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Migração do sinal de parabólicas atingirá 1,2 milhão de domicílios no CE
Economia

Migração do sinal de parabólicas atingirá 1,2 milhão de domicílios no CE

Processo é necessário por conflito entre faixas de frequência da transmissão de sinais de TV com os da nova geração de internet móvel
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ANTENAS parabólicas são único meio de acesso à TV em 399 mil domicílios cearenses (Foto: Sara Maia, em 03/08/2011)
Foto: Sara Maia, em 03/08/2011 ANTENAS parabólicas são único meio de acesso à TV em 399 mil domicílios cearenses

Elas estão presentes em 43 de cada 100 lares cearenses. Estamos falando das antenas parabólicas, tecnologia que leva sinal de televisão via satélite, mesmo para as localidades mais remotas.

Mas o que foi considerado um avanço nas telecomunicações durante o século XX, quase se tornou um entrave para a implantação do sistema 5G no Brasil, que permitirá a transmissão de dados de internet em altíssima velocidade.

Isso porque uma das faixas de frequência a serem utilizadas para transmissão de dados da internet 5G, a de 3,7 GHz, já é usada para enviar sinais de TV para antenas parabólicas. Atualmente, as antenas parabólicas operam na frequência entre 3,7 GHz e 6,45 GHz, na chamada banda C. Já a tecnologia 5G destinada ao consumidor final precisa operar entre as frequências de 3,3 GHz e 3,7 GHz, o que poderia causar interferências ou até mesmo derrubar o sinal de televisão de quem usa antena parabólica.

Para resolver o impasse, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu que as transmissões para quem usa antena parabólica passem a ser feitas na banda Ku, que opera em frequências entre 15,35 GHz a 17,25 GHz. Além disso, o órgão regulador estabeleceu no edital para o leilão do 5G que as operadoras interessadas em atuar com essa tecnologia no Brasil serão responsáveis por instalar kits adaptadores nas residências dos usuários de antena parabólica para que eles passem a receber o sinal de televisão já na nova faixa de frequência e com imagem digital, em vez de analógica, como é hoje.

Segundo detalhou o conselheiro da Anatel, Carlos Baigorri, na coletiva de lançamento do edital de licitação do 5G, realizada no último dia 26, "as pessoas vão receber um kit gratuito, que vai conter uma antena menor, pois a parabólica em si vai parar de funcionar". A agência explicou ainda que será criada uma entidade, a ser gerida pelas empresas vencedoras do leilão (previsto para julho), que coordenará a distribuição e a instalação desses equipamentos.

No Ceará, por exemplo, 1,2 milhão de domicílios (43,2% do total) usam antena parabólica. Desse número, quase 399 mil lares (13,9% do total) têm como única forma de acesso à programação de TV o uso de tais equipamentos. Os dados são os mais recentes coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e constam da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios - Única (Pnad Única) de 2018, que foi focada em informações sobre as telecomunicações no Brasil. O estudo mostra, ainda, que o Estado tem média superior à do País no que se refere ao uso de antenas parabólicas. No Brasil, 20,8 milhões de lares (30% do total) possuem o equipamento, sendo que em 4,8 milhões (6,9% do total) esse é o único meio para se assistir televisão.

De acordo com o professor titular de Telecomunicações da Universidade Federal do Ceará (UFC), Rodrigo Porto, "a Anatel foi correta ao levar em conta essa realidade que, inclusive, é uma característica muito particular do Brasil e de alguns outros países emergentes, já que as parabólicas são equipamentos de custo mais acessível em regiões mais carentes. Isso não é um problema na Europa ou nos Estados Unidos que podem implantar o 5G sem maiores preocupações, mas aqui era uma questão realmente relevante".

Ele relembra que o País já passou por desafios similares na implantação de outras tecnologias de telecomunicação, tais como a TV Digital e o 4G.

 

SOBRE O EDITAL

O edital de licitação do 5G ainda precisa passar pela avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU). Além da faixa de 3,5 GHz, destinada ao consumidor final, também serão ofertadas outras três faixas: as de 700 MHz e de 2,4 GHz, inicialmente para melhoria dos serviços de 4G já existentes; e a faixa de 26GHz, para 5G em banda larga fixa.

 

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