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Apesar da queda em abril, recuperação da indústria acumula alta de 17,7% no Ceará
Economia

Apesar da queda em abril, recuperação da indústria acumula alta de 17,7% no Ceará

| Pesquisa | Em abril, a produção da indústria cearense recuou 1,2%, a quarta queda consecutiva, segundo dados do IBGE. Reflexo da segunda onda da pandemia. Porém, a recuperação iniciada ainda no ano passado, antes de outros setores, tem ajudado a segurar os resultados
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Apesar de quedas, alta no ano mostra recuperação industrial (Foto: José Paulo Lacerda/CNI/Direitos Reservados)
Foto: José Paulo Lacerda/CNI/Direitos Reservados Apesar de quedas, alta no ano mostra recuperação industrial

Pelo quarto mês consecutivo, a produção industrial registrou queda no Ceará. Na passagem de março para abril, o recuo foi de 1,2%, depois de já ter caído 15,7% no mês anterior, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora não tenha tido o funcionamento interrompido no Estado, a indústria sente o reflexo da queda de demanda e gargalos observados em outros setores e locais nesta segunda onda de pandemia. Mas, apesar da desaceleração do ritmo de recuperação nos últimos meses, o saldo ainda é positivo. No acumulado do ano, a alta da produção industrial cearense chegou a 17,7% e deve seguir crescendo nos próximos meses.

Esse crescimento no primeiro quadrimestre da indústria cearense foi, inclusive, acima da média nacional (10,5%), e bem acima dos vizinhos nordestinos Bahia (-16,3%) e Pernambuco (9,4%), também abrangidos na Pesquisa Industrial Mensal (PIM) que é feita pelo IBGE.

Em doze meses, a produção industrial cearense avançou 3%. O resultado se deve principalmente, ao desempenho obtido pelo setor como um todo, em meses, como, por exemplo, junho, quando a produção registrou alta de 39,3% e, em julho, de 34,9%.

Quando o comparativo é feito com abril de 2020, os percentuais disparam. A alta na produção industrial foi de 90%. É a segunda maior variação, com esses parâmetros de comparação, registrado no País. Perde apenas para o Amazonas (132,8%).

Porém, sobre esse ponto, o economista Gilberto Barbosa, sócio da V8 Capital, alerta que a base de comparação estava em níveis muito baixos, já que, em abril de 2020, todos os setores, incluindo a indústria, estavam praticamente todos parados ou sofrendo com a queda de demanda em razão da primeira onda da pandemia.

Tanto é assim, que os dados da pesquisa mostram que alguns segmentos da indústria cearense alcançaram percentuais muito expressivos no comparativo com abril de 2020. È o caso, por exemplo, da fabricação de produtos têxteis (10.886,3%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (7.287,4%) e preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (3.716,7%).

A fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos aumentou a produção em 10.739,6%. “E, no Ceará, temos indústrias no Pecém que estão recebendo muitos investimentos. O de materiais e produtos elétricos é um deles. Empresas como a Aeris, de exportação de pás eólicas, tem crescido de forma bem expressiva, diante do aquecimento deste mercado no mundo”.

Neste começo de ano, os reflexos econômicos da segunda onda voltam a impactar os números da produção industrial cearense, mas não na mesma proporção que em 2020. “A indústria não parou, mas depende do funcionamento dos outros setores como comércio e serviços para ter demanda de produção. Segmentos como o de restaurantes ou turismo voltaram a paralisar ou sentir impacto forte e isso afeta a produção de indústrias como a de alimentos, que é forte no Estado e é muito próxima do consumidor final”, explica o diretor do Centro Industrial do Ceará (CIC), Lauro Chaves.

O encarecimento dos insumos industriais em função do câmbio e a demora no retorno do auxílio emergencial também são fatores que influenciam nesta conta. “O auxílio emergencial só voltou a ser pago em abril e, mesmo assim, em valor menor, o que afeta o poder de compra, sobretudo, da população mais vulnerável. Em estados mais pobres como o Ceará o impacto é gigantesco na economia”.

Na avaliação do economista da Federação da Indústria do Ceará (Fiec), Guilherme Muchale, apesar da desaceleração no curto prazo, a produção cearense deve seguir apresentando taxas positivas em maio e um resultado não tão intenso em junho. “A tendência é de que, de fato, ao fim do primeiro semestre, nossa indústria consiga crescer, com resultado superior a 20%. Muito dentro das estimativas de produção industrial que a gente vem falando desde o início do ano de um crescimento da produção industrial no Ceará de dois dígitos para este ano".

Essa boa perspectiva vem ancorada em fatores como o avanço da vacinação, o que abre espaço para uma recuperação mais rápida também em outros setores. “Também temos uma expectativa muito positiva, principalmente, se houver continuidade das agendas de reforma e demais ações de redução do custo Brasil”.

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