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Indústria e comércio, aos poucos, puxam reaquecimento da economia cearense
Economia

Indústria e comércio, aos poucos, puxam reaquecimento da economia cearense

Setores econômicos voltaram a crescer no Estado em junho e expectativa para os próximos meses é positiva, mesmo antes do fim da pandemia do novo coronavírus
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RETOMADA do comércio já movimenta o Centro da Cidade (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita RETOMADA do comércio já movimenta o Centro da Cidade

O processo de retomada da economia cearense começa a ser desenhado após a divulgação de dados de junho da indústria, que cresceu 39,2%, do varejo ( 29,3%), dos serviços ( 6,4%) e das atividades turísticas ( 13,2%). Os levantamentos foram realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgados nesta semana. Os dados são comparativos entre resultados de maio e junho.

Os números demonstram o primeiro e/ou o mais importante crescimento de cada um destes setores desde o início da pandemia do novo coronavírus. O resultado aponta mostrando que, mesmo de forma gradativa, a economia local se reaquece após o forte impacto da paralisação das atividades. Setor que puxou o crescimento no mês de junho, a indústria acumulou perdas de 63% somente no período entre março e abril e, de acordo com o economista e pesquisador do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), David Guimarães, a base de dados baixa justifica o tamanho do crescimento no mês.

Na Pesquisa Industrial Mensal, Ceará (39,2%) e Amazonas (65,7%) assinalaram os maiores avanços, com ambos marcando a segunda taxa positiva consecutiva. Dos 15 locais pesquisados, 14 tiveram desempenho positivo, na série com ajuste sazonal. Mas no acumulado do ano, a queda é de 22%.

David aponta que nesta retomada alguns setores saem à frente, como o de fabricação de produtos de metal, siderurgia e setor alimentício. Ainda destaca que outros setores, como o têxtil e de confecções, têm potencial de ganho rápido, pois são produtos de menor valor agregado, que, portanto, têm prioridade de consumo das pessoas, gerando maior demanda no comércio.

Mantendo-se o cenário atual numa "expectativa mais realista", a recuperação mais sólida só deve chegar no último bimestre do ano, avalia David. "Com a retomada de forma mais lenta, esperamos que 2021 tenha cenário mais positivo. Mês de julho vai ser crucial, principalmente pelo retorno das indústrias na Região Metropolitana de Fortaleza".

Ênio Arêa Leão, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), afirma que o pior momento já passou, mas é incerto como se dará a recuperação. A oferta de renda emergencial para as famílias mais pobres e o aumento da circulação de pessoas contribuiu para que a demanda dos setores aumentasse.

Para Ênio, a preocupação é que o crescimento do Brasil e do mundo é inflado e feito por base de auxílios, o que não deve durar muito mais tempo. "Esse dinheiro (das ajudas governamentais) vai direto para o consumo. Com o fim dessas ações devemos ver a diminuição do consumo das famílias, aliado a um aumento no nível de desocupados, já que as pessoas devem voltar a buscar empregos".

A recuperação dos setores ainda é lenta e a situação é crítica, já que muitos ainda buscam recuperação da crise econômica anterior, entre 2015 e 2016. No setor de serviços, entre março e maio, a queda foi de 25,4%. Já no comércio, no acumulado do ano, a redução do volume de vendas foi de 6%. O maior impacto é no turismo, com queda acumulada de 39,2% em 2020.

Retomada em junho no Estado
Retomada em junho no Estado (Foto: luciana pimenta)


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