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Em cinco anos, 41 agências bancárias fecharam no Ceará
Economia

Em cinco anos, 41 agências bancárias fecharam no Ceará

Fechamento de agências bancárias preocupa consumidores que ainda não têm o hábito de utilizar serviços pela internet
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BRADESCO da rua Barão do Rio Branco, no Centro da Cidade (Foto: ALEX GOMES/Especial para O POVO)
Foto: ALEX GOMES/Especial para O POVO BRADESCO da rua Barão do Rio Branco, no Centro da Cidade

O anúncio do fechamento de cerca de 400 agências do Itaú Unibanco e também do Bradesco em todo o País expôs algo que os consumidores já têm observado: a diminuição de unidades físicas espalhadas pelas cidades. No Ceará, 41 filiais bancárias (considerando todos os bancos) fecharam as portas nos últimos cinco anos, entre dezembro de 2014 e setembro último.

Os dados do Banco Central mostram que, somente na passagem de 2016 para 2017, 26 lojas foram extintas. A modernização das instituições financeiras tradicionais e o crescimento das chamadas fintechs (bancos digitais) refletem neste indicador, além da mudança no comportamento de consumo.

Embora o número não seja expressivo no Estado, o temor dos clientes é que isso se torne mais comum, gerando difícil acesso aos serviços bancários para quem mora em áreas distantes ou não têm condições de aderir a transações onlines. Outro ponto é a demissão de funcionários.

O Itaú, por exemplo, pretende fechar 400 unidades em 2019, atingindo 4 mil trabalhadores. Um total de 3,5 mil aderiu ao programa de demissão voluntária (PDV). O Objetivo é a redução de R$ 300 milhões dos custos operacionais. O Bradesco fechará 450 pontos até 2020, com 3 mil pessoas no PDV.

Para Cláudia Buhamra, doutora em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autora do livro "Gestão de Marketing no Varejo - Conceitos, Orientações e Prática", existe a indústria 4.0 (uso de tecnologias para processos industriais básicos) para buscar conveniência e facilidade para o cliente. Segundo ela, a sociedade demanda isso, já que uma empresa não se automatiza por uma decisão unilateral, e, sim, quando há uma busca.

Segundo ela, a questão social é muito mais preocupante atualmente que a mercadológica. "O cliente se adapta facilmente, já o mercado tem um pouco mais de dificuldade de absorver essa mão de obra que ficará disponível".

Conforme a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a cada 10 transações, com ou sem movimentação financeira, seis são feitas por meios digitais, incluindo celular ou computador.

O economista Gilberto Barbosa, sócio da consultoria Financeira Arêa Leão, explana que "há uma tendência de app e utilização de smartphones independentemente da classe social". "Pode ser que em alguns lugares não tenha acesso (à internet), mas o que a gente vê para o futuro é que esse acesso é mais necessário", diz.

Alguns já não abrem mão de ir à agência, como a professora Emília Severo, 62. "Se fecharem, nem sei como vai ser. Ainda não confio no serviço online". Já o eletricitário Geraldo Sales, 62, conta que utiliza tanto os serviços no aplicativo quanto no estabelecimento do seu banco. "Eu me adaptei, mas, como ficará para quem mora no Interior?", questiona.

Thiago Fujita, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), destaca que a medida não pode afetar aos usuários. Quem se sentir lesado deverá procurar os órgãos de defesa para denunciar. A entidade irá questionar os bancos sobre como ficará a situação no Estado.

Carlos Eduardo Bezerra, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, reitera que as demissões são preocupantes e provocam transtornos. "A pessoas falam da indisponibilidade de agências e caixas eletrônicos para fazer circular o sistema de pagamentos", pondera. Carlos indica que parte da população, como beneficiários do Bolsa Família e de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), é a mais prejudicada.

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