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Engenheiro afirma que pediu escoras para o Edifício Andréa
Economia

Engenheiro afirma que pediu escoras para o Edifício Andréa

Andresson Gonzaga, responsável pela obra no prédio que desabou em Fortaleza, depôs numa comissão administrativa no Crea-CE
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RODA DE ORAÇÃO no local marcou sétimo dia da tragédia (Foto: AURELIO ALVES)
Foto: AURELIO ALVES RODA DE ORAÇÃO no local marcou sétimo dia da tragédia

O engenheiro José Andresson Gonzaga dos Santos afirmou ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE) que "não houve tempo" para avisar que o Edifício Andréa "deveria ser evacuado" na última terça-feira 15, quando o prédio de sete andares desabou em Fortaleza. O depoimento foi dado, ontem, para uma comissão administrativa instalada pelo Crea-CE para apurar as responsabilidades de Andresson Gonzaga na tragédia que terminou com o soterramento e a morte de nove pessoas na rua Tibúrcio Cavalcante, no bairro Dionísio Torres.

Durante uma hora e meia, de acordo com o advogado Brenno Gomes de Almeida, Andresson Gonzaga respondeu a uma série de questionamentos técnicos feito por sete engenheiros do Crea-CE.

Andresson Gonzaga, que foi contratado para fazer uma reforma nas pilastras do Edifício Andréa, afirmou que na manhã da última terça-feira se encontrava no térreo do prédio com a síndica Maria das Graças Rodrigues, o engenheiro Carlos Alberto, o pedreiro Amaury e um zelador.

Naquele dia, segundo o advogado, Andresson afirmou que não houve muito esforço para que grande parte do reboco de duas colunas caísse ao ser tocado pela ferramentas do pedreiro Amaury.

"Ele declarou ao Crea-CE que o reboco das pilastras estava fofo e se desmanchou, expondo os ferros já em alto grau de corrosão. Quando isso aconteceu, em duas das 16 pilastras, ele e a síndica concordaram que precisava reforçar o pedido de escoramento feito a uma empresa contratada pela Alpha Engenharia Ltda", relata o advogado.

Andresson Gonzaga e Carlos Alberto, segundo versão reproduzida pelo advogado Brenno Almeida, teriam saído do prédio para comprar mais material de construção e acelerar a vinda das escoras. "Depois que constaram que a situação era estranha, segundo meu cliente, o pedreiro deixou de intervir nas colunas e foi recolher o entulho de lá e da casa das bombas que também estava em situação precária", revela Brenno Almeida.

Porém, narra o advogado, 15 minutos depois de saírem do Edifício Andréa, a síndica Maria das Graças teria enviado uma mensagem pelo Whatsapp pedindo que os engenheiros retornassem porque "algo de errado estaria acontecendo no prédio". A conversa, de acordo com Brenno Almeida, está registrada no telefone celular de Andresson.

Os dois voltaram e entraram no térreo do edifício como mostram as imagens das câmeras de segurança. Pouco tempo depois, um pedaço de reboco teria despencado do 4º ou 5º andar. Hora em que o desabamento teria se iniciado. "O Andresson disse que não teve chance de informar que o prédio tinha de ser evacuado, foram dois, três segundos e tudo veio abaixo", reproduz o advogado.

Para os engenheiros do Crea-CE, afirma Brenno Almeida, Andresson Gonzaga sustentou que o pedreiro não retirou "concreto nem a armação" das duas colunas. E, provavelmente, segundo o advogado, nem as escoras evitariam a tragédia. Conforme O POVO apurou, a empresa que forneceria as escoras já havia sido acionada. A implantação estava marcada para o dia seguinte ao do desabamento.

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