa. Esse é o ponto-chave nessa questão.

Daniela Rodrigues, professora da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho da UnB, entende que nem as empresas ou o INSS estão preparados para esse tipo de demanda. Ela destaca que dificilmente são incluídos nos processos de vigilância em saúde do trabalhador e ainda existe dificuldade na análise de nexo de causalidade entre o trabalho e a doença mental/psicológica adquirida, segundo os atuais parâmetros.

"Os acidentes são os principais agravos à saúde relacionados ao trabalho. Temos dados significativos nesse período, mas precisamos dizer que existem muitas subnotificações de acidentes e doenças relacionados ao trabalho, o que pode tornar esse cenário ainda mais preocupante. Em âmbito geral, os acidentes geram altos custos, sejam eles humanos, sociais e previdenciários", analisa. 

Que mudanças a minirreforma trabalhista pretende emplacar no Brasil? | Economia na Real

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OS DESAFIOS PARA SAÚDE NO TRABALHO

Número de acidentes no ambiente de trabalho aumentou no Brasil em 2021
571.786 acidentes (+27% ante 2020)
2.487 mortes (+33% ante 2020)
Estima-se que 25% dos acidentes de trabalho não são comunicados pelos empregadores

DOENÇAS QUE MAIS GERARAM BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA - Antigo Auxílio-Doença (2021)
B34.2 Infecc p/Coronavirus Ne:98.787
S52.5 Fratura da Extremidade Distal do Radio: 30.336
M51.1 Transt Disco Lombar Outr Intervert Radi: 29.679
M51 Outr Transt de Discos Intervertebrais: 29.315
M54.5 Dor Lombar Baixa: 29.228
D25 Leiomioma do Utero: 24.607
M75 Lesoes do Ombro: 22.761
M75.1 Sindr do Manguito Rotador: 21.975
S62.6 Frat de Outr Dedos: 21.602
S82 Frat da Perna Incl Tornozelo: 20.737
Fonte: Secretaria de Previdência / Ministério do Trabalho e Previdência


OS TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS NO TRABALHO
CID-10 F
A definição do quadro clínico é definida conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID). Cada capítulo da CID-10 é identificado por uma letra, sendo seu Capítulo V identificado pela letra F. Ou seja, toda vez que um código da CID-10 se inicia pela letra F, aquela categoria diagnóstica identifica um transtorno mental ou de comportamento.

- Quais são os CID-F: São quase 100 doenças catalogadas na lista, que inclui a demência na Doença de Alzheimer (em F00), transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool (F10), transtorno Esquizotípico (F21), assim como episódios depressivos (F32), outros transtornos do humor - afetivos (F38), até Transtorno Obsessivo-Compulsivo - TOC (F42) e transtornos não-orgânicos do sono devidos a fatores emocionais (F51).

REGRAS PARA TER ACESSO AO AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PELO INSS
É preciso preencher a três critérios primários em ambos os casos:
Auxílio-doença
Carência de 12 meses;
Qualidade de segurado (estar contribuindo a INSS);
Incapacidade laboral (não poder trabalhar na sua função).

Aposentadoria por invalidez
Carência de 12 meses;
Qualidade de segurado (estar contribuindo a INSS) ou estar no período de graça;
Estar incapaz total e permanente para o trabalho, devidamente comprovada através de um laudo médico pericial.

Os diferentes transtornos mentais ou comportamentais podem dar direito aos benefícios pelo INSS, mas quem define se o segurado tem direito ao afastamento remunerado por mais de 15 dias ou aposentadoria é a avaliação atestada em laudo médico que seja confirmada em perícia formulada pelo INSS ou Justiça Federal.
Fonte: OMS / INSS / MPT - Observatório de Saúde e Segurança no Trabalho

IDENTIFICANDO UM AMBIENTE DE TRABALHO TÓXICO

1 - Ninguém dá as boas-vindas para você no seu primeiro dia
2 - Você presencia comportamentos rudes que ninguém se importa em parar
3 - O turnover (rotatividade) de colaboradores é muito alto
4 - A empresa tem orgulho de exibir valores que não deveriam ser motivo de orgulho
5 - As expectativas para a sua posição são radicalmente diferentes do esperado
6 - Você termina o seu expediente com um mau pressentimento sobre o próximo dia
Fonte: Jungle Medical Science / GPTW

Tatiana Fernandes, sócia e líder de Capital Humano da PwC Brasil.
Tatiana Fernandes, sócia e líder de Capital Humano da PwC Brasil.

