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Sudene inicia estudo sobre potencial de municípios impactados pela transposição
Economia

Sudene inicia estudo sobre potencial de municípios impactados pela transposição

|ÁGUAS DO SÃO FRANCISCO| Em parceria com o Pnud, autarquia mapeará também arranjos produtivos na Bacia do Parnaíba
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Na foto, águas do Rio São Francisco chegam ao município de Penaforte, a 545 km de Fortaleza  (Foto: JL ROSA)
Foto: JL ROSA Na foto, águas do Rio São Francisco chegam ao município de Penaforte, a 545 km de Fortaleza

Os 390 municípios cortados ou beneficiados pela obra de transposição das águas do Rio São Francisco vão ser alvo, a partir desse mês, de um estudo de complexidade econômica para elaboração de planos de ação estratégica voltados para o incremento e a inovação dos arranjos produtivos locais.

A medida foi anunciada ontem pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e conta com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O estudo está orçado em R$ 893 mil e será desenvolvido pelo Consórcio RHA-Techne-Vertrag. O contrato é válido até abril de 2022, mas a avaliação dentro da Sudene é de que os projetos decorrentes da pesquisa devem se desenvolver ao longo dos próximos 10 anos.

Outra expectativa é a de que, até o fim do ano, já possam ser estabelecidas e incluídas no Plano Plurianual de 2022 (PPA) as primeiras ações para o desenvolvimento desses municípios, distribuídos entre os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. A iniciativa abrangerá também 282 municípios atravessados pela Bacia Hidrográfica do Parnaíba, que inclui Maranhão, Piauí e, também, parte do território cearense.

O estudo deve ser norteado, ainda, pelo Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE) criado em 2019 pelo governo federal e que tem os seguintes eixos temáticos: inovação, segurança hídrica, conservação ambiental, dinamização produtiva, desenvolvimento social e urbano, além do saneamento. Há a expectativa, ainda de unir projetos de diferentes órgãos da administração pública, tais como o Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (DNOCS), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).



De acordo com o diretor de planejamento e articulações políticas da Sudene, Raimundo Gomes de Matos, “os dois planos estratégicos específicos que devem ser traçados a partir dos dados coletados devem conciliar segurança hídrica com desenvolvimento econômico, levando em conta as potencialidades de cada região”. Ele cita, por exemplo, a piscicultura, a produção leiteira, a apicultura, a cajucultura e mesmo o turismo.

“Por conta da pandemia, nós sabemos que o turismo interno deve ter mais força a partir da retomada econômica e isso pode favorecer algumas regiões o Interior nordestino em que esse tipo de atividade ainda é pouco explorado”, projeta. Raimundo Gomes de Matos acrescenta que os impactos positivos da transposição das águas do Rio São Francisco dependerão também de investimentos em inovação, educação e sustentabilidade ambiental.

“Para você trazer empresas de ponta precisa alinhar os Centros de Vocação Tecnológica (CVTs), os Institutos Federais dentro de uma proposta pedagógica que prepare a mão de obra. Se você recordar o que aconteceu há 10 ou 15 anos, quando começou a ser implantada a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), houve uma dificuldade em termos de capacitação profissional no Ceará e tivemos de importar muitos trabalhadores”, relembra.

Embora veja com bons olhos o anúncio feito pela Sudene, o presidente do Conselho de Infraestrutura da Federação as Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Heitor Studart, ressalta que a transposição das águas do São Francisco é uma obra inconclusa e que ainda é difícil mensurar o real impacto hídrico e econômico para a região.

“Para se ter uma ideia o principal ramal de interesse para a economia cearense, o do Salgado, ainda não foi feito. Ele é que possibilitará trazer essas águas diretamente para Fortaleza, sem precisar passar pelo açude Castanhão, que tem sido usado como caminho provisório, mas que nesse caminho há uma perda de 40% de água”, calcula. Ele acrescenta que a conclusão dessa obra deve levar cerca de três anos.

Valor

O estudo junto aos municípios está orçado em R$ 893 mil e será desenvolvido pelo Consórcio RHA-Techne-Vertrag.

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