O potencial do Ceará na produção de energia limpa mostra seus resultados com os dados divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que apontam crescimentos de 1.362% na geração de energia fotovoltaica e 7% na eólica. Em 2019, foram produzidos 825,29 Megawatts (MW) na matriz baseada nos ventos e 44,87 MW na solar.
De acordo com o presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará e consultor da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, o amplo crescimento da produção de energia solar é esperado pelo desenvolvimento da geração fotovoltaica que aconteceu durante o ano passado. Ele lembra que, na maior parte de 2018, a base de comparação é bem pequena.
Além disso, o Ceará tem se destacado nos leilões de energia realizados pelo Governo Federal, principalmente em geração fotovoltaica. No Estado já existem projetos em desenvolvimento para matrizes renováveis a serem lançados nos próximos anos. Entre esses o de usina eólica offshore (no mar), que no próximo mês terá uma audiência pública promovida pelo (Ibama) e é o planejamento mais adiantado do País.
Mas o que preocupa o setor, tanto no caso do produção eólica offshore, quanto na geração distribuída (gerada pelo consumidor), é insegurança causada pela falta de legislação específica. "Essa é a garantia de que teremos", ressalta Picanço.
O doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Paderborn, na Alemanha, e professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Paulo Cesar Marques de Carvalho, analisa o resultado como positivo para o mercado de energia do Estado e ressalta que o aspecto principal para o crescimento fotovoltaico é porque está em evolução inicial. "No eólico o crescimento é menor por causa da operação".
Ele explica que o mercado cearense é observado pelos investidores e pesquisadores por possuir grande potencial. O desenvolvimento de projetos deve começar a aparecer como novidade nos próximos anos. "Vemos os parques eólicos em terra indo para as chapadas, como na Ibiapaba, Araripe. E no fotovoltaico o crescimento do residencial."
Para o gerente executivo Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), Ribamar Carneiro, o mercado de energia tem se desenvolvido bem por, entre outros fatores, ter infraestrutura de escoamento. "O Estado tem feito um grande trabalho e há um conjunto de ações que tem atraído investimentos ao Ceará".
"A partir do Atlas Eólico e Solar do Estado, a Fiec e o sindicato têm trabalhado na divulgação do mercado cearense e o potencial de geração de energia que o Ceará tem, não só nacional, mas internacionalmente", afirma.
Porém, ante dados positivos, o mercado de energia no Ceará passou também por momento de insegurança com a notícia de que a Wobben desinstalará sua principal unidade de pás eólicas. A informação foi publicada na coluna da jornalista Neila Fontenele, na última quarta-feira, 19. A empresa é uma das três do setor que estão ativas no Estado. Titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), Maia Jr. tranquiliza quanto aos prejuízos na arrecadação e geração de emprego. "Temos que aguardar a definição final, porém, há um fluxo: saem umas (empresas) entram outras. O espaço, havendo mercado, não fica vazio".
Veto
Foi mantido o veto de Bolsonaro ao PL 8322/14, que isenta do Imposto sobre Importação os equipamentos e componentes de geração elétrica de fonte solar. Pela proposta, a isenção somente será aplicada quando não houver similar nacional.