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Marketplace impulsiona de pequenos comerciantes a grandes marcas na pandemia
Economia

Marketplace impulsiona de pequenos comerciantes a grandes marcas na pandemia

Reunindo diferentes tipos de negócios e vendedores, o segmento cresceu 52% em vendas no Brasil em 2020
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Markepace no Brasil (Foto: Markepace no Brasil)
Foto: Markepace no Brasil Markepace no Brasil

Quem nunca pediu um Uber para fugir dos preços altos das corridas de táxi ou da superlotação dos ônibus, ainda mais quando tudo o que se deseja é correr léguas de uma aglomeração? Ou quem nunca pediu o jantar no iFood, após um dia de trabalho exaustivo em home office durante a pandemia? Mesmo oferecendo serviços tão diversos quanto transporte e entrega de refeições em domicílio, ambas as companhias são a parte mais popular do chamado marketplace, modalidade de comércio em franca expansão no Brasil.

As origens desse tipo de negócio remontam aos antigos catálogos comerciais, mas em sua versão virtual o pioneirismo do marketplace coube à empresa norte-americana eBay, fundada em 1995, tida também como uma das primeiras a trabalhar com comércio eletrônico (e-commerce). Na plataforma, o usuário pode negociar quase qualquer produto. No Brasil, o pioneirismo coube ao Mercado Livre que lançou suas operações em 1999, quase simultaneamente aqui, na Argentina e em outros países da América Latina. Grandes varejistas como Lojas Americanas e Magazine Luiza também aderiram ao formato.

De acordo com o Christian Avasque, professor da Faculdade CDL e da UniChristus, a principal característica que diferencia o marketplace das demais modalidades de comércio eletrônico é a possibilidade de "juntar vários fornecedores em uma mesma plataforma digital. O marketplace serve também para que pequenas e médias empresas que não querem ou não podem ter um investimento muito grande para criar sites, blogues ou aplicativos possam vender no mercado digital". Ele lembra que a própria Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza criou uma ferramenta do tipo, a Lojas Aki, voltada para pequenos empresários.

O educador e administrador observa que, em geral, por trás de um marketplace está "uma corporação com muita capilaridade, grande porte e que criou um modelo de negócio novo, disponibilizando toda uma infraestrutura e uma expertise em construir anúncios e campanhas, em ambiente digital". Ele acrescenta, por outro lado, que, durante a pandemia, "as pequenas e médias empresas puderam deslocar parte dos recursos que iria para outros investimentos para esses canais digitais".

Avasque lista como principais vantagens para os pequenos negócios a possibilidade de aproveitar a maior penetração dos marketplaces no mercado consumidor, a oportunidade de expandir a marca e a divulgação de produtos e serviços a baixo custo. Apesar disso, nem sempre se associar a um negócio como esse é garantia de economia.


Há cinco dias, o Sindicato de Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffets e Similares do Estado (Sindirest-CE) anunciou o lançamento de sua própria ferramenta digital, o 'Pensou Chegou', justamente para fugir das taxas de até 27% cobradas por empresas como o iFood, consideradas abusivas por donos de pequenos restaurantes.

Além dessa iniciativa recente, o professor Christian Avasque cita outros marketplaces criados em Fortaleza que foram desenvolvidos ou se expandiram durante a pandemia. "Nós temos um grupo chamado VivaReal que congrega vendedores de imóveis e temos o Menu Brands, que une restaurantes que compartilham algumas operações", lista.

Nesse sentido, o professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP), Vivaldo José Breternitz, reforça como a necessidade de sobrevivência das empresas em um contexto de crise sanitária ajudou no crescimento do marketplace no Brasil, cujas vendas saltaram 52% em 2020.

"Na atualidade, a gente viu a pandemia dando uma vitaminada nesses negócios. As pessoas não puderam sair às compras e, então, tanto surgiram novos marketplaces quanto mais empresas de pequeno porte aderiram aos já existentes. É uma modalidade de negócio que já se consolidou", afirma o pesquisador.

Para Breternitz, o maior obstáculo para que esse tipo de comércio continue a crescer no Brasil pós-pandêmico é a logística de entrega dos produtos ao consumidor. "Os Estados Unidos, por exemplo, sempre tiveram um serviço de correios altamente confiável. Aqui no Brasil, isso é um gargalo", lamenta.

