Após o décimo quinto aumento do preço do diesel promovido pela Petrobras na segunda-feira, 5, os caminhoneiros aumentaram a mobilização em torno de uma paralisação nacional em 25 de julho. A alta de 3,7% no litro do diesel nas refinarias, fez com que o valor médio do litro subisse, para R$ 2,81. A gasolina também sofreu aumento de 6%.
LEIA MAIS | Apenas reduzir ICMS não resolve alta nos preços dos combustíveis, defende Pacopahyba
A soma dos reajustes no acumulado chega a 34,5% de alta desde o começo de 2021. O aumento médio do valor do litro nas refinarias, com base nos 15 reajustes, foi de 2,3%. Base forte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) lançou nota à imprensa assinada pelo diretor-presidente do CNTRC, Plínio Nestor Dias, em que manifesta descontentamento com os aumentos de combustíveis. Com o anúncio do reajuste, Plínio já disse que seu telefone não para de tocar de mais profissionais do setor interessados em aderir à paralisação.
O anúncio do começo da semana foi o primeiro reajuste de preços desde que o general Joaquim Silva e Luna assumiu o comando da Petrobras, numa intervenção do Governo Federal na companhia. De acordo com a nota da CNTRC, houve uma reunião do presidente da Petrobras com caminhoneiros no último dia 29 de junho, em que foi apresentada reivindicação para que o preço do diesel não sofresse alterações.
A principal demanda apresentada pelos caminhoneiros foi a de mudança dos critérios adotados pela Petrobras na atual política de preços, "lesiva ao consumidor brasileira, cuja solução depende simplesmente da decisão administrativa da diretoria da estatal".
A CNTRC sugeriu então que houvesse a substituição do regime de reajustes com base no preço de paridade de importação (PPI) pelo preço de paridade de exportação (PPE). Isso, segundo os caminhoneiros, manteria a base de preços sob a paridade internacional, mas não prejudicaria o consumidor nacional.
No fim da nota, ainda há um aceno ao Governo, destacando que ainda há "plena confiança" no presidente da Petrobras e em Bolsonaro.
Para o diretor institucional da Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Nordeste (Fetranslog-NE), Marcelo Maranhão, no momento, não há força para mobilização parecida com a greve de 2018, mas destaca um movimento crescente de insatisfação. Que atualmente é mais forte entre os autônomos, mas que encontra apoio entre os empresários com frota.
"O que a gente precisa é ter uma posição mais clara por parte da Petrobras sobre como funciona essa política de preços. O presidente da República sozinho não muda a política de preços. Precisamos de uma política que atenda aos interesses da Petrobras, mas que atenda ao que precisa o mercado brasileiro e sua realidade", destaca.
Sobre a repercussão negativa, o vice-presidente Hamilton Mourão, afirmou que as movimentações não passam de ameaças que serão revertidas pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. "A Petrobras tem que acompanhar o preço do petróleo, porque senão entra em prejuízo, e o País também. O governo é um dos principais acionistas", diz.
Vale ainda destacar que o Governo Federal vem abrindo mão de arrecadação para atender às demandas desse segmento, que é uma de suas bases políticas. Outras ações, como a criação de contribuições, também foram tomadas. No fim de junho, foi aprovada a Medida Provisória que eleva a alíquota da Constituição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL – um imposto cobrado de instituições financeiras) de 20% para 25% até o final de 2021, para bancar o subsídio ao diesel e ao gás de cozinha.
INFLAÇÃO
Quando analisamos o quanto esses aumentos impactam no cálculo da inflação para o consumidor cearense, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE) mostra que, no mês passado, mesmo sem altas tão representativas, o grupo dos transportes (+1,08%) foi um dos mais inflacionados, atrás somente de vestuário e habitação.
O resultado do grupo de produtos de transportes foi influenciado pela alta média de 3,1% dos combustíveis, com aumentos de 2,99% da gasolina, de 3,29% do diesel e de 9,79% do GNV.