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Na hora de se reinventar, mulheres tomam a dianteira nos negócios
Economia

Na hora de se reinventar, mulheres tomam a dianteira nos negócios

Apesar de sentirem mais o impacto da crise que os homens, pesquisa do Sebrae mostra que as mulheres estão caminhando mais rápido no processo de reabertura
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 ROBERTA Pereira foi uma das mulheres a se reinventarem (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira  ROBERTA Pereira foi uma das mulheres a se reinventarem

Depois de dez anos de muito trabalho, Roberta Pereira, 39 anos, viu seu negócio, a Bonjardim Ambiental, que presta serviço de jardinagem e vende insumos para implantação de áreas verdes, quase ruir por conta da pandemia. Portas fechadas, funcionários em casa e contas que não paravam de chegar, ela começou a buscar alternativas.

Ao invés de somente anunciar seus produtos, fez vídeos ensinando o passo a passo de como as pessoas poderiam cuidar do seu próprio jardim em casa. Também fez uma espécie de cardápio dos seus produtos e passou a comercializá-los pela internet, acrescentou delivery ao leque de serviços. Aos poucos, aquele que foi um dos momentos mais desesperadores da sua vida como empresária, começa a dar sinais de que o pior ficou para trás.

"Nunca pensei passar por uma situação como essa da pandemia, mas comecei a trabalhar de outra forma e vi que poderia dar certo. O mercado não é mais o mesmo e percebi que cada vez mais temos que ir até o cliente".

Assim como Roberta, muitas mulheres estão tendo de encontrar caminhos para dar continuidade aos negócios em meio a crise econômica, agravada pela pandemia. O que não é fácil.

Uma pesquisa do Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), para monitorar o impacto da pandemia nos pequenos negócios, mostrou, em maio, que as mulheres foram as mais afetadas pela crise (52% fecharam temporariamente ou de vez), contra 47% dos homens. Além disso, a proporção de empresárias com dívidas em atraso (34%) era maior que a encontrada entre os homens (31%).

Porém, são também as mais resilientes. O levantamento mais recente, feito entre 27 a 30 de julho, aponta que, agora, no processo de retomada, as mulheres estão caminhando mais rápido no processo de reabertura (55%), ante 51% dos homens.

A sondagem, que ouviu mais de 6,5 mil empreendedores em todos os estados e no Distrito Federal, aponta ainda que seis em cada dez mulheres estão funcionando com mudanças por causa da crise.

Neste contexto, elas que já eram maioria dentre as que faziam uso das redes sociais, aplicativos ou internet para comercializar seus produtos, antes da pandemia, também prevalecem entre os que buscaram outros meios para vender por causa da crise (17%, ante 14% dos homens) e os que migraram para as vendas online (38%, oito pontos percentuais a mais que dentre os homens).

Para a articuladora regional do Sebrae no Ceará, Wandrey Pires, a necessidade é a força que historicamente tem empurrado muitas mulheres a se adaptar aos momentos de crise. Mas há também fatores comportamentais. "Elas são mais abertas a mudanças. Quando tem oportunidade de acessar ao mercado e empreender as mulheres costumam fazer com mais criatividade e diversidade, lidam com diferentes pressões".

Ela reforça que empreender, para muitas mulheres, vai além do negócio em si. "Significa dar melhor oportunidade para a família, virar dona da própria história, há muita coisa envolvida".

 

Inscrições para o projeto Mulher Empreendedora seguem até dia 31

Em Fortaleza, projeto da Prefeitura pretende impulsionar 80 negócios tocados por mulheres. A 3ª edição do Mulher Empreendedora, que tem por objetivo estimular o empreendedorismo feminino, prevê acesso a financiamento orientado de até R$ 15 mil, além de capacitações e consultorias.

As inscrições seguem até o dia 31 deste mês pelo site do programa digital.fortaleza.ce.gov.br/desenvolvimento-economico/mulherempreendedora

Ao todo, a iniciativa vai investir até R$ 1,2 milhão. E beneficiará grupos com até três empreendedoras ou de forma individual, sendo obrigatório que o gestor principal seja mulher e tenha a partir de 18 anos de idade.

É necessário também que as interessadas sejam moradoras de Fortaleza, possuam ou desejem possuir empreendimento na capital cearense. As beneficiadas pagarão apenas 60% do valor recebido, com carência de 6 meses, dividido em 15 parcelas mensais sem juros.

De acordo com o titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), Raimundo Pinho, o projeto já beneficiou mais de 360 mulheres empreendedoras, com a implantação de 140 negócios nas duas edições anteriores.

"É uma iniciativa que vem mudando a vida de várias pessoas. Um projeto que toca em uma pauta muito importante que é a do empreendedorismo feminino. Muitas empresas estão sendo geridas por mulheres aqui em Fortaleza e a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, lançou esse projeto para tentar fortalecer ainda mais essa questão".

Ele explica que serão aceitos negócios de diversas áreas, como confecção, alimentação, beleza, tecnologia da informação, dentre outras. Cada empreendimento receberá financiamento orientado para compra de máquinas, insumos e
equipamentos.

"Não é só o financiamento, também promovemos capacitações para gestão dessas futuras empreendedoras e ainda fornecemos também orientação técnica por 12 meses para ajudar no processo de implantação e bom uso do recurso recebido".

Não podem participar quem já se beneficiou com recursos em edições de programas de financiamento da SDE, seja o Programa Credjovem, ou outras edições do Projeto Mulher Empreendedora.

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