Tatiana Fernandes: Empresas precisam desenvolver múltiplas ações

O POVO - Quais as ações que a PwC vem tomando para gerar uma consciência dos colaboradores no cuidado da própria saúde, além da segurança no trabalho?

Tatiana Fernandes - A PwC Brasil, por meio do programa global Be well, work well, entende que todas as pessoas adquirem a consciência no cuidado da própria saúde e o bem-estar em plenitude, quando conseguem equilibrar as energias física, emocional, espiritual e mental. Por isso, propomos diferentes iniciativas a serem vivenciadas de acordo com as múltiplas necessidades dos nossos profissionais.

Dentre as ações que promovemos, destacamos as comunicações motivacionais e eventos periódicos baseados em quatro pilares, como, por exemplo, palestras sobre saúde mental, janeiro branco, setembro amarelo, entre outros temas. Através da parceria com a Gympass também ministramos aulas que incentivam a prática de meditação e exercícios físicos.

Possuímos também o Banco de Hábitos, uma página aberta para o nosso público interno e externo, cujo objetivo é fornecer inspiração para comportamentos que ajudam as pessoas a encontrarem o equilíbrio das quatro energias. Além de uma ferramenta que permite o profissional identificar como estão os níveis das quatro energias fundamentais.

Outra ferramenta de apoio é o Guia de Pausas Regulares, um e-learning disponibilizado na plataforma de treinamento da PwC, que traz os benefícios e dicas focadas na importância das pausas durante a jornada de trabalho, com o objetivo de melhorar o desempenho dos profissionais.

Por fim, anualmente, promovemos a Semana de saúde e bem-estar, que no último ano focou no diálogo aberto sobre saúde mental, mas que também trouxe temas voltados para a saúde física, mental e espiritual. O intuito principal deste evento é fortalecer o programa Be Well Work Well, cumprindo com a agenda obrigatória da SIPAT e reforçando o nosso valor “Cuidamos das pessoas”, através de palestras, aulas práticas e workshops.

Dentre os temas abordados por parceiros internos e externos, por exemplo, a Casa do Saber e Filhos no currículo, destacamos: Healthcare Industry, liderança e saúde mental, parentalidade e carreira, futuro do trabalho e bem-estar, bem-estar financeiro, entre outros.

OP - A pandemia agravou e aumentou a quantidade de afastamentos por transtornos mentais e comportamentais. Como a PwC tem lidado com essa questão, ainda mais nessa volta ao trabalho presencial?

Tatiana - Antes mesmo da pandemia, a PwC já possuía uma política de flexibilidade interessante, mas a partir do isolamento total percebemos a oportunidade de renovar a nossa política, proporcionando a autonomia para que o profissional optasse por definir sua melhor maneira de trabalhar.

O Wise Flex, programa lançado no último semestre, tem como mensagem central a flexibilidade total, onde o profissional analisa a sua melhor versão de trabalho, combinada com a necessidade do negócio, para definir onde e em quais horários trabalhar, respeitando, é claro, a legislação.

Como não voltaremos mais presencialmente totalmente, acreditamos que proporcionamos maior bem-estar e contribuímos para a saúde mental dos nossos profissionais, que apontam nas pesquisas internas, a flexibilidade como prioridade.

OP - A PwC estuda ampliar as ações de promoção de saúde e qualidade de vida? O que veem como novas demandas nessa temática?

Tatiana - Propomos a inclusão de diversas novas atividades que ampliarão a promoção da saúde e qualidade de vida a partir do segundo semestre deste ano. Podemos destacar o Programa de Saúde Mental, que prevê uma série de rodas de conversas com profissionais e workshops com a liderança.

Também, a depender da evolução das medidas de proteção à Covid, pretendemos retornar com iniciativa de corridas periódicas para incentivar a saúde física, além de ampliar o relacionamento entre os profissionais que se encontrarão para essa prática. E, por fim, lançaremos em breve a ferramenta Bravo!, que irá aumentar o sentimento de felicidade e gratidão, por meio da cultura do reconhecimento na Firma, proporcionando maior bem-estar às nossas pessoas.

