No Ceará, um a cada quatro desempregados estão procurando emprego há mais de dois anos. São 119 mil pessoas nesta situação. Somadas aos demais que estão fora do mercado o contingente de desempregados no Estado chegou a 467 mil no terceiro trimestre deste ano. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de desocupação (11,3%) é muito próxima a observada no trimestre anterior (10,9%) e no mesmo período do ano passado (10,6%).
Não apenas neste indicador. Em um ano, também quase não houve variação significativa no número de pessoas ocupadas (eram 3.666 milhões de pessoas no terceiro trimestre de 2018 e,no deste ano 3.675 milhões), entre os que estão subocupados (variação de 3,9%) ou entre aqueles que já desistiram de procurar empregos, os desalentados, que chegou no último trimestre à marca de 364 mil pessoas. A renda média do trabalhador cearense foi de R$ 1.626. Diferença de R$ 39 em relação a de doze meses atrás (R$ 1.587).
Estatisticamente essas variações não podem ser consideradas uma tendência de melhora ou piora por estarem dentro da margem de erro da pesquisa, explica o analista de mercado de trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), Mardônio Costa. Porém, se essa estabilidade, por um lado, pode ser considerada um alívio, é também uma fonte de preocupação.
Ainda mais considerando que o contingente de pessoas no Estado que estão subutilizadas - grupo que reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados, os desalentados e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos - estagnou em um patamar alarmante: 1,2 milhão de pessoas. "Reflete o baixo nível de atividade econômica no Estado, com crescimento em torno de 1%, e do próprio consumo, o que está postergando um avanço mais consistente na geração de empregos".
Também ressalta que o que tem segurado o nível de ocupação no Estado é a informalidade, que de julho a setembro chegou a 54,5% da força de trabalho. Há um ano era 54,9%, "São pessoas que não tem qualquer proteção trabalhista".
A analista da PNAD Contínua do IBGE, Adriana Beringuy, pondera, no entanto, que o cenário cearense reflete o que está acontecendo na região Nordeste como um todo. "Não há um movimento forte de absorção de trabalhadores. No Brasil, a situação é um pouco melhor por conta do movimento de expansão na construção civil na região Sudeste e mais especificamente em São Paulo".
Para o economista Gilberto Barbosa medidas como a MP Verde e Amarelo, que tem como foco estimular a geração de empregos na faixa etária entre 18 a 29 anos, podem ajudar pontualmente a amenizar os índices, mas a retomada do emprego de fato só virá com um crescimento mais robusto do Produto Interno Bruto (PIB), melhora da confiança e do consumo.
Ele acredita, no entanto, que a partir do ano que vem a perspectiva é de melhora. "Com as reformas andando a tendência é melhorar o ambiente macroeconômico. No Sudeste já é possível observar alguma melhora, acredito que isso deve chegar também ao Nordeste".
Cor
A taxa de desemprego entre os brasileiros que se declaram brancos (9,2%) permaneceu significativamente abaixo no terceiro trimestre da taxa de desocupação dos autodeclarados pretos (14,9%) e pardos (13,6%).