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Bolsonaro pede demissão de presidente da Petrobras e indica general para vaga
Economia

Bolsonaro pede demissão de presidente da Petrobras e indica general para vaga

O temor de interferência política na Petrobras fez as ações da empresa caírem ontem, somadas, mais de 14,5% na bolsa brasileira, a B3
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General Joaquim Silva e Luna não completou sequer um ano na direção da Petrobras (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil General Joaquim Silva e Luna não completou sequer um ano na direção da Petrobras

O governo federal anunciou, no início da noite de ontem, 19, que vai trocar o presidente da Petrobras. Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou que "decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para uma nova missão, como conselheiro de administração e presidente da Petrobras, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco". Silva e Luna tem 71 anos, é general e atualmente é presidente de Itaipu. Ele já foi ministro da Defesa.

Em nota, a Petrobras informou ontem ter recebido ofício do MME solicitando a convocação de Assembleia Geral Extraordinária para promover a substituição e eleição de membro do Conselho de Administração. Assim, o Conselho ainda precisa aprovar o nome indicado. O governo, porém, tem maioria no colegiado de 11 membros. Ainda no comunicado, a "Petrobras esclarece que o presidente Roberto Castello Branco e demais Diretores Executivos da empresa tem mandato vigente até o dia 20 de março de 2021".

O temor de interferência política na Petrobras, com ameaça reiterada do presidente Jair Bolsonaro ao presidente da estatal, fez as ações da petroleira caírem ontem, somadas, mais de 14,5% na Bolsa brasileira, a B3. No total, a empresa perdeu quase R$ 30 bilhões em valor de mercado. "Anuncio que teremos mudança, sim, na Petrobras", disse Bolsonaro no começo da tarde de ontem. O presidente, no entanto, acrescentou que "jamais vamos interferir nessa grande empresa, na sua política de preço".

Os comentários acontecem um dia depois de ele anunciar que vai zerar os tributos federais sobre o diesel, após novo anúncio de reajuste dos combustíveis pela Petrobras. A medida, porém, para se oficializar precisaria de um corte de orçamento ou geração de uma nova fonte de receita, ou estaria infringindo um dos artigos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Bolsonaro considerou o aumento, o quarto do ano, "fora da curva" e "excessivo". Durante sua live semanal no Facebook, na quinta-feira, 18, ele reforçou que não pode interferir na estatal, mas ressaltou que a medida "vai ter consequência".

Após o anúncio, já após o fechamento da B3, as ações da Petrobras continuaram em queda, agora na Bolsa de Nova York. A queda passou dos 9% nas negociações after market (que acontecem após o fechamento do pregão).

Na avaliação do economista e advogado Rodrigo Guedes Nunes, do escritório Harris Bricken, as ações do presidente podem gerar um grande impacto negativo na política econômica do País, com repercussões no controle fiscal e gera uma insegurança ainda maior sobre a economia brasileira.

"Logicamente, o presidente tem a liberdade de agir, por meio de decreto, para zerar impostos e também de demitir o presidente da Petrobras. Entretanto, essas medidas tomadas de forma atabalhoada, sem um estudo e planejamento, podem ser um verdadeiro "tiro no pé". A interferência na Petrobras é péssima, além de manchar a imagem do país interna e externamente, mina a credibilidade para os investidores e pode criar um efeito cascata negativo em outros setores da economia", afirma.

Ainda ontem, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) anunciou que instaurou um inquérito administrativo para investigar práticas anticompetitivas no mercado de postos de gasolina no Distrito Federal e monitoramento do mercado revenda de combustíveis em todos os estados para rastrear "possível comportamento oclusivo". (com informações da Agência Estado)

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