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Fusão de cearense Hapvida com paulista Intermédica é a maior do País desde 2008
Economia

Fusão de cearense Hapvida com paulista Intermédica é a maior do País desde 2008

Somados os dois grupos têm valor de mercado estimado em R$ 110 bilhões e uma carteira de mais de 13 milhões de clientes
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Hapvida conta hoje com mais de 6,7 milhões de clientes (Foto: Aurélio Alves)
Foto: Aurélio Alves Hapvida conta hoje com mais de 6,7 milhões de clientes

O fechamento de acordo para a fusão do Sistema Hapvida com o Grupo Notre Dame Intermédica (GNDI) anunciado no sábado, 27, já é o maior do mercado brasileiro desde 2008.

Juntas as duas gigantes operadoras de planos de saúde têm valor de mercado estimado em mais de R$ 110 bilhões, cerca de 20% do mercado nacional, sendo a segunda maior companhia de saúde na B3, atrás apenas da Rede D’Or, avaliada em quase R$ 135 bilhões.

 

 

O acordo prevê que a cearense Hapvida detenha o controle do negócio, ou 53,6% das ações da nova empresa a ser criada após a autorização da fusão pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgãos reguladores que avaliaram a legalidade da operação.

A companhia combinada, porém, contará com dois co-CEOs: o diretor-presidente do GNDI, Irlau Machado Filho, e o diretor-presidente do Hapvida, Jorge Pinheiro. “Tenho a certeza de que, em breve, teremos todas as aprovações. A gente poderia citar uma série de números dessa combinação, como os quase 90 hospitais, divididos pelas 5 regiões brasileiras, mas o racional mais importante e significativo dessa operação é, sem dúvida nenhuma, a nossa vontade de cada vez mais ampliar e cuidar do brasileiro”, exaltou Pinheiro em vídeo divulgado à imprensa.

Segundo os dados mais recentemente divulgados, a nova empresa já nasce com uma carteira de 13,5 milhões de clientes, quase 90 hospitais, mais de 250 unidades de diagnóstico e cerca de 280 clínicas. Além da ampliação estrutural, inclusive com a complementaridade geográfica de atuação das duas empresas, a operação visa integrar produtos, recursos e soluções de saúde, bem como reduzir custos, otimizar processos e consolidar bases acionárias das empresas. A propósito, os acionistas de ambas as empresas não terão direito de retirada em função da operação.

Para o conselheiro e presidente do Comitê de Fusões e Aquisições do Hapvida, Geraldo Luciano, a negociação para a fusão “tornou-se algo extremamente sinérgico, o que foi chancelado pelo mercado com valorizações expressivas nas ações das duas companhias". Ele acrescenta que a aposta do Hapvida no mercado de capitais e no fortalecimento da governança fez com que a empresa se tornasse a “consolidadora do sistema de saúde no Brasil e um “gigante no mercado”. Aliás, as duas empresas têm histórico recente de expansão e de novas aquisições. Com a fusão, a expectativa dos analistas é que, além de se consolidar como um dos maiores players do mercado nacional, a companhia combinada chame atenção do capital estrangeiro.

Conforme o presidente da Associação dos Profissionais de Investimento do Nordeste (Apimec-NE), Célio Fernando Bezerra Melo, “é possível vislumbrar, no médio ou longo prazo, também um movimento de expansão do novo grupo para América Latina e/ou África, especialmente em países como o Chile e o México, que têm características jurídicas e de mercado similares às do Brasil”.

O analista avalia também que o contexto da pandemia de Covid-19 coloca em evidência o segmento em que as duas empresas atuam e favorece o sucesso da operação. “A atual crise sanitária evidenciou os problemas do sistema de saúde e a necessidade de fortalecê-lo e isso é benéfico para as operadoras”, pondera.

O Hapvida e o GNDI informaram que vão realizar uma teleconferência em português (com tradução para o inglês) para acionistas, analistas, investidores e o mercado em geral para falar sobre a potencial operação em data e horário a ser divulgado em breve. (Com informações de Jocélio Leal)

O tamanho da nova rede*

CARTEIRA DE CLIENTES

13,5 milhões de beneficiários

HOSPITAIS

84

CLÍNICAS

280

UNIDADES DE DIAGNÓSTICO

257

* Dados de setembro de 2020 

 

Linha do tempo da união das gigantes

8 de janeiro de 2021 | Hapvida confirma que apresentou proposta não vinculante para uma possível fusão à Notre Dame Intermédica, que resultará na consolidação das bases acionárias das duas empresas.

11 de janeiro de 2021 | Grupo Notre Dame Intermédica reforça a existência de uma proposta não vinculante de combinação de negócios realizada pela Hapvida Participações e Investimentos S.A., mas esclarece que a proposta ainda está sujeita à avaliação e, potencialmente, negociação pela administração da Companhia, de forma que a combinação de negócios "é incerta". Hapvida apresenta inda ao mercado os números de uma possível junção com o Grupo GNDI: 13,595 milhões beneficiários de assistência médica e odontológica, segundo dados de setembro de 2020.

15 de fevereiro de 2021 | As negociações para a fusão das operadoras de saúde Hapvida e o Grupo Notre Dame Intermédica seguem avançando, mas ainda não foram finalizadas. Comunicado relevante aos investidores pela empresa cearense traz que a ideia é de que, quando a operação estiver concluída, a nova estrutura tenha dois CEOs. Neste caso, as companhias combinadas manteriam no comando os atuais administradores da GNDI, Irlau Machado Filho, e o do Hapvida, Jorge Pinheiro.

27 de fevereiro de 2021 | Hapvida e Notre Dame Intermédica chegam a acordo para combinação de negócios.

 

Hapvida

A Hapvida nasceu em 1979, quando Cândido Pinheiro, médico oncologista, abriu uma clínica, que mais tarde se tornou um hospital com planos de saúde. Com capital aberto na Bolsa desde 2018, a empresa fez mais de R$ 2 bilhões em aportes para aquisições no ano passado.

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