Lewis Hamilton é heptacampeão mundial de pilotos na Fórmula 1
Lewis Hamilton é heptacampeão mundial de pilotos na Fórmula 1

ALTO RENDIMENTO

O multicampeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton já falou que a pressão do trabalho o fez passar por dificuldades emocionais e mentais durante a carreira. "Eu lutei por muito tempo com problemas de saúde mental e emocional. E seguir adiante requer um esforço constante".

AÇÃO NACIONAL

No âmbito do Governo Federal, o Ministério do Trabalho e Previdência realiza neste mês a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, que existe desde 1971. O principal intento é no desenvolvimento de ações que visam à promoção de uma cultura de segurança e saúde no trabalho, de cunho essencialmente prevencionista.

 Depressão, suicidio
Depressão, suicidio

TRANSTORNO BIPOLAR

O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é uma doença crônica e recorrente, com prevalência estimada de 2 a 3% na população mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a sexta maior causa de incapacidade no mundo, inclusive para o trabalho.

DEPRESSÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que no Brasil a prevalência seja de 5,8% do total, e previa que até 2020 tais quadros fossem a principal causa de perdas de dia de trabalho ao redor do mundo. No Brasil, a depressão é o principal motivo do afastamento por doenças mentais e está entre os dez principais motivos de pagamento de benefício de auxílio-doença.

ANSIEDADE
Os quadros de transtornos de ansiedade podem ter relação com sobrecarga quali-quantitativa em um ritmo de trabalho penoso. Assim, ao longo do tempo, se caracteriza uma falta de adaptação do trabalhador a tais condições estressoras laborativas, podendo gerar episódios de síndrome do pânico. A OMS estima uma prevalência de 9,3% de quadros ansiosos entre os brasileiros.

BURNOUT
A Síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um desfecho em saúde relacionado à exposição crônica a estressores ocupacionais. Tais quadros se caracterizam pela tríade exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional.

CEO e fundadora da Newa, Carine Ross.
CEO e fundadora da Newa, Carine Ross.

Os líderes empresariais precisam estar atentos com a saúde física e mental dos seus colaboradores, diz Carine Ross

O POVO - Em meio ao aumento considerável na quantidade de afastamentos devido às doenças mentais e comportamentais, como podemos analisar qual é o papel da empresa no sentido de criar um ambiente de trabalho mais saudável em meio ao atual cenário?

Carine Ross - Atualmente, o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Diante disso, torna-se extremamente necessário que as lideranças consigam desenvolver um olhar humanizado e cuidadoso com as equipes. Hoje, mais do que nunca, a saúde emocional se tornou um assunto bastante debatido dentro das organizações, o que é muito positivo, afinal, temas voltados para a saúde emocional e mental precisam deixar de serem vistos como tabus pelo mundo corporativo.

É preciso que as lideranças puxem essa responsabilidade com a saúde emocional e o bem-estar dos colaboradores para si, criando espaços de escuta ativa e promoção de uma cultura colaborativa entre os funcionários. Afinal, ser líder é ir além de cobranças, é conseguir compreender o outro em sua integralidade. É papel das empresas criarem redes de apoio e de escuta genuína para que, de fato, se consiga entender as necessidades dos colaboradores. O desenvolvimento de lideranças compassivas é fundamental, mas essa conscientização e valorização do bem-estar emocional dos colaboradores precisa ser algo que faça parte da cultura organizacional das empresas.

OP - Quais iniciativas seriam importantes a serem realizadas aos funcionários neste momento?

Carine - As empresas precisam, cada vez mais, estarem atentas aos seus colaboradores, pensando em estratégias que possam contribuir para a construção de um ambiente que seja genuinamente seguro para o bem-estar emocional de suas equipes. Uma iniciativa interessante e que pode ter reflexos bastante positivos para as organizações são ações contínuas sobre saúde, que alertam os funcionários sobre a importância desse cuidado. Uma empresa consciente precisa investir em programas voltados para a saúde mental e emocional de seus colaboradores, seja por meio de materiais informativos, workshops, palestras ou fóruns, para entender as necessidades daquele colaborador. Ainda estamos em pandemia e muitas pessoas foram atravessadas por lutos, dívidas, separações. Precisamos de lideranças que desenvolvam uma compaixão sábia, isto é, que acolham e busquem entender as necessidades de cada colaborador, ao mesmo tempo em que criam um olhar atento para as qualidades e competências de cada um.

