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Open Banking: mais uma revolução no sistema bancário?
Economia

Open Banking: mais uma revolução no sistema bancário?

Entenda as principais funcionalidades e benefícios prometidos pelo sistema que tem a segunda fase ativada em 15 de julho
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Gettyimages / Visual Generation (Foto: Gettyimages / Visual Generation)
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A partir de fevereiro, chega aos brasileiros mais uma novidade no sistema financeiro nacional, o Open Banking. A principal finalidade do serviço é o compartilhamento de informações de um cliente entre os bancos, o que proporcionaria uma relação mais próxima e personalizada. O POVO consultou especialistas para entender os efeitos práticos da novidade.

O entendimento é que o Open Banking vai estimular a competitividade no setor bancário e permitir que, a partir dos dados coletados de experiências anteriores dos novos clientes, as instituições financeiras possam oferecer pacotes de serviços e ofertas mais adequadas. A idealização é de que o sistema permita, por exemplo, concessões de créditos mais facilitadas, opções de investimentos mais rentáveis e redução de taxas. Mas, tudo vai depender de como os bancos vão gerir a informação e devolvê-las em forma de benefícios ao consumidor final.

A expectativa para a implementação da segunda fase do Open Banking (a partir de 15 de julho) é grande, principalmente por parte dos bancos. Em entrevista na semana passada ao Valor Econômico, o presidente do banco XP, José Berenguer, chegou a afirmar que o "Open Banking é revolução maior que o Plano Real". Também na semana passada, o ex-BBB e economista, Gilberto Nogueira, o Gil do Vigor, foi a estrela da propaganda do Santander.

No comercial, que estreou no intervalo do programa "Fantástico", da Rede Globo, Gil enfatizava que o Open Banking era um sistema "fácil", "transparente" e que representa "liberdade" para o cliente deixar o seu dinheiro com quem pode oferecer a melhor condição.

Na prática, segundo o presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e cofundador da fintech Open Co, Rafael Pereira, através de seu internet banking, conta digital ou app bancário, o usuário poderá buscar novas opções de serviço, já levando consigo todas as suas informações de crédito. O efeito será parecido à portabilidade dos serviços de telefonia, em que a interoperabilidade em telecomunicações permitiu o cliente levar seu número de celular – ou fixo – para outra operadora.

"Os serviços financeiros (para empresas) sempre foram desenhados de modo em que todos são iguais. Sou comparado a um pequeno empresário, de outro setor, e essa média que fazem entre todos não serve de nada. Com o open banking, há uma perspectiva de democratizar e reduzir os gaps do sistema financeiro", afirma.

Esse sistema financeiro aberto terá um conjunto de programas que promoverão a conexão entre as instituições participantes e as informações que serão trocadas entre elas (chamadas de APIs padronizadas). O líder do grupo de trabalho de Open Banking na Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ivo Mósca, diz que bancos, fintechs e instituições de pagamento (como Pic Pay, Nubank e Mercado Pago) terão menos custos para conhecer os novos clientes. E os clientes poderão transacionar com contas próprias de diferentes bancos de forma consistente.

Por exemplo, o consumidor poderá reunir em um único aplicativo as informações de contas em diferentes instituições, proporcionando ao consumidor uma melhor visão de toda a sua vida financeira. Outra possibilidade é conectar sua conta bancária a um aplicativo que analisará sua vida financeira, resultando em sugestões de investimentos ou até mesmo na recomendação de produtos e serviços mais personalizados e com condições de custos que melhor se adaptem à sua necessidade.

"Os principais benefícios para o consumidor é que ele terá a possibilidade de melhor fazer a gestão dos seus dados financeiros, a facilidade com que terá de trocar de instituição e a clara oportunidade de receber ofertas muito mais adequadas de acordo com a sua real necessidade. As instituições poderão conhecer o seu momento de vida, sua necessidade de crédito, investimento ou até mesmo produtos diferentes".

Contato com os clientes

DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES E IMPORTUNAÇÃO AOS CLIENTES

Perguntado sobre a relação entre consentimento com o compartilhamento de informações e a constante oferta de produtos aos clientes - o que pode configurar importunação -, Ivo Mósca, da Febraban, diz que "a relação de instituições e clientes, o marketing, vai depender do seu apetite, pois isso descola um pouco do que prevê o Open Banking".

Ele destaca que o nível de contato que não agrada o cliente não deve ser censurado pelo novo sistema. Mas, as informações só continuam disponíveis enquanto o cliente mantém alguma relação com o banco.

ENCAMINHAMENTO DE PROPOSTA DE CRÉDITO

As instituições financeiras poderão fazer uma oferta única de produtos de crédito baseado nas informações compartilhadas entre os bancos sobre os clientes. Isso foi denominado pelo Banco Central como Encaminhamento de Proposta de Crédito e, na prática, o banco vai buscar o consentimento de clientes de outras financeiras para que ele possa absorver as informações e gerar uma proposta de crédito mais adequada. “Esse é a única situação em que o cliente vai receber oferta baseada no consentimento. Mas, neste caso, como a empresa de crédito ainda não tem uma relação com o cliente final, esse consentimento vale para uma única vez.”

Potencial

Uma pesquisa realizada em 2020 pela Deloitte e pela Febraban, retrata que as transações efetuadas por pessoas físicas nos meios digitais representaram uma faixa de 74%, espelhando um crescimento na utilização dos apps financeiros nos smartphones.

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