Themisa Pimentel é administradora, especialista em Neuromarketing e Head de Marketing e Vendas do grupo Elephant Coworking
Themisa Pimentel é administradora, especialista em Neuromarketing e Head de Marketing e Vendas do grupo Elephant Coworking

Um shopping center a uma tela de distância

Lembra da última vez que você foi a um shopping center? Provavelmente você passeou por lojas, viu novidades e ofertas, fez algumas compras. Essa experiência se tornou rara desde o início da pandemia do Covid-19 e muitas pessoas adaptaram esse hábito para o formato online. Em 2020, houve um grande crescimento do e-commerce (41%), mais especificamente dos marketplaces (78%), segundo pesquisa Ebit/Nielsen.

Marketplace é um e-commerce colaborativo, como Amazon, Americanas e Magazine Luiza. É uma espécie de shopping center virtual, que concentra varejistas e consumidores. Neste tipo de e-commerce, plataformas e lojistas colaboram para oferecer uma experiência superior ao consumidor.

As plataformas investem em desenvolvimento e manutenção de sites e aplicativos; utilizam inteligência artificial e análise de dados para recomendar produtos e melhorar a usabilidade; implementam planos de marketing poderosos para atrair o público; garantem a segurança nas transações e, principalmente, a satisfação do cliente.

Já os lojistas focam seus esforços em entender o público, desenvolver produtos e portfólios encantadores e entregar no prazo combinado. Tudo isso eleva a experiência do consumidor, que consegue facilmente comparar preços; analisar avaliações de outros usuários; escolher produtos de categorias diferentes e comprá-los com agilidade e segurança; além de minimizar riscos à saúde relacionados ao Covid-19.

O marketplace possibilitou que pequenos empreendedores entrassem no comércio digital, com agilidade e baixo custo, quando eles precisaram fechar suas lojas físicas. A pandemia fez os consumidores experimentarem e adotarem as compras online. Isso acontece há mais de um ano e toda ação repetida várias vezes se torna um hábito. Ao que tudo indica, os marketplaces seguirão crescendo.

Themisa Pimentel
Administradora, especialista em Neuromarketing
Head de Marketing e Vendas do grupo Elephant Coworking

 

FORTALEZA- CE, BRASIL,  07-04-2021: Patrícia Dias e Laurinda Soares Macedo, sócias do Turisnato, plataforma de maketplace para profissionais ligados à cadeia turística, tais como artesãos, guias turísticos, instrutores de kite/surfe, entre outros. (Foto: JÚLIO CAESAR / O POVO)
FORTALEZA- CE, BRASIL, 07-04-2021: Patrícia Dias e Laurinda Soares Macedo, sócias do Turisnato, plataforma de maketplace para profissionais ligados à cadeia turística, tais como artesãos, guias turísticos, instrutores de kite/surfe, entre outros. (Foto: JÚLIO CAESAR / O POVO)

Turisnato quer manter experiências de viagem sem que usuário saia de casa

A potiguar Laurinda Soares de Macedo e a roraimense Patrícia Dias compartilhavam o gosto por viajar e o Ceará, como segundo lar.

Com caminhos aparentemente, bem distintos, Laurinda foi para o setor bancário e Patrícia para o mundo do marketing. Mas em setembro do ano passado, quando a primeira onda da pandemia de Covid-19 arrefecia, elas pensaram em uma ferramenta para ajudar profissionais do turismo a venderem seus produtos e serviços.

Começava a nascer a Turisnato, uma startup apoiada pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), que já está com a parte operacional pronta para funcionar e em fase de treinamento dos primeiros fornecedores, em grande parte artesãos, guias de turismo e instrutores que se viram sem ter como trabalhar. Esse público potencial, segundo as empreendedoras, é de 47 mil pessoas só no Estado.


Segundo Patrícia, um dos maiores desafios foi “a capacitação desses agregados do turismo em manusear ferramentas digitais. Então, como alguns desses profissionais se encontram no Interior, com pouco acesso à internet e a esse mundo digital, nós tivemos que tornar a ferramenta o mais acessível possível”. Ela acrescenta que a proposta da Turisnato é também trazer a possibilidade de que os guias vendam um pouco além dos passeios tradicionais, como as praias.

Já Laurinda destaca que as experiências que a Turisnato deseja reforçar para o consumidor final “são aquelas que transformam, porque você pode entrar em contato com a pintura, com a gastronomia, com o artesanato e com a cultura local”. Nesse último quesito, ela cita a possibilidade que profissionais como condutores de grupos culturais também adiram à plataforma. “Hoje, você vê a possibilidade de levar o internauta à uma exposição ou museu de forma remota”, cita.

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