OP - A pandemia evidenciou muitos problemas. Como as empresas devem lidar nesse processo de retorno ao presencial?

Carine - Durante o retorno presencial, as empresas precisam lidar de forma muito mais humana e compreensiva com os colaboradores, tendo em vista que o período de isolamento social mexeu muito com a saúde emocional das pessoas. O essencial neste momento é que as lideranças mostrem a sua empatia e a sua compaixão, promovendo espaços de escuta sensível e troca mútua para o fortalecimento de ambientes psicologicamente saudáveis e seguros. Quando as lideranças estão comprometidas com a saúde integral de seus funcionários, esses colaboradores tendem a se sentir mais valorizados e confiantes na organização.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 03.11.2021: Aneel assina regulamentação de sistema de energia hibrida na FIEC. Presidente da Sindienergia Luis Carlos Queiroz  (Thais Mesquita/OPOVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 03.11.2021: Aneel assina regulamentação de sistema de energia hibrida na FIEC. Presidente da Sindienergia Luis Carlos Queiroz (Thais Mesquita/OPOVO)

Iniciativa de empresa cearense recebe reconhecimento internacional

Exemplo de empresa engajada na promoção de saúde e qualidade de vida dos funcionários é a cearense B&Q Energia. Pertencente a um setor que envolve alto risco nas atividades operacionais, a empresa promove há dez anos o Pacto pela Vida. O CEO da B&Q Luis Carlos Queiroz, enfatiza que a iniciativa se estende desde a saúde laboral até o cuidado no ambiente familiar.

A iniciativa prevê que todos os eletricistas assinem um termo de responsabilidade, comprometendo-se a cuidar de si e de companheiros de trabalho. Um familiar é avalista e analisará o cumprimento dos termos em casa e a empresa no trabalho. Na assistência, a empresa dispõe de atendimento psicológico e, durante a pandemia, fez convênio médico diferenciado para todos os funcionários. O serviço segue à disposição mesmo depois do pico da doença e é permanente.

O Pacto pela Vida ganhou destaque em evento internacional da Enel em Roma, em 2019. E, recentemente, a B&Q foi uma das 25 empresas brasileiras convidadas pelo Sesi para o projeto 100% Saúde. "O nosso DNA é cuidar de pessoas, que são nosso maior bem, são 5,5 mil trabalhadores no Brasil e outros 600 na Colômbia. Somos uma atividade que não parou nos últimos anos, mantivemos a cidade iluminada e, não só os policiais, trabalhadores de supermercados, farmácias, mas também nossos eletricistas merecem todo reconhecimento", diz Luis Carlos.

(Samuel Pimentel)

O que os setores estão fazendo

Em resposta às problemáticas, representantes dos setores se movimentam. Na indústria cearense, por exemplo, há o esforço do Sesi-CE, que vem desenvolvendo parcerias com empresas com foco na mudança de comportamentos de cuidado com a saúde, indo desde a vertente psicológica, nutrição e atividade física. Esse esforço gerou dois grandes cases: na Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e no Grupo BSPAR.

A psicóloga da área de Promoção da Saúde do Sesi-CE, especialista em Gestão em Saúde e Neuropsicodiagnóstico, Ana Karine Vasconcelos, enfatiza que ainda vivemos um cenário principiante em relação às ações. "Hoje temos muitas ações pontuais. Mas temos empresas que promovem uma cultura da saúde e qualidade de vida".

No comércio há esforço parecido no Sesc-CE. No Ceará, a entidade se apropriou da data e promove ações pontuais. O diretor regional, Henrique Javi, destaca que a promoção da saúde é uma das prioridades do Sesc, por isso vem promovendo ações como odontologia preventiva nas empresas, palestras e fortalecimento de ações culturais e de lazer.

Ele ainda lembra que pensando nos danos à saúde mental, o Sistema Fecomércio desenvolveu o Escuta Ativa. "Por conta do sofrimento causado pelo isolamento social, foi presente em todas as instituições do Sistema, estimulando um processo em que os RHs das empresas disponibilizam empresas que possam conversar com profissionais. Nas unidades do Sesc também temos o atendimento de psicólogos, com custos bem mais baixos que no mercado".

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