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Mercado pet ganha força e se expande
Economia

Mercado pet ganha força e se expande

O segmento passa por aquecimento e movimentou R$ 34,4 bilhões no último ano. Tornar os animais parte integrante da família é o que explica a expansão do setor
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SANDRA Ribeiro, professora, tem quatro gatos e reserva parte do orçamento para os cuidados com os felinos  (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES SANDRA Ribeiro, professora, tem quatro gatos e reserva parte do orçamento para os cuidados com os felinos

O primeiro gatinho da professora Sandra Ribeiro, 51, veio como uma ideia de companhia para a filha autista. Era 2011, o marido relutou em aceitar. Sandra, que trazia na memória a brincadeira com os felinos que rodeavam o sítio dos pais na infância, insistiu. Oito anos se passaram, a população da casa aumentou: seis gatinhos já passaram pela família, e, atualmente, Penélope, Altaïr, Marry e o Senhor Wil são os donos do lar, dos corações e de parte do orçamento da família.

Hoje, até mesmo a reforma do apartamento tem uma demanda especial para a arquiteta: um corredor com prateleiras para a gatarada brincar. A afeição e a humanização dos cuidados com os animais de estimação explica o aquecimento do mercado de produtos e serviços para pets.

Segundo dados do Instituto Pet Brasil (IPB), o segmento no varejo movimentou R$ 34,4 bilhões em 2018 - uma alta de 4,6% em relação a 2017. O País ocupa agora o segundo lugar no ranking de maiores mercados pet - atrás de Estados Unidos.

"A relação que tem hoje em dia com eles é tão diferente que na minha infância não se pensava em qualidade de ração, caminha pra acomodar, brinquedo pra estimular, consultas periódicas, produtos para o pelo, areia confortável para a patinha. Hoje se pensa nisso tudo", comenta Sandra sobre o felinos que, conforme os dados, representam o maior aumento da população de pets no País, alavancando o segmento de produtos para eles. Em meses de vacinação e vermífugo, a professora estima gastos que beiram R$ 2 mil, quando a média mensal é de R$ 800.

Os cuidados se repetem também na casa do professor universitário João Henrique Viana, 39. Ele é tutor de quatro cães da raça yorkeshire. Tutti foi adotado em 2013 e nos anos seguintes João ganhou o Pingo, comprou a Funny de uma amiga, e, mais recentemente, o Bidu nasceu de uma gravidez da Funny. Os quatro o auxiliam a combater a ansiedade e a depressão.

Morando com o namorado, João estima que cerca de 20% do orçamento familiar vai para os pequenos. "Os cuidados com eles ultrapassam o amor, é um zelo muito grande. Nessa rotina estressante que a gente vive, chego em casa e vejo os rabinhos abanando, parece que tudo passa. Isso não tem preço", conta.

Os depoimentos vão ao encontro ao que Nelo Marraccini, vice-presidente de Comércio e Serviços do IPB, comenta. Para ele, o setor pet se desenvolve no Brasil por muitos fatores, mas "todos eles se relacionam à proximidade maior do animal de estimação com o cotidiano familiar" e "porque a importância desses animais para nossa sociedade é comprovada".

"Existem diversos estudos científicos que demonstram os benefícios físicos e psíquicos dos animais de estimação para idosos, crianças e casais sem filhos". Ele detalha que animais hoje são tidos como membros da família e se integram a composições familiares. "O aumento da expectativa de vida faz idosos desejarem os pets como companhia. Casais que optam por não ter filhos, ou um só, também tendem a ter mais pets".

Para suprir a demanda, um cenário especializado e em expansão tem se constituído. Há 34 anos no mercado, com 80 lojas pelo País, a rede Cobasi se instalou em Fortaleza recentemente. Gerente de Marketing da Cobasi, Daniela Bochi aponta o mercado da Capital como o segundo maior no Nordeste, e indica que a rede tem crescido em média 20% ao ano.

Número similar ao que estima o sócio-proprietário da Mundo Pet, Luís André Bastos. Em Fortaleza desde 2016, Luís acredita que o mercado tem melhorado nos últimos três anos e calcula cerca de 30 mil itens à venda na loja.

Os produtos são diversos e vão de unha postiça para gatos, passando por brinquedos, aquários, coleiras, acessórios, caixas de transporte, areia, roupas, bebedouros e comedouros. Mas o principal item na conta de faturamento desses estabelecimentos (que já chegam a 150 mil casas no Brasil) ainda é a ração.

As comidas para animais de estimação, as chamas pet foods, correspondem a 46,4% das vendas totais. "O mercado que mais cresce hoje é justamente das rações excelentes, porque, por mais que elas aparentem ser mais caras, o retorno a saúde dos animais é incalculável", comenta Luís.

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Novidades no mercado pet

Nos serviços, o IPB destaca apps para encontrar pet sitters, dog walkers ou transporte para o pet shop. Outra novidade é que o IPB criou o RG Pet, um banco de dados unificado que gera um número único para vincular informações do animal e do tutor. Para cadastrar tutores e pets é só acessar www.rgpet.org.br.

 

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