Até 2025, o Ceará tem o desafio de qualificar 289.168 mil pessoas em ocupações industriais, de acordo com dados do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, divulgados com exclusividade pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o O POVO. Em todo o País, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. A base desta pesquisa é a Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
Do total no Estado, 65,3 mil pessoas precisam de formação inicial, para repor inativos ou preencher novas vagas; e 223,8 mil de formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar. Ou seja, 77% da necessidade de formação nos próximos quatro anos será em aperfeiçoamento.
O Ceará tem uma ampla gama de oportunidades no setor industrial, pois é responsável pela participação de 13,35% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, mas para que essas vagas sejam ocupadas é preciso que o conceito de empregabilidade, ou seja, habilidades de um profissional, sua qualificação, e suas atitudes diante dos novos desafios estejam atualizados.
Atualmente, a qualificação está aquém da necessária e exigida. O mercado de trabalho atual passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva. É preciso investir, de forma particular ou empresarial, em aperfeiçoamento e requalificação.
O estudo tem duas frentes, para os empresários, que tomam consciência de quais áreas precisam investir em qualificação para seus colaboradores e, também, para políticas públicas de governo e do Sistema S. “O cenário atual é de baixo crescimento da indústria e há a necessidade deste aperfeiçoamento e formação continuada. Pois mais que as pessoas tenham uma formação técnica ou superior elas precisam se atualizar para o que o mercado de trabalho está demandando”, alerta Anaely Machado, especialista em Mercado de trabalho do Observatório Nacional da Indústria.
No Ceará, o diretor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Ceará), Paulo André Holanda, disse que este cenário é preocupante e desafiador. “No Brasil, e aqui no Ceará, a gente precisa capacitar e qualificar a mão de obra para indústria de uma forma que a gente tenha qualidade e não quantidade, para não termos pessoas com diplomas e sem empregos”, declara.
O diretor também destaca a importância do aperfeiçoamento para quem já está no mercado de trabalho. “Eles já estão dentro da indústria, mas precisam ter um refino e uma unidade curricular complementada, porque mudaram as máquinas e está tudo automático. O nosso Observatório da Indústria no Ceará fez um diagnóstico com todos os sindicatos e realmente coincidem com as pautas da CNI. Não existe inovação, sem conhecimento.”, informa, destacando, entre as áreas que demandam qualificação a Tecnologia da Informação e Comunicação com foco na Indústria 4.0, inteligência artificial e internet das coisas.
A entidade, em 2021, capacitou 48.953 pessoas em cursos técnicos, aprendizagem, qualificação profissional, iniciação e aperfeiçoamento profissional. “Uma grande performance. Este ano esperamos 53 mil espalhados em todo o Estado. Em junho iremos assinar com Sobral mais uma edição do Ocupa Juventude, que na primeira edição alcançou 86% de empregabilidade”, revela o executivo.
Outro exemplo que Paulo André cita é a parceria com a Vulcabrás, em Horizonte, para formar jovens para o primeiro emprego que vem sendo bem-sucedida. A ação nacional já formou 1830 pessoas com aproveitamento de 98% de mão de obra.
O diretor da confecção Vértice, Aluísio Ramalho Filho, conta que para essa retomada tem buscado profissionais mais qualificados e com experiência para algumas funções, já em outras ele prefere treinar na sua própria confecção. As demandas das áreas estão sendo sazonais. Hoje, a mais necessitada é a comercial com habilidade nos canis de venda digital e, também, marketing.
Um outro ponto observado é que muitos profissionais passam pelas empresas, aprendem, se qualificam e quando se sentem prontos vão empreender. “É uma coisa natural e para o setor é importante. Isso fortalece o setor e os cursos profissionalizantes ensinam todo o processo. Muitas vezes elas continuam se relacionando com as empresas que já trabalharam”, analisa ele.