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Com 2ª inflação mais alta no País, consumidor reduz compras e substitui itens
Economia

Com 2ª inflação mais alta no País, consumidor reduz compras e substitui itens

Alta do IPCA na Capital cearense foi de 0,75% em abril, menor apenas que a de Rio Branco e mais que o dobro da média nacional
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DADOS do IPCA-15 foram divulgados ontem (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves DADOS do IPCA-15 foram divulgados ontem

Na casa da digitadora Ozelir Souza e em grande parte dos domicílios na Grande Fortaleza, o mês passado foi de corte de gastos para enfrentar a alta generalizada no preço de produtos e serviços. Desde a redução no volume de compras, passando pela substituição de itens mais caros por outros mais em conta, o consumidor precisou fazer um grande esforço financeiro para fechar as contas.

Isso ocorreu porque a Região Metropolitana teve a segunda maior inflação do País em abril, 0,75%. Entre as capitais, o índice foi inferior apenas ao de Rio Branco, no Acre, 0,96%, e ficou mais de duas vezes acima da média brasileira, que foi de 0,31%. Os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês passado, o indicador na Capital e cearense e em municípios do entorno ficou 0,03 pontos percentuais acima da taxa de março (0,72%). No ano, o índice acumula alta de 3,36% e, em 12 meses, de 8,03%.

“Eu cortei muito na parte do supérfluo e só tenho comprado o essencial. Com essa inflação, a gente sabe que tem gente passando fome porque alimentação, principalmente, está cara demais. O combustível também só aumenta. Não entendo por que o salário não aumenta”, questiona Ozelir. Ela enumera, ainda, itens que têm substituído ou até deixado de comprar por conta da alta nos preços. “Estou consumido mais peixe e frango, que são duas opções mais baratas, e evitado comprar roupas. Remédio, infelizmente, não tem como deixar de comprar, mas a gente tenta pesquisar ou levar genérico”, exemplifica a consumidora.

À exceção das chamadas ‘despesas pessoais’, que tiveram pequena queda de 0,09%, todos os outros grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE na Grande Fortaleza tiveram alta. A maior variação mensal foi observada no grupo Vestuário, com alta de 2,30%. Em seguida, aparecem: Saúde e cuidados pessoais (1,62%); Habitação (1,37%); Artigos de residência (1,32%); Educação (0,45%); Transportes (0,37%); Alimentação e Bebidas (0,26%); e Comunicação (0,20%).


Para o economista Ricardo Eleutério Rocha, a Região Metropolitana já vem se destacando ao longo dos últimos cinco anos, negativamente, entre outras do País, no que se refere aos altos índices inflacionários. Ele admite que, embora faltem estudos conclusivos para explicar o fenômeno, possa haver alguma relação entre uma mudança no perfil econômico do Estado do Ceará, que passou a ser um grande polo exportador, e as sucessivas altas da inflação.

Sobre o cenário nacional, o especialista observa que a inflação segue alta, mas sofreu uma desaceleração em abril. “É uma boa notícia. Todavia, no acumulado de 12 meses, nós estamos com a inflação em 6,76%, que é superior à meta estipulada para esse ano. A meta é de 3,75%, podendo variar um ponto percentual e meio para cima ou para baixo. Ou seja, considerando uma variação para cima, chegaria a 5,25%”, explica.

Ele lembra que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem tentado controlar a pressão inflacionária em 2021, por meio da elevação da taxa básica de juros. “Nas duas últimas reuniões, o Copom usou, digamos assim, esse remédio e fez altas de 0,75 ponto percentual na Selic, pré-anunciando que isso deve se repetir. A previsão é de que ela chegue a 5,5% até o fim do ano”, conclui o economista. (Colaborou Irna Cavalcante)

Em alta

A maior variação mensal foi observada no grupo Vestuário, com alta de 2,30%. Em seguida, aparecem: Saúde e cuidados pessoais (1,62%); Habitação (1,37%); Artigos de residência (1,32%); Educação (0,45%); Transportes (0,37%); Alimentação e Bebidas (0,26%); e Comunicação (0,20%).

Moeda Nacional, Real, Dinheiro, notas de real
Moeda Nacional, Real, Dinheiro, notas de real

Inflação para famílias com renda mais baixa cai para 0,38%

Em todo o País, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação da cesta de compras de famílias com renda de até cinco salários mínimos, registrou inflação de 0,38% em abril deste ano. Segundo dados divulgados ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o INPC acumula 2,35% no ano e 7,59% em 12 meses. Em março deste ano, o IPNC havia ficado em 0,86%.

Em abril, segundo o INPC, os produtos alimentícios subiram 0,49% ante a alta de 0,07% em março. Já os produtos não alimentícios registraram inflação mais moderada em abril (0,35%) do que em março (1,11%).

Ontem também foi divulgada a primeira prévia de maio do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que subiu 2,68%, após ter aumentado 0,50% na primeira prévia de abril, apurou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com o resultado, o índice acumulou elevação de 12,84% no ano e aumento de 35,18% em 12 meses.

A FGV informou ainda os resultados dos três indicadores que compõem a primeira prévia do IGP-M de maio. O IPA-M, que representa os preços no atacado, aumentou 3,51% em maio, ante um avanço de 0,36% na primeira prévia de abril. O IPC-M, que corresponde à inflação no varejo ao consumidor, subiu 0,16% na primeira prévia de maio, depois da alta de 0,80% na primeira prévia de abril. Já o INCC-M, que mensura o custo da construção, teve avanço de 0,97% na primeira prévia de maio, após uma elevação de 1,04% na primeira prévia de abril.

O IGP-M é usado para reajuste de contratos de aluguel. O período de coleta de preços para cálculo do índice foi de 21 a 30 de abril. No dado fechado do mês de abril, o IGP-M teve elevação de 1,51%. (com agências)

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