A Cimento Apodi anunciou investimento de R$ 300 milhões nas suas operações no Brasil para os próximos cinco anos. A informação foi divulgada pelo presidente da companhia, Adauto Farias Junior, durante lançamento nesta terça-feira, 24, da nova inteligência artificial (IA) que gerencia o processo de produção do moinho do Pecém, produzida em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) no Campus de Russas. 

O projeto de desenvolvimento da IA para a unidade do Pecém demandou 12 meses de trabalho com estudos e testes desenvolvidos por uma equipe de funcionários da companhia e de estudantes dos cursos de Engenharia de Software, Ciências da Computação e Engenharia de Produção. Por ser uma joint venture multinacional ligada aos gregos do Grupo Titan, o projeto contou com apoio da área de tecnologia - Group Engeneering & Technology (GET) da empresa da Grécia. O projeto recebeu R$ 182 mil.

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A Apodi estima reduzir os custos de produção em até 10% e, com a operação da IA em definitivo desde o fim de agosto, a produção no moinho do Pecém deve ser acrescido em 15% neste ano, em relação com 2018.

Adauto Farias Junior diz que a integração entre a companhia e a academia proporcionou o barateamento do projeto em comparação ao que seria cobrado se o trabalho fosse feito por uma organização internacional.

Para além da parceria na fábrica no Pecém, já existe plano de investimento a fim de desenvolver uma estrutura de IA similar na maior fábrica do grupo, em Quixeré (a 164 km de Fortaleza). A projeção é que a instalação na maior planta aconteça em até 18 meses, já que lá a estrutura é maior, com três moinhos e linha de fornos.

"É importante para toda a sociedade essa integração do setor privado e universidade. A Cimento Apodi nasceu e cresceu com inovação, e estamos constantemente olhando para esse caminho", destaca o presidente da Apodi.

O sistema da IA controla toda a operação da usina de cimento, sempre em busca do aumento da produtividade, mas com atenção a dados relativos à produção sustentável. A redução do consumo de água, energia elétrica, combustíveis fósseis e descarte de gases poluentes na produção são objetivos previstos neste sistema.

Além da inteligência artificial, que faz parte do projeto Apodi 4.0, que ainda vai desenvolver iniciativas como realidade aumentada na planta de Quixeré, virtualização de sistemas, rastreamento de caminhões, eficiência energética e redução do consumo de água.

O consultor de automação e integração e gestor do projeto, Thiago Giampietro, destaca que a otimização proporcionada pela IA fez com que a produção de cimento fosse incrementada durante o período de testes. Um recorde de produção foi contabilizado, com a melhoria dos processos, algo responsável por melhorar a qualidade do produto.

"Após a coleta de dados de produção e análise, foi feito um processo de machine learning da produção do moinho. O programa vem para estabilizar a operação, independentemente do dia ou da hora, pois quem a controla é a IA. E com essa estabilização geramos economia", ressalta.

O vice-coordenador de Graduação do Curso de Engenharia de Produção do Campus de Russas da UFC, Dmontier Aragão, comenta que, num projeto como esse - que teve a tecnologia desenvolvida do início, sem gerar custos de patenteamento para a Apodi - academia ou indústria sozinhos não conseguiriam resultado semelhante, um software que gerencia de forma quase autônoma o moinho de cimento que opera com o modelo FLS Smith de três rolos.

"Foi essa união que permitiu todo esse resultado" acrescenta. Desde a assinatura do contrato, em julho de 2018, e visita e autorização da Titan, em outubro, uma série de testes foi realizada até maio deste ano. E, entre julho e agosto, foram realizados os testes finais até que em 31 de julho ocorreu a entrega final. E especulado ainda a expansão do projeto para unidades do Grupo Titan mundo afora.

"Consumidor formiga"

Segundo o presidente da Apodi, o consumo do cimento em varejo é o que lidera as vendas com folga. A proporção de negócios é de 70% de mercado em favor dos consumidores de pequenos varejos.

 

PRODUTIVIDADE GERADA PELA IA

Cimentos do tipo CP-IV (FA)
Antes: 58 toneladas por hora (tph)
Depois da IA: 66 tph
Variação: +14%

Cimentos do tipo CP-IV (BA)
Antes: 76 tph
Depois da IA: 92 tph
Variação: +21%

Cimentos do tipo CP-II
Antes: 55 tph
Depois da IA: 62 tph
Variação